100 anos depois: Feito de Gago Coutinho e Sacadura Cabral celebrado em Guimarães

Gago Coutinho e Sacadura Cabral, os dois aviadores portugueses completaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no ano de 1922.

Gago Coutinho

Decorreu esta sexta-feira, na montanha da Penha em Guimarães, a homenagem a Gago Coutinho e Sacadura Cabral, os dois aviadores que completaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no ano de 1922.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães

No âmbito das comemorações do centenário desta efeméride, dois aviões F16 da Força Aérea Portuguesa sobrevoaram a cidade-berço em homenagem aos aviadores.

A cerimónia ficou marcada também pela colocação de uma placa evocativa do centenário na escultura conhecida como “Penedo dos Aviadores”, inaugurada cinco anos após o feito de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1927, e da autoria do escultor José Luís de Pina.

Roriz Mendes, juiz da Irmandade da Penha, lembrou que “uma semana após completar a travessia, em Guimarães, no Largo do Toural, já circulava um protótipo para celebrar tão feito heroico”, e considerou o feito dos aviadores portugueses, uma “tarefa dificílima, tão importante como, na década de 60 do século passado, o Homem ter chegado à lua”.

“Um feito heroico e fundamental para o desenvolvimento da aviação”.

Roriz Mendes

O juiz da Irmandade evocou os 95 anos do monumento de Luís de Pina, “emblemático na Penha e no país”, inaugurado no dia do segundo Congresso Eucarístico Nacional, e que o dinheiro que sobrou desse encontro serviu para pagar o projeto do “monumental” Santuário da Penha, que vai comemorar 75 anos na próxima semana, aquando de mais uma Grande Peregrinação.

A Penha que, lembrou Roriz Mendes “é uma estância turística de excelência, que nasceu e cresceu fruto da fé dos vimaranenses”.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães

A terminar, lembrou ainda “aqueles que construíram o monumento” e os obreiros do feito, os aviadores, cuja travessia foi um “feito heroico e fundamental para o desenvolvimento da aviação”.

Presente na cerimónia, o Tenente-General Rafael Martins, Presidente da Comissão Histórico-Cultural da Força Aérea (CHCFA) disse que este momento, vivido em Guimarães, “muito honra marinheiros e aviadores, da Marinha e da Força Aérea representados na Comissão Aeronaval, uma comissão criada especificamente para conceber e concretizar uma missão de grande alcance e efeito aglutinador, que transcende Portugal e os portugueses”.

Uma comissão que tem o “propósito de reavivar e divulgar a memória da travessia, centrando interesses e promovendo valores”.

“Uma façanha que aproximou todos os povos, e em muito prestigiou Portugal pelo impacto universal na aviação intercontinental transoceânica”.

Tenente-General Rafael Martins

O Tenente-General referiu também que o monumento “relembra a grandiosidade do feito” e do qual “emana a força, a determinação e audácia dos aviadores”, qualidades que “nos inspiram para a superação das adversidades, às quais acrescentamos conhecimento e intemporalidade”.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães

No seu discurso, agradeceu ainda aos vimaranenses pela “adesão e compromisso na preservação e exaltação dos nossos heróis, constituindo-se verdadeiros guardiões da memória coletiva e do reforço da identidade nacional, garantindo também que as atuais e próximas gerações manterão vivo o espírito da travessia e dos marinheiros aviadores”.

“Nós vamos continuar a seguir o exemplo destes nossos heróis”

Domingos Bragança

Já Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães, agradeceu a escolha de Guimarães, pelas forças armadas, para a realização destas cerimónias de homenagem a “dois heróis portugueses da aviação”.

Para o presidente da câmara, “à distância de 100 anos a nossa memória parece perder-se e pensamos que este feito foi normal”, mas, para Domingos Bragança, “é preciso sabermos recuar à história de 1922 e percebermos que esta foi a primeira travessia que se fez no Atlântico Sul, via aérea, nas condições tecnológicas existentes, que eram obviamente ainda muito precárias”.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães

Foi um feito “envolvido em coragem, audácia, que nos inspira a fazer mais, para além do que o racional nos diz que será possível”, terminou o edil vimaranense.

COMEMORAÇÕES DECORREM ATÉ 13 DE SETEMBRO

Ainda na tarde desta sexta-feira decorreu a inauguração da exposição itinerante dos 100 anos da Travessia Aérea do Atlântico Sul, no Guimarães Shopping.

O programa comemorativo prossegue a 10 setembro com uma conversa sobre a Travessia Aérea do Atlântico, na Praça da Oliveira, pelas 11h00, com Paulo Lopes Silva, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães, António Mimoso e Carvalho, Comissão Histórico-Cultural da Força Aérea e ainda os historiadores Mário Correia, Henriques-Mateus e Amaro das Neves.

A 11 de setembro destaque para a peregrinação ao Santuário da Penha, com início pelas 08h30, seguida de uma missa solene campal, presidida por D. José Clemente, pelas 11h00.

A finalizar as comemorações acontecerá o Concerto do Centenário pela Banda da Força Aérea sobre a direção do Maestro Major António Manuel Cardoso Rosado, no Centro Cultural Vila Flor, a 13 de setembro, pelas 21h30.

F16 da Força Aérea sobrevoaram Guimarães © Pedro Almeida

UM MARCO NA HISTÓRIA DA AVIAÇÃO

Com início em Lisboa a 30 de março de 1922, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi finalizada a 17 de junho no Rio de Janeiro ficando para sempre imortalizada por ter sido a primeira ligação aérea entre a Europa e a América do Sul e pela utilização de um método inovador de navegação aérea desenvolvido pelos portugueses.

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