Um olhar sobre a Capela de Santa Maria Madalena

Por Eliseu Sampaio.

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Por Eliseu Sampaio,
diretor do Grupo Mais GuimarãesNos limites do concelho de Guimarães, em Longos, encontramos uma das maiores riquezas do território vimaranense: A Capela de Santa Maria Madalena.

Em tempo de confinamentos devido à pandemia da Covid-19, somos levados a redescobrir os nossos tesouros, arquitetónicos e culturais. Numa manhã de domingo solarenga, quase primaveril, a visita a este monumento, cuja origem remontará ao século XII, torna-se numa experiência tão maravilhosa como inquietante.

Ao mesmo tempo que nos deslumbramos com a imponência da Capela, percebemos a necessidade de uma intervenção urgente naquele largo pedaço da nossa história. Uma intervenção bem diferente da última que ali aconteceu, em que foram utilizados materiais muito pouco nobres, como poderão verificar nas imagens que acompanham este texto que escrevo.

Talvez a necessidade em realizar alguma intervenção que prevenisse estragos maiores no interior da Capela levasse à realização de tais obras, com tais materiais, e talvez por isso haja alguma justificação, mas foi um erro grave que urge resolver.

A 19 de outubro de 2016, há cerca de quatro anos e meio, noticiávamos no Mais Guimarães – O Jornal, que a Câmara Municipal de Guimarães e a Irmandade de Santa Maria Madalena do Monte da Falperra iam “colaborar para garantir a preservação da Capela de Santa Madalena”. O protocolo de cooperação tinha sido aprovado na reunião do executivo vimaranense do dia 13 desse mês. Nessa altura, dávamos nota que, em 2015, a autarquia bracarense decidiu colocar uma placa explicativa do monumento referindo-se a ele como sendo apenas “do concelho de Braga”. O assunto foi levado à reunião de Câmara por André Coelho Lima, que considerou que “Este assunto tem que acabar”. Também na altura, o presidente da câmara de Braga, Mesquita Machado, dizia que a Capela de Santa Maria Madalena “era de Braga e não havia mais questões”.

O Santuário de Santa Maria Madalena da Falperra está classificado como monumento nacional e descrito como pertencente à freguesia de Longos (Guimarães) e União das Freguesias de Nogueira, Fraião e Lamaçães, do concelho de Braga. (Diário da República, 2.ª série — N.º 82 — 28 de abril de 2016).

Em 18 de junho de 2018, num “espírito de cooperação”, foi assinado entre os municípios de Guimarães e Braga um o protocolo relativo ao Programa Intermunicipal dos Sacromontes, considerado “um projeto pioneiro a nível nacional que representa a união das duas autarquias na concertação de ações que visam a promoção e qualificação de um território, com 2.500 ha, pontuado por um conjunto de símbolos identitários notáveis: Santuário do Bom Jesus do Monte, Santuário do Sameiro, Capela de Santa Maria Madalena, Capela de Santa Marta do Leão e povoados castrejos de Santa Marta das Cortiças, Briteiros e Sabroso”.

Em 2018, Domingos Bragança, Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, dizia haver “uma estreita cooperação entre os municípios de modo a potenciar as valências comuns e para bem de uma região”. Segundo o edil, programa “permitirá aos dois municípios apresentarem em conjunto candidaturas aos fundos europeus no sentido de procedermos à reabilitação do ponto de vista ambiental e a preservação dos equipamentos culturais existentes”.

A 17 de dezembro desse ano, em 2018, voltamos a falar sobre a recuperação da Capela, dando nota da luz verde da CCDR-N para a elaboração do programa intermunicipal. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte reconheceu-a na altura “como iniciativa única e inédita e salientando o propósito de preservação e salvaguarda de um território singular”.

Chegamos entretanto a 2021, o tempo vai passando e as obras tardam a acontecer naquele espaço repleto de história. A imponente Capela e toda a área envolvente merecem um olhar atento. A preservação da nossa história, da nossa cultura, merece a nossa atenção e preocupação.

História

As primeiras referências à sua existência, segundo escreve Catarina Oliveira, da Direção Geral do Património Cultural, “remontam ao arcebispado de D. Diogo de Sousa (c. 1461-1532), que terá ordenado obras numa capela medieval existente naquele local, nomeadamente a execução de retábulos e pintura da capela-mor. Na segunda metade de seiscentos foram realizadas novas obras, registando-se o douramento dos retábulos.

Em 1693 a Irmandade de Santa Maria Madalena da Falperra decidiu reconstruir a capela, transformando-a num local mais salubre, que fosse visível da cidade de Braga. O templo, de planta em forma de losango, foi projetado ainda nos anos finais do século XVII, desconhecendo-se o seu autor.

Em 1752 a irmandade contratava outro arquiteto para fazer a nova fachada da capela, sendo sua intenção entregar o projeto ao arquiteto João da Costa. Porém, o risco da obra foi assinado pelo entalhador-arquiteto André Soares (1720-1769), ficando a obra a cargo dos mestres João Rodrigues e Domingos Álvares. André Soares, que entretanto foi aceite como confrade da irmandade encomendante, foi ainda o autor do risco da grande escadaria, em 1757, e do retábulo principal, em 1763.

O conjunto do Santuário da Falperra apresenta-se, assim, como uma unidade coerente de significativo impacto arquitetónico, integrando uma das mais notáveis obras de André Soares, a magnífica fachada que marcou a introdução definitiva do rococó na arquitetura bracarense”.

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