UMinho lança livro sobre as mulheres na ditadura
Maria de Medeiros, Paula Rego ou Alice Vieira estão entre as autoras representadas
O Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM) lançou o livro “Womanart – Mulheres, Artes e Ditadura”, que envolve vinte autores de cinco países. A obra destaca a relação de várias mulheres com a ditadura, como Paula Rego, Maria de Medeiros ou Alice Vieira, e pretende ser “um contributo significativo para debater esse período antidemocrático na lusofonia”.
A obra abre com reflexões sobre o percurso da artista plástica Sarah Afonso, a arte das pintoras Helena Almeida e Paula Rego, o cinema de Maria de Medeiros e Susana Sousa Dias ou a poesia de Alda Lara (Angola), Alda do Espírito Santo (São Tomé e Príncipe) e Noémia de Sousa (Moçambique). Aborda-se também a pós-memória, “herdada nas narrativas familiares, mapeando fantasmas e fantasias imperiais/fascistas que moldaram as gerações atuais”.
Conhece-se depois manifestações de propaganda e de resistência exploradas no feminino, desde o cinema até à literatura ou às artes visuais. Por outro lado, há vários estudos ligados ao Brasil, nomeadamente sobre o ativismo das brasileiras em movimentos políticos e na escrita, o teatro da dramaturga Consuelo de Castro e a reduzida presença de autores afro-brasileiros no acervo das bibliotecas daquele país, “uma marca de um preconceito histórico”. Na parte final surgem análises críticas a obras de relevo na área, como o filme “Sambizanga”, de Sarah Maldoror, sobre a repressão do Estado Novo em Angola, ou a colaboração da escritora Teolinda Gersão com um excerto sobre a censura de “Paisagem com Mulher e Mar ao Fundo”.
O volume faz parte da coleção “Diacrítica” e é coordenado por Ana Gabriela Macedo, Margarida Pereira, Joana Passos e Márcia Oliveira, tendo colaborações de autores das universidades do Minho, Coimbra, Católica de Lisboa, Bolonha (Itália), Wisconsin (EUA), Nottingham e Oxford (Reino Unido), Federal de Pernambuco, Federal do Rio Grande do Norte, Estadual do Norte do Paraná e do Estado de Santa Catarina (Brasil).
Este projeto científico foca manifestações artísticas e intelectuais a partir das artistas e ativistas, explorando também paralelos entre o Estado Novo (1933-74) e a Junta Militar brasileira (1964-85), que “recorreram à violência sobre os adversários e ao silêncio perante os contornos obscuros do regime”.
Mostra ainda como, nas artes contemporâneas, “a memória da ditadura e do colonialismo é uma matriz inspiradora e tem uma dimensão pedagógica para as novas gerações pensarem e reconhecerem aquelas formas de opressão e desumanidade”.
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