“Um Belo Mês de Agosto”, a opinião de Joel Ferreira
O Vitória Sport Clube entra na nova temporada de forma confiante, sustentado por um trabalho sólido e uma estrutura cada vez mais estável. Os resultados em campo são reflexo de uma equipa coesa, que soube aproveitar as boas exibições da última época para construir uma base forte para os desafios que se avizinham. O entusiasmo em Guimarães é palpável, e a cidade vive o futebol de forma intensa, como sempre foi tradição.
A prestação do Vitória no mês de agosto foi notável. Em nove jogos, a equipa venceu oito, com o único tropeço a ocorrer na visita à Vila das Aves. Apesar desse resultado menos positivo, os números apresentados pela equipa comandada por Rui Borges são impressionantes: 21 golos marcados e apenas dois sofridos, com uma média de 14 remates por jogo.
A qualificação para a fase de grupos da Liga Conferência Europeia é o reflexo deste bom momento, abrindo caminho para o regresso das grandes noites europeias a Guimarães.
SETEMBRO CINZENTO
Por outro lado, o mercado de transferências revelou-se, como sempre, um período de grande ansiedade para os adeptos.
O Vitória teve de equilibrar as necessidades financeiras com a ambição de manter uma equipa competitiva. A venda de Jota Silva foi, sem dúvida, a mais significativa, embora o valor final (7 milhões de euros, mais variáveis) tenha deixado a sensação de que o jogador poderia ter rendido mais até pela existência de ofertas mais vantajosas para o Vitória.
No entanto, é impossível ignorar a saída de Ricardo Mangas para o Spartak Moscovo. Contratado pelo Vitória por 900 mil euros, com a inclusão de 20% de mais-valias numa futura venda, o jogador foi agora transferido por apenas 2 milhões de euros.
Esta venda levanta questões sérias sobre a gestão desportiva e financeira do clube. Mangas, que foi titular indiscutível e o melhor marcador do início de época, merecia certamente uma valorização maior.
Esta transação deixa a sensação de que o clube cedeu à pressão de encaixes financeiros rápidos, sacrificando o potencial retorno de um jogador que demonstrou ser uma peça-chave na equipa.
É fundamental que o Vitória aprenda com este tipo de operações e procure proteger melhor os seus ativos no futuro, garantindo que o valor desportivo dos seus jogadores se reflete nos negócios realizados.
A margem para erros é cada vez menor num clube que ambiciona consolidar-se entre os grandes do futebol português.
Nota final para recente entrevista do Presidente António Miguel Cardoso ao Desportivo de Guimarães, onde mais uma vez colocou na montra as dificuldades financeiras que o Vitória SC continua a enfrentar.
É no mínimo intrigante que este tipo de declarações seja feita para a Comunicação Social podendo enfraquecer a posição negocial do Vitória SC, ao invés de ficar restrita a Assembleias do Clube, e que, apesar destas declarações, o Relatório Semestral não tenha sido divulgado.
A ausência deste documento levanta dúvidas sobre o critério na transparência – ou na falta dela – da comunicação para com os seus sócios, que têm o direito de estar plenamente informados sobre a real situação financeira da instituição.
Viva o Vitória!
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