PENHA À VISTA
MARIA DO CÉU MARTINS Economista
![maria-ceu-martins](https://maisguimaraes.pt/wp-content/uploads/2016/09/maria-ceu-martins.png)
por MARIA DO CÉU MARTINS
Economista
Quando se é, quando se cresce ou quando se habita em Guimarães o regresso a casa faz-se pela alegria de vislumbrar o santuário da Penha – a visão da montanha correspondeu, sempre, à gratificante sensação do retorno ao colo da mãe.
E em muitos outros momentos, quando o calor aperta ou quando os planos de ficar em casa limitam o horizonte – a montanha é sempre aquele refúgio de eleição que nos salva da compressão da cidade. E, com ou sem culturas otocnes, a verdade é que a Penha é o principal pulmão verde do Concelho.
Mérito, fundamentalmente, de uma realidade que, direta ou indiretamente, ao longo dos anos, se permitiu criar uma zona tampão onde a construção não entra e onde cada centímetro do terreno é tratado cuidadosamente.
Mas se a montanha é generosa e nos oferece, historicamente, um conjunto de valências não é menos verdade que a reciprocidade deste contrato deixa muito a desejar. Do ponto de vista do investimento público e/ou do seu reposicionamento estratégico pouco ou nada se alterou nos últimos 40 anos, e é pena!
Quando Joaquim Cosme sonhou a construção do teleférico estaria, necessariamente, a pensar nisso – um investimento que se tornasse catalisador da dinâmica da envolvente. Mas a verdade é que nada disso aconteceu. A Penha continua verde, limpinha, agradável mas arredada das dinâmicas que florescem, em baixo, na cidade. Os Restaurantes foram remodelados, alguns mudaram de gerência – mas tudo se faz numa letargia assustadora.
Pior, numa época em que o “verde” se tornou moda fazia todo o sentido colocar a montanha no centro do plano estratégico de desenvolvimento do Concelho! Numa altura em que as pessoas, em geral, valorizam o contacto com a natureza, as caminhadas ao ar livre e a cultura da preservação, a lógica da montanha só poderia ser a da sua inclusão no circuito do progresso.
E então, porque será que tal não acontece? Porque a Penha tem uma gestão privada? Porque a Irmandade da Penha cumpriu, ao longo dos anos, a nobre missão de manter a Penha com a dignidade que se lhe reconhece. Porque as esmolas do santuário são suficientes para ir mantendo a casa asseada? Ou porque o poder político vive de costas voltadas para a gestão daquele feudo?
Com uma dimensão incomparável e com um percurso muitíssimo mais acidentado, em Arouca as montanhas ganharam os desafios do progresso com a construção dos “ Passadiços do Paiva” e catapultaram prémios, adesão, e um desenvolvimento turístico único.
Em Guimarães, temos um teleférico que nos leva mas que pode já não regressar, um parque de campismo ( único na cidade) que não está aberto na maior parte do ano, uma oferta hoteleira miserável e nenhuma iniciativa cultural digna desse nome.
Aos turistas não, coitados! Mas aos cidadãos do Concelho sugiro um exercício simpático – subir de teleférico a montanha e descer, a pé, até à Cidade ! Se não se perderem têm direito a recompensa!!
Durante a Capital da cultura até se tentou um festival… e porque não mantê-lo em cartaz anual? Quantas terrinhas por esse Portugal a fora têm festivais que se cumprem com muito menos condições? Mas parece que, mais uma vez, a Irmandade manterá a sua função apostólica e reserva, por conta própria, uma agenda de espetáculos …de costas voltadas!
PUBLICIDADE
Partilhar
PUBLICIDADE
JORNAL
MAIS EM GUIMARÃES
Julho 27, 2024
Apenas durante este sábado, dia 27 de julho.
Julho 27, 2024
O Clube Desportivo de Ponte apresentou-se com 23 jogadores após uma grande reformulação do plantel no ataque à nova temporada.
Julho 27, 2024
O candidato à Federação de Braga tem como objetivo "conquistar mais Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais nas autárquicas."