“A PAIXÃO QUE TENHO PELA VILA É SINCERA E NUNCA PRETENDEU RETIRAR DE PONTE DIVIDENDOS”

Entrevista com Diana Fernandes candidata independente à Junta de Freguesia de Ponte

Diana Fernandes

(Foto: Ana Braga)

A candidata tinha avisado que não estaria sozinha para receber o Mais Guimarães, para esta entrevista. Ainda assim, uma mesa rodeada de gente para uma entrevista que se pretendia pessoal é surpreendente, num primeiro momento. Diana Fernandes começou logo por esclarecer o que estavam ali a fazer Joaquim Pires da Cal (PS), Celsa Martins (PS), Anabela Pimenta (PS), Francisco Assis (PS) e Hemenigildo Encarnação, o atual presidente da Assembleia de Freguesia, eleito pelo PSD e, até à pouco tempo, o homem na sombra do candidato que agora concorre pelo PS; assim ficava desde logo clara a abrangência e a independência da candidatura. Por outro lado, e antes que o Mais Guimarães perguntasse, a candidata deixou logo ali claro o descontentamento que há entre pontences, à esquerda e à direita, relativamente ao acordo entre o atual presidente da Junta, eleito pelo PSD, e o PS.A abrangência que pretende dar à sua candidatura será percetível para as fregueses de Ponte?

Tenho a certeza que sim. A partir do momento em que Hermenigildo Encarnação, que foi a pessoa que as pessoas se habituaram a ver ao lado do Sérgio Castro Rocha, está na nossa candidatura ao lado do Joaquim Pires da Cal, histórico militante socialista da freguesia, acho que está demonstrada a nossa abrangência. O Francisco Assis fazia parte da lista socialista era membro da lista socialista do Miguel Sousa que se candidatou há quatro anos atrás. Esta lista trabalhou durante quatro anos para se voltar a apresentar nas eleições de outubro próximo. O Partido Socialista tirou-lhes o tapete! O Francisco Assis apoia a nossa candidatura independente. Estamos abertos a todos as pessoas de todos quadrantes políticos, ou que não estejam relacionadas com a política.

Porque é que não acompanhou o Sérgio Castro Rocha nesta deriva para o Partido Socialista? (pergunta dirigida a Hermenigildo Encarnação)

Apesar de eu ser, de facto o número dois, há razões muito simples. Apercebi-me com o passar do tempo que havia ali um culto do eu. Havia um populismo com o qual eu não me identificava. Aqui, como pode ver há uma equipa, ali há um culto da personalidade. A nossa dignidade não deve ter preço. O preço da troca vai ser alto. Eu também fui aliciado, mas a minha dignidade não tem preço.

Diana Fernandes, completando a resposta de Hermenigildo Encarnação: Deixe-me dizer-lhe que, com a nossa candidatura, ficou claro que há pessoas que não se reveem em certas formas de fazer política em que vale tudo.

Uma candidatura por ser independente tem mais virtude?

Um candidato quando se candidata com o apoio de um partido, ainda que independente, tem que perceber que representa pessoas. Se quatro anos depois é apoiado por outro partido, está a trair essas pessoas que o apoiaram e, por outro lado, as pessoas que no PS trabalham para uma candidatura também não se sentem bem.

Os militantes do PS de Ponte sentem-se traídos por esta candidatura? (pergunta dirigida a Joaquim Pires da Cal)

Muita gente questiona-se porque é que o Pires da Cal veio para uma candidatura independente. É fácil! Veio porque foi descartado, ele e todo o grupo do PS de Ponte. A Comissão Política do PS e Conselhia do PS fez o que o Domingos Bragança mandou. Ignoraram completamente a opinião dos socialistas de Ponte. Os militantes socialistas em Ponte não sabem o que é que foi negociado com um candidato que vem de outro partido.

No mandato que agora termina foram feitas coisas boas. Ou não?

Foram publicitadas mais coisas do que realmente foram feitas. As redes sociais foram usadas para amplificar durante um mês uma única obra. Anuncia-se que se vai fazer, depois que já começaram as obras, mais tarde que estão concluídas, e depois que o Domingos Bragança vem inaugurar. O centro cívico é uma obra aprazível aos olhos de quem passa, mas está sempre vazia de pessoas. Não há árvores, não tem sombras…os nossos reformados vão para o Parque de Lazer das Taipas. Nós não queremos mandar as nossas pessoas para fora da freguesia. Por isso, somos uma alternativa à atual governação da Junta.

