Amargo Novembro…

Por Rui Armindo Freitas

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por Rui Armindo Freitas
Economista e Gestor de Empresas

Como era facilmente expectável, este outono veio confirmar as previsões mais negras que infelizmente alguns de nós fomos antecipando ao longo dos últimos meses. Digo alguns de nós, porque outros, com o optimismo irritante que lhes é conhecido, simplesmente entenderam que bastava acreditar que tudo correria bem, para que tudo corresse. Infelizmente ficamos a saber pelas notícias que a nossa comunidade e o nosso concelho estão a ser dos mais atingidos por esta segunda vaga, como alguns lhe chamam, tendo sido noticiado no fim de semana passado a transferência de um doente do Hospital Senhora da Oliveira para um equipamento hospitalar de Lisboa por ausência de capacidade de resposta. Pois é, infelizmente a capacidade e esforço dos nossos técnicos de saúde, que comprovadamente é uma das grandes riquezas da nossa terra, não chega, quando eles próprios são ultrapassados pelos limites do humanamente possível, para lidar com a situação presente. O que aí vem, também não é grande notícia, a forma errática de comunicar quer do Governo, quer das autoridades de saúde, assim como um vazio de liderança local que parece afirmar-se através de um silêncio ensurdecedor sobre o que se passa, como se não falar do problema o fizesse desaparecer… Silêncio só quebrado por visitas a obras, como se alguém estivesse com disposição para eleitoralismo, quando alguns de nós temos familiares e amigos a lutar pela vida. O que por aí vem, é naturalmente uma crise económica e social a juntar-se a uma crise sanitária, isso é já garantido. O Governo esse, numa altura em que a comunicação e a informação são da mais vital importância, vai ziguezagueando com uma espécie de vergonha de assumir que as medidas que tomam são graves e terão consequências pesadas para muitas famílias e empresas. A forma como se semeia a incerteza é atroz. Em tempo de crise, aquilo que se pode pedir é alguma previsibilidade de medidas, de forma a não adicionar mais incerteza ao que de si já é incerto. A traição à hotelaria e restauração é o exemplo acabado da falta de respeito por milhares de pequenos empresários, muitos deles de uma nova geração que se forjou na crise de 2011 e que, com o seu engenho, se levantaram e ajudaram a levantar o país, sendo agora deixados a “morrer” sem que sequer se lhes deite a mão com o respeito pelo que deram à economia nos últimos anos. A matemática, essa, está inventada há muito, e poder definir limites para as medidas de confinar e desconfinar, deveriam estar previstas, como aconteceu em tantos outros países.

Mas para os políticos tudo segue com normalidade, perdem-se horas a discutir a solução dos Açores como se de uma coisa nova se tratasse, discute-se qual das extremas é mais legítima, se a esquerda se a direita, para mim são as duas farinha do mesmo saco. Acho um total desplante assistir a socialistas rasgarem as vestes com indignação sobre uma realidade de foram os percursores, como se aquilo que ontem fizeram, seja hoje uma vergonha. Vergonha posso ter eu, e tantos que como eu que, seja lá em partido for, defenderam que quem ganha é quem deve governar. A normalização do contrário é algo que ontem como hoje, não consigo aceitar. O resto, se Ventura é mais homofóbico que Jerónimo, ou se Ventura apoia mais regimes totalitários que Catarina, é um espetáculo degradante de quem passou identicamente para lá das linhas que construíram uma democracia em Portugal.

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