A ÉTICA NA POLÍTICA VIMARANENSE
RUI ARMINDO FREITAS Economista

por RUI ARMINDO FREITAS
Economista
Francisco Sá Carneiro afirmou “ A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha”. Com este mote, repetido à exaustão pela generalidade da classe política, mesmo que por vezes sem qualquer tipo de sentimento, faço a minha reflexão local nesta coluna. Esta afirmação faz-nos pensar que qualquer ente político assume risco ao decidir em nome do colectivo por estar mandatado democraticamente para exercer aquilo que possam ser as vontades da maioria. Assim, ao receber este mandato, pode ele ser cumprido com o risco inerente a não estar, pura e simplesmente, de acordo com a expectativa dessa maioria, ou por um exercício pouco ético e /ou eleitoralista agir de forma a que a política se torne numa vergonha. Confesso que nas últimas semanas, têm existido por cá uma sucessão de episódios que a todos nos colocam a pensar.
Começo por reflectir nas declarações do Presidente de Câmara, Dr. Domingos Bragança sobre o conselho de administração do Hospital Nossa Senhora da Oliveira. Em relação a este assunto faço uma declaração de interesses, uma vez que o seu presidente, o Dr. Delfim Rodrigues, apesar de independente, é alguém ao lado de quem já estive, em vários anos de Assembleia Municipal, e cuja honorabilidade e destaque, julgo ser de amplo consenso não só na nossa comunidade, mas também a nível nacional, nomeadamente na sua área profissional, mas não só. Ora, como o Dr. Domingos Bragança teve oportunidade de informar todos os vimaranenses, o Dr. Delfim Rodrigues, sofreu muito recentemente um problema de saúde, que felizmente julgo já ultrapassado. Até aí nada de extraordinário, aliás, nada que não possa acontecer a qualquer um de nós. Já o que sucedeu, logo nos dias seguintes, devo dizer que me causou repúdio para além de perplexidade. O Presidente de Câmara, Domingos Bragança, usou passados breves dias, o estado de saúde da pessoa em questão, para manifestar junto do secretário de estado que tutela a área, preocupação em relação ao funcionamento do Conselho de Administração do Hospital, numa clara violação da privacidade de um cidadão, e usando da forma mais censurável de fazer política, de que me recordo no nosso concelho. Pergunto-me com que agenda o terá feito.
Na sequência deste episódio lamentável, somos brindados com a polémica da Torre da Alfândega, que posso afirmar hoje, com base nos documentos do imóvel transaccionado, que a torre foi vendida! Assistimos então a um ziguezaguear de posições do executivo municipal, que se desdobrou em dizer uma coisa e o seu contrário para lançar cortinas de fumo sobre um assunto que está já esclarecido, e com uma certa comunicação social a demonstrar um voluntarismo sem paralelo a caucionar determinadas posições. A realidade é que por um qualquer motivo, o empresário Domingos Machado Mendes, surge mais uma vez como pivot numa polémica imobiliária no nosso concelho, depois do infame negócio da cidade desportiva, desta feita como comprador da Torre da Alfândega e, segundo consta, como vencedor do concurso público da venda do antigo centro de saúde, coincidências da vida…
Espera-se do executivo, a bem da verdade, com a qual parece ter um problema crónico, que de uma vez por todas vejamos estes assuntos clarificados.
Estas últimas semanas foram férteis em episódios que permitem avaliar certas formas de fazer política e de estar na vida, mas essa avaliação não me compete a mim, é um exercício que deixo ao caro leitor.
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