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A “Noite de Verão” num museu que nos retira “o peso dos problemas do mundo”

É a "Noite de Verão", a quarta noite da “Tetralogia das Estações”, de Luís Mestre, que encerra os Festivais Gil Vicente, neste dia 10 de junho, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães.

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É a “Noite de Verão”, a quarta noite da “Tetralogia das Estações”, de Luís Mestre, que encerra os Festivais Gil Vicente, neste dia 10 de junho, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães.

© Ricardo Carvalho / Mais Guimarães

Um “espetáculo leve”, que é uma “subtração de peso de todos os problemas do mundo”. É assim que Luís Mestre, em conversa com o Mais Guimarães, define a peça. “É um espetáculo contracorrente com aquilo que as pessoas têm lá fora: velocidade, tensão, stress, ansiedade, demasiada informação”, diz acrescentando ainda que “nem sequer tem um conflito dramático”.

Dois millenials, numa estância de férias abandonada, acabam de se conhecer. Atravessaram duas crises assimétricas em dez anos: a financeira e a pandémica. E por isso, ainda que não se conheçam, há muito para contar. Abrem-se um com o outro, porque, ” às vezes, temos a vontade ou desejo de nos abrimos mais com uma pessoa desconhecida ou que acabamos de conhecer do que com uma pessoa que conhecemos há imensos anos”. E isto é um momento que Luís considera “mágico entre eles”, até porque “não entram em conflitos, é tudo sem julgamentos”.

Afinal, estão ali a falar de coisas leves e normais, “mas o que realmente querem dizer, aquilo de que verdadeiramente falam, voz e corpo, é sobre as suas ansiedades e os seus medos”. O objetivo é, aliás, que o público “se sinta, de alguma forma, confortado com uma noite de verão num museu”.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

E sem fazer julgamentos nem apontar dedos, “Noite de Verão” levanta questões – não de uma forma provocatória -. “A ideia é as coisas serem de tal modo simples que está tudo no ponto de alguém fala, alguém ouve e depois trocam os papéis. Nenhum deles, com os seus argumentos, tenta convencer o outro”, explica o dramaturgo.

Serendipidade, descobrir coisas agradáveis por acaso

Luís já nos tem habituado ao não uso de microfone nos espetáculos. Aqui, parece fazer ainda mais sentido. Quase que se torna uma conversa real. Na sua opinião, “o microfone retira-nos do jogo. Quero entrar no jogo do espetáculo e obviamente podemos argumentar que é tudo falso e faz de conta, mas aquilo é uma coisa para onde estou a olhar sempre e lembra-me que é um faz de conta e tira um pouco a magia”, argumenta afirmando que “os atores são capazes de preencher uma sala”.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

Mas há outros pormenores que, nesta “Noite de Verão”, chamam a atenção dos mais atentos. Desde uma camisola que tem escrito “Basquiat”, a umas sapatilhas com girassóis ou umas meias com fogo. O porquê deixamos para os espectadores descobrirem, mas Luís contou ao Mais Guimarães que “a construção das personagens foi muito diferente desta peça em relação a todas as outras”.

Começou pelos figurinos e comprou a camisola do Basquiat sem saber que, nos meses seguintes, João Oliveira, ator, estava a visitar precisamente o museu a que faz referência na peça. Estava a ver a exposição de Basquiat e, por isso, “quando ele fala no museu Albertina, como ator e de preparação do ator, sabe precisamente do que estava a falar porque esteve lá e já existia a camisola”.

“Esta peça teve uma série de serendipidades muito interessantes e claro que temos que estar à escuta, mas as serendipidades diziam que estávamos no caminho certo”, diz Luís lembrando que “há uma série de pormenores” que acredita que “traz muita qualidade aos espetáculos. A meia não é só uma meia, representa um planeta a arder, representa os girassóis e a pintura a arder”. E é assim que Luís tenta sempre trabalhar, de forma a que “os adereços e a cenografia tenham dinâmica e uma forte presença dramatúrgica nos espetáculos”.

© Ricardo Carvalho / Mais Guimarães

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