Entre a incerteza e a esperança, comerciantes locais ambicionam um novo ano melhor

Se 2023 foi positivo para uns proprietários e mau para outros, o desejo de um ano novo bom é a ambição dos comerciantes locais do centro de Guimarães.

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Cristina Faria, presidente da Associação do Comércio Tradicional de Guimarães (ACTG), refere que 2023 foi “mau para o meu estabelecimento e para o comércio em geral”, acrescentando que foi um ano com “muitas dificuldades e incertezas.”

Já para 2024, Cristina Faria espera que “as coisas comecem a melhorar um pouco.” A comerciante expressa que “não podemos perder a esperança. Quando a perder, fecho a porta. Temos que continuar a lutar.”

Apesar da esperança, a presidente da ACTG coloca em causa as dificuldades motivadas pela diminuição do poder de compra, inflação e guerras: “A diminuição do poder de compra é resultado da inflação. Os preços aumentam e há menos dinheiro na carteira e mais impostos para pagar. Isso vai dificultar o nosso trabalho.” Além disso, a dirigente da associação dá conta que “as guerras influenciam os negócios na cidade e em todo o mundo.”

Mesmo depois de uma fase no Natal que “correu bem”, Cristina Faria frisa que “precisamos de ajuda por parte do município e não estamos a ter.” Para a comerciante, o município de Guimarães pode “aceitar os projetos que a ACTG apresenta e dinamizar a cidade, para que as pessoas queiram vir cá durante o dia.”

Cristina Faria voltou a colocar-se contra a pedonalização do centro vimaranense. Explica que há “a prova em todas as cidades que isso foi feito que o comercio morreu. Não existem lojas de comércio tradicional.”

Recorde-se que a ACTG entregou um baixo-assinado à câmara municipal de Guimarães, documento que demonstra a posição dos comerciantes em relação ao corte do trânsito.

Com um negócio que correu “bem” em 2023, Ricardo Guimarães também se opõe à pedonalização do centro. Proprietário de um estabelecimento de pesca e caça, Ricardo Guimarães justifica que essa medida é “má” para o seu estabelecimento  porque vende “materiais pesados e não é possível transportar artigos de 20 ou 50 quilos por 100 ou 200 metros.” O seu receio passa também pela legalização do negócio noutro local: “É complicado para nos legalizarmos noutro sítio fora do centro histórico, porque pode não ser cedido noutro lugar. Estamos numa situação complicada”, acrescenta.

Para o trabalho no novo ano, o comerciante aponta que “vamos cumprir com o nosso trabalho sem perder a ambição e esperemos que corra tudo bem”. Apesar disso, Ricardo Guimarães “não está otimista porque as pessoas precisam de dinheiro para consumir e não sabemos o tempo que se avizinha.”

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Num estabelecimento localizado na Rua da Rainha, bem no coração da cidade, José Castro conta que 2023 foi, “em cômputo geral, um ano fraco”, acrescentando que “estamos a ficar no meio do deserto, apesar de estarmos no centro do centro. Sentimo-nos abandonados pelo município”, expressa.

Para José Castro, a câmara municipal de Guimarães “tem feito coisas boas, como as limpezas das ruas”, mas frisa que “pode promover mais a habitação na cidade, os transportes públicos e a iluminação.”

Apesar disso, o comerciante não se rende, ressalvando que “temos de ter esperança e fazer de tudo para mudar o panorama da crise”.

 

“Temos mais facilidades em criar empatia com um turista, do que com alguém de Guimarães.”

 

José Castro salienta ainda que “não podemos contar com os vimaranenses. Temos mais facilidades em criar empatia com um turista, do que com alguém de Guimarães.”

O comerciante explica que a “comunidade e a proximidade entre pessoas desapareceu” e conta que “as gerações jovens não desenvolvem afinidades com o comércio. São confrontados com muita oferta e liberdade e o comércio local está a ficar esquecido.”

Um pouco mais à frente, António Castro gere o seu negócio de livros usados. E para o proprietário, “2023 foi, em geral, pior do que os anos de pandemia. Só cresceu em dezembro, mas até aí esteve calmo”. “A Rua da Rainha está morta. Estamos aqui, e até ao meio-dia não passa uma alma”, acrescenta.

António Castro espera um novo ano “mais produtivo” mas não se mostra “otimista devido à crise, falta de emprego, salários baixos e despesas grandes”. Além dessas dificuldades, o proprietário ressalta que “o comerciante tem uma loja com renda insuportável, e por isso, temos muitas lojas encerradas.”

Rui Machado gere um estabelecimento na praça da Oliveira e adianta que 2023 “foi positivo, especialmente na época alta, porque trabalhamos mais com turistas”. O comerciante reconhece que o poder de compra dos portugueses “é mais difícil”. Já do outro lado da moeda, os turistas “têm mais poder de compra e consideram os preços acessíveis no que diz respeito à restauração e lojas.”

Para 2024, Rui Machado pede um ano melhor, mas, “se não melhorar, espero que seja igual ao que tem sido.”

Com um negócio com produtos de cortiça, Olga Peixoto dá conta que o ano “foi razoável”. A comerciante teme que o contexto internacional possa “ser um problema, mas não a curto-prazo, apesar de em 2024 poderemos verificar uma quebra ligeira. Não obstante, Olga Peixoto diz-se esperançosa para 2024 e remata ao dizer que “não podemos deixar-nos envolver demasiado com a negatividade. Há que ser otimista.”

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