AOS NOSSOS PAIS

MARCELA MAIA Técnica de relações internacionais na Universidade do Minho

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por MARCELA MAIA
Técnica de relações internacionais na Universidade do Minho

No próximo dia 19 assinala-se a efeméride por nós conhecida como “Dia do Pai”.

Globalmente, o dia do Pai surgiu como forma de incentivar o respeito pelos pais e o fortalecimento dos laços familiares e  deveria por isso ser um dia de consciencialização e homenagem ao papel que estes desempenham nas nossas vidas.

Ao pesquisar sobre a origem deste dia li, em algumas publicações internacionais, que “os portugueses não dão muita importância a essa comemoração… surgiu porque é comercialmente interessante” e devo confessar que não me caiu muito bem aquilo que li.

Quando somos crianças ensinam-nos na escola primária a criar presentes pessoais e personalizados para oferecermos aos nossos pais, mas á medida que vamos crescendo os nossos hábitos de celebração começam, efetivamente, a ver-se indissociáveis da oferenda  de presentes.

Apesar disso, podemos escolher pensar que a razão para não “darmos muita importância a essa comemoração” se prende com o facto de não sentirmos necessidade de ter um dia único para reconhecer a importância de um Pai ou de uma Mãe, porque escolhemos antes, fazê-lo diariamente.

Se a importância da Mãe na vida de cada um de nós é ponto assente e muito bem definida pela indefinida expressão “Mãe é Mãe”, o papel do Pai nem sempre surge tão esclarecido.

No dicionário da Língua Portuguesa a palavra “pai” surge – enquanto substantivo masculino singular – definida como “progenitor ou aquele que tem um ou mais filhos” e biologicamente a definição fará todo o sentido, no entanto, ser Pai deve ser muito mais do que uma condição biológica.

Biologicamente tenho um pai, que por todas as suas atitudes ao longo da minha vida se tornou meu Pai. O homem a quem devo – sem nunca mo ser cobrado – muito mais do que a minha existência e que à distância de um telefonema, todos os dias, está lá para mim.

Como pilares da minha educação tive ainda outros grandes homens – também eles Pais.

O meu avô materno, que me ensinou o significado de humildade e coragem e me explicou que não são os títulos que nos definem, mas sim a forma como nós, desprovidos deles, escolhemos pautar a nossa vida.

O meu avô paterno, que me conduziu ao mundo das letras e me ensinou que nas páginas de cada livro estava representado o mundo pelos olhos de outras pessoas.

O meu tio, que me ensinou que um Pai se preocupa com um filho até ao seu último suspiro e que os laços que nos unem são muito mais do que ramificações genealógicas.

Estes três últimos exemplos ensinam-me ainda, diariamente, que um Pai se mantém vivo na nossa memória muito após a sua ausência física.

Não há uma receita única para se ser um bom Pai e ainda bem que assim é.

Felizmente, conheço e reconheço estes e outros bons exemplos do que é ser Pai.

Às vezes para encontrar esses outros exemplos, basta-me caminhar pelas nossas ruas, onde consigo facilmente observar pequenos gestos de cumplicidade entre pais e filhos – seja um filho que ri às gargalhadas em conjunto com o seu Pai; um Pai que abotoa o casaco de um filho para o proteger do frio, ou até mesmo o simples caminhar lado a lado, na mesma direção, com um sorriso no rosto.

Assim, hoje não escrevo sobre Guimarães, escrevo antes sobre e para Vimaranenses.

Pais e filhos que cuidam, ensinam e aprendem, sempre…

… afinal, ser-se Pai e filho é um ofício para a vida.

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