Vitória da AD, Chega em ascensão e Parlamento mais fragmentado desde 1976

AD vence sem maioria e cenário político português entra em nova era de incerteza. Pedro Nuno Santos demite-se após queda eleitoral. Portugal acorda com um novo equilíbrio político após as eleições legislativas de 2025, realizadas neste domingo.

© Parlamento

A Aliança Democrática (AD), coligação liderada pelo PSD e pelo CDS-PP, venceu as eleições com 89 deputados — um crescimento face aos 80 que detinha, mas insuficiente para alcançar a maioria absoluta. O Parlamento será o mais fragmentado das últimas décadas e reflete uma mudança profunda no panorama partidário nacional. A grande derrota da noite foi a do Partido Socialista (PS), que caiu de 78 para 58 deputados, o pior resultado desde 1985. Pedro Nuno Santos, líder dos socialistas, assumiu a responsabilidade pela derrota e apresentou a sua demissão, anunciando eleições internas às quais não se recandidatará.

O PS fica assim empatado com o Chega, que reforçou a sua bancada, passando de 50 para também 58 deputados. O partido de André Ventura consolida-se como uma das principais forças do Parlamento e pode mesmo ultrapassar o PS, dependendo da distribuição dos quatro mandatos ainda por atribuir nos círculos da emigração (dois na Europa e dois fora da Europa). Nas eleições anteriores, esses mandatos foram divididos entre Chega (2), PS (1) e AD (1), o que poderá ser determinante para o desempate.

A Iniciativa Liberal (IL) conseguiu um crescimento ligeiro, subindo de oito para nove deputados, enquanto o Livre duplicou a sua presença, passando de quatro para seis. Já a esquerda tradicional sofreu pesadas perdas: o Bloco de Esquerda caiu de cinco para apenas um deputado e a CDU perdeu mais um lugar, ficando com três representantes. O PAN manteve o seu único deputado, e o Juntos Pelo Povo (JPP), com origem na Madeira, entra no Parlamento com um mandato, sendo a única estreia partidária desta legislatura. Cenário de difícil governação Sem maioria absoluta, a AD enfrentará dificuldades em formar governo.

A hipótese de entendimento com o Chega, apesar dos resultados, continua a ser politicamente sensível. Pedro Nuno Santos, no seu discurso de demissão, deixou claro que o PS não apoiará um executivo liderado por Luís Montenegro, afirmando que o líder da AD “não tem a idoneidade necessária para o cargo”.

A composição final da Assembleia da República será conhecida após a contagem dos votos da emigração, podendo alterar de forma simbólica o equilíbrio entre PS e Chega, mas dificilmente mudará a complexa aritmética parlamentar com que o país terá de lidar.

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