“A democracia falou”: Ricardo Costa reage à derrota e promete reflexão interna no PS
O Partido Socialista perdeu este domingo a Câmara Municipal de Guimarães, encerrando 36 anos de governação contínua. A Coligação Juntos por Guimarães (CJpG), liderada por Ricardo Araújo, venceu com 45,33% dos votos (45.628) e elegeu seis vereadores. O PS, com Ricardo Costa à cabeça, obteve 37,50% (37.747 votos) e quatro vereadores; o Chega entra para a vereação com 8,06% (8.117 votos).

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães
Na sede do PS no Largo do Toural, depois do apuramento, Ricardo Costa assumiu a responsabilidade pelo resultado e sublinhou a “surpresa” diante do desfecho. Em declarações longas e detalhadas na noite eleitoral, o candidato afirmou que a derrota não apaga “um trabalho feito, um projeto coletivo” e reiterou que a vitória da oposição traduz um “sinal de mudança” expresso pelos eleitores.
“Foi uma surpresa para nós, porque tínhamos um trabalho feito, um projeto coletivo, um trabalho de proximidade enorme para com todos, mas é a democracia a funcionar e, portanto, numa noite eleitoral houve claramente um sinal de mudança”, declarou Costa, acrescentando que “votaram mais 10 mil pessoas do que há quatro anos atrás” — um dado que considerou positivo para a democracia, apesar do resultado negativo para o PS.
O candidato destacou ainda contradições locais entre os resultados para a Câmara e para as juntas de freguesia: “Ganhámos mais juntas de freguesia do que os Juntos por Guimarães, mas, efetivamente… é a democracia a funcionar. As pessoas claramente quiseram votar na mudança e isso foi um sinal claro e inequívoco.” Costa disse considerar essa diferença um dos aspetos que terá de ser analisado.
Sobre responsabilidade pessoal, o líder socialista foi taxativo: “Quando ganhamos, ganhamos todos, quando perdemos, perdemos todos. O PS é um partido que funciona em bloco… obviamente que o líder chama-se Ricardo Costa e é o principal derrotado destas eleições, não há que fugir a essa responsabilidade.” Ainda assim, sublinhou várias vezes o empenho da equipa: “Estou de consciência tranquila, a minha equipa está de consciência tranquila pelo grande trabalho que fez, da proximidade, de constante proatividade, do projeto que tínhamos de inovação, de modernidade, de mobilidade.”
Costa confirmou que já tinha contactado o vencedor para o felicitar: “Hoje é dia de assumirmos a derrota, de dar os parabéns aos vencedores — já liguei ao Ricardo Araújo dando-lhe os parabéns pela sua vitória. Foi isso que fiz com total democracia.” Quanto ao futuro do partido e a avaliação interna, o candidato anunciou que os órgãos do PS, designadamente a Comissão Política, se irão reunir “com calma, com ponderação” para analisar os dados e definir cenários.
Nas suas afirmações, Costa salientou que, embora os 36 anos de poder não sejam “a causa maior”, é natural que parte do eleitorado procure mudança após um longo ciclo político. “Temos que assumir as causas e perceber quais são as conclusões que podemos retirar daqui. Com tranquilidade e sensibilidade vamos avaliar todos os dados”, frisou, apelando aos eleitos socialistas que defendam e se orgulhem do projeto do partido durante os próximos quatro anos.
A noite eleitoral terminou com sentimentos contrastantes na cidade: à distância de poucos metros da sede socialista, apoiantes da coligação vencedora celebravam no Largo do Toural a mudança histórica na liderança do executivo municipal.





