А якби це було з нами? E se fosse connosco?

Por Eliseu Sampaio

Eliseu sampaio

Por Eliseu Sampaio,
Diretor do grupo Mais GuimarãesPara percebermos a dor e a desorientação dos que vão chegando a Guimarães, em fuga da guerra intolerável e injustificada que decorre desde 24 de fevereiro na Ucrânia, sugiro o seguinte exercício: Imaginem que as nossas mulheres e crianças, as nossas mães e pais, temendo pela vida e debaixo de bombardeamentos constantes, num cenário de morte e destruição, se viam obrigados a dirigirem-se para a fronteira com Espanha. E que aí, ucranianos de boa vontade os viriam pegar para os levarem para a sua terra, a Ucrânia, numa viagem de mais de 40 horas e cerca de 4 mil quilómetros.

Aí ficariam alojados, mulheres, crianças e idosos, completamente dependentes da generosidade ucraniana. Ao longe, teriam notícias nossas, de cidades e aldeias completamente destruídas, as suas casas bombardeadas, e de horrores vários, como assassinatos, fuzilamentos, violações e torturas.

Mulheres, crianças e idosos que não perceberiam agora o sentido da palavra amanhã. Porque o amanhã, de um momento para outro, tornara-se demasiado longe.

Mulheres, crianças e idosos que iniciariam por esta altura um processo difícil de integração, em que a língua seria o primeiro dos obstáculos. Imaginem que, tal como alguns ucranianos já aprenderam a verbalizar o nosso simples obrigado, as “nossas pessoas” diriam agora “Дякую”.

Em simultâneo teriam novas ocupações, regressariam ao trabalho, a um trabalho disponível, para garantirem que, pelo menos, alimento não faltaria aos filhos. E talvez, numa perspetiva muito otimista, até conseguissem enviar algum dinheiro para cá, para os filhos, irmãos, pais e maridos, porque em Portugal a guerra concentraria todos os recursos, e a fome também mata.

Talvez assim, colocando-nos na pele do outro, ainda que de forma dissimulada e aparentemente longe de perigos, percebamos o que vivem por estes dias estes refugiados de guerra. Talvez assim, nos unamos ainda mais para os apoiarmos como pudermos, para minimizarmos, o possível, tamanha dor, tamanho sofrimento.

E se fosse connosco?

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