Alface e Farinha de Pau.

Por Carlos Guimarães.

carlos guimaraes_2

por Carlos Guimarães
Médico urologistaNão é meu intuito ofender nem melindrar as pessoas que se possam sentir visadas com estas palavras. O direito à opinião é um exercício de liberdade dos cidadãos atentos ao mundo que os rodeia. Sempre que opinamos no domínio público somos escrutinados e interpretados. Vamos a isso.

Muitos leitores provavelmente não saberão o que é farinha de pau, uma comida muitas vezes colocada na mesa durante a minha infância, uma mistela que sempre recusei deglutir apesar da insistência e argumentos fortes da minha mãe, algo parecido como obrigar um vitoriano de paixão a filiar-se no SC Braga. Quem conhece os vimaranenses, a cidade e o concelho, sabe que não somos gente de usar a bicicleta como meio de transporte. Há ideias utópicas que nunca se irão concretizar mesmo que sejam boas ideias. As vias cicláveis que por aí se pintam assumem ares de surreal, uma realidade irreal, abstrata e aparvalhada. As ciclovias nunca devem ser partilhadas com a via pública comum, todos os urbanistas sabem que é assim, e também sabem que devem ser dedicadas e separadas fisicamente. É obvio que a cidade não o permite, é obvio que os vimaranenses o ignoram, é obvio que quem não gosta de farinha de pau jamais a irá comer. Até podemos pensar na alface como um alimento saudável, mas se a servirmos ao leão como refeição, o bicho morre de fome. Podemos inundar com alface a jaula do animal, mas todos sabemos que ele só sobrevive se comer carne. Podemos pintar um labirinto de pseudo ciclovias em Guimarães, mas todos sabemos que os vimaranenses deixarão a bicicleta em casa. É constrangedor assistirmos a esta obsessão que nunca terá utilidade e que cresce para que no fim se possa acenar uma bandeira entre florestas de pilaretes que confundem a via pública. Este não será certamente um modelo decente para enfrentar os desafios da emergência climática.

A verdura está na ordem do dia, usada e abusada por diversos protagonistas para atingirem os seus fins. Neste sítio, a minha última crónica inundou-me de mensagens particulares pelo facto de vislumbrar um novo atleta que já arrancou na corrida para Santa Clara promovendo a sua imagem de forma declarada usando os tapetes da verdura e os patins de uma empresa municipal. No passado e no presente o Presidente da Autarquia e o Presidente da Vitrus têm dado sinais de alinhamento e parceria, como é exemplo sintonia à volta da verdura e a atribuição de gratificação financeira aos funcionários desta empresa municipal, um desejo não autorizado a outras empresas municipais. Esta coisa de filhos e enteados gera sempre discórdia e o silêncio de uns enterra-se com a crescente visibilidade de outros. Há uma máquina que se afina cada vez mais com o objetivo de encurtar e endireitar os longos e sinuosos caminhos que conduzem a Santa Clara. Adivinham-se tempos conturbados no partido do punho fechado.

Só uma pequena nota para terminar, mesmo não conhecendo Federico Pinheiro, acredito nele.

PUBLICIDADE

Arcol

Partilhar

PUBLICIDADE

Ribeiro & Ribeiro
Instagram

JORNAL

Tem alguma ideia ou projeto?

Websites - Lojas Online - Marketing Digital - Gestão de Redes Sociais

MAIS EM GUIMARÃES