Ponte está um pouco dispersa. Não há propriamente um centro. Isso tem solução?

Nós achamos que sim, se a Junta não quiser apenas louros sobre tudo aquilo que faz. Que sentido tem criar um centro cívico que não tem um único serviço, além da igreja? Claro que depois ninguém lá vai! É preciso criar os equipamentos e dar-lhes vida. Uma das propostas do atual executivo é retirar o ATL para a antiga EB1. Não podemos criar um centro cívico e retirar de lá a Junta de Freguesia. É um espaço demasiado grande para se retirarem de lá todos os serviços, não se pode construir uma obra e deixá-la ao abandono. Temos que trazer para centro cívico os principais serviços.

A vila de Ponte é muito marcada pela sua geografia e pela via que a travessa ligando Guimarães a Braga (Caldas das Taipas).

Nós somos a favor de tudo o que for melhor para Ponte. Queremos uma requalificação da EN101, mas não para facilitar uma travessia entre Taipas e a cidade. Não podemos pensar numa via que favoreça todas as pessoas menos os habitantes de Ponte. Ponte é somente a vila mais industrial do concelho, com quatro parques industriais e territorialmente é a maior freguesia. Qualquer decisão nesta matéria pode influenciar decisivamente o futuro da vila.

Como é que vê a convivência da vila com o rio?

O rio pode ser um fator de união entre as freguesias. Isso não tem sido devidamente aproveitado. Já reunimos com os atuais executivos das Taipas e de Silvares para pensar o rio em conjunto. Não faz sentido que as Taipas avancem com uma requalificação das suas margens, que Silvares faça o mesmo e que Ponte não faça nada. Neste caso não é só para os habitantes de Ponte, porque outras pessoas virão para cá usufruir do rio, se ele for atrativo.

Como é que vê a política de acessos há autoestrada?

A ligação entre o Parque Industrial de Ponte e o de Vila Nova Sande é fundamental. Este é um projeto do atual executivo municipal que é bom para Ponte. Até porque, é preciso retirar pressão sobre a ponte de Campelos. Naturalmente o PS tem como objetivo privilegiar a ligação entre o Avepark e a autoestrada. Há investimentos avultados que foram prometidos coma contrapartida de um acesso muito rápido à autoestrada e dai ao aeroporto. Esta não é a solução ideal para as empresas de Ponte. Esperamos que, como contrapartida, os quatro parques industriais de Ponte, que são quem realmente fatura para o concelho, sejam de alguma forma beneficiados, nomeadamente com uma requalificação profunda destes parques.

O que é que falta fazer em Ponte?

A publicidade quer dar a entender que tudo foi feito. Queremos deixar claro que há muitas promessas que não foram cumpridas: foi prometido um centro de convívio para idosos que não foi construído; foi prometido um transporte entre a EN e a rotunda de Campelos, até que p serviço fosse assegurado pelos TUG, não foi cumprido; foi prometido um gabinete de apoio ao emprego, que não foi feito; um lar e centro de dia, que se dizia, há quatro anos “que o projeto já se encontra em curso”, não foi cumprido; uma creche infantário na EB1 Igreja que não foi feita; uma requalificação do edifício da Junta, que não foi feita; um jornal da Vila, e aqui saliento que um jornal não é a mesma coisa que um boletim da Junta, que não foi feito. Podia continuar, com o centro associativo que não foi feito, o roteiro turístico que não foi criado… Foram feitas pavimentações. Dizem que cumpriram mais de cem promessas, mas não sabemos quais. Falta dar vida a Ponte. Falta um parque de lazer em Campelos, que evite que os nossos habitantes vão para a vila vizinha, falta fazer um campo num terreno comprado e não uma promessa num terreno que não foi comprado.

É muito jovem, não teme que isso seja relacionado com falta de experiência?

Estou na causa pública, sem ser por votos, desde os oito anos. Fiz parte de quase todas as associações, fui escuteira, grupos de jovens, grupos de teatro. A paixão que tenho pela vila é sincera e nunca pretendeu retirar de Ponte dividendos.

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