
por Sara Barbosa
Fisioterapeuta
O Pavimento Pélvico é constituído por músculos, nervos, e ligamentos que juntos formam a base (chão/pavimento) da nossa pélvis. Tendo em conta a sua localização tem uma função extremamente importante na saúde da mulher e por isso merece toda a nossa atenção.
Os Músculos do Pavimento Pélvico (MPP) vão sofrendo alterações ao longo da vida da mulher, estando estas alterações ligadas a um variado número de fatores como as hormonas, a gravidez e o parto, a saúde intestinal, entre outros.
Estes músculos têm como principal função manter a continência urinária e fecal (gases e fezes líquidas e sólidas); permitir a normal função sexual desde a excitação até ao orgasmo, influenciando também a lubrificação e a penetração; suportar os órgãos pélvicos (bexiga, útero e recto) e permitir o esvaziamento completo da bexiga e do intestino.
Assim, havendo uma lesão ou alteração funcional destes músculos é possível que haja aparecimento de sintomas. Pode ser identificada uma disfunção do Pavimento Pélvico através de sinais como:
- Perdas involuntárias de urina
- Perdas involuntárias de gases e/ou fezes
- Sensação de corpo estranho ou “bola” na região da vagina (prolapso dos órgãos pélvicos)
- Dor relacionada com a relação sexual, podendo ocorrer em diferentes fases da mesma, incapacidade de ter penetração ou dificuldade/incapacidade em atingir excitação e/ou orgasmo
- Dor perineal, vulvar, ano-rectal ou coccígea
- Obstipação, fezes duras e esforço na evacuação
- Dor pélvica crónica e síndromes dolorosos como a Cistite Intersticial e o Síndrome do Cólon Irritável
Sabia que se sofrer de obstipação tem maior probabilidade de desenvolver incontinência urinária ou prolapso de órgãos pélvicos? Sabia também que a incontinência urinária pode ser um fator desencadeador de disfunção sexual?
Todos estes sintomas estão ligados e todos eles são influenciados pela funcionalidade dos MPP.
Durante a gravidez, o pós-parto e a menopausa é mais comum que surjam estes sintomas mas, não quer dizer que sejam normais. Nestas 3 fases da vida da mulher ocorrem várias alterações estruturais e hormonais, o que se resulta numa maior sobrecarga nesta estrutura. Aqui há uma importância acrescida na prevenção e no tratamento de possíveis disfunções.
A Fisioterapia tem um papel fundamental na reeducação dos MPP e no ensino de comportamentos preventivos que podem prevenir e diminuir estes sintomas.
O tratamento conservador desta estrutura, através da Fisioterapia, não impossibilita qualquer outro tratamento ou intervenção futura e na maior parte dos casos tem resultados muito positivos e efetivos. Em casos onde já tenha sido feita alguma intervenção cirúrgica ou onde haja indicação para tal, a Fisioterapia do Pavimento Pélvico também é útil para fazer uma preparação pré-intervenção ou posteriormente para potenciar os efeitos da intervenção, sendo nestes casos uma terapia coadjuvante.
É importante lembrar que estes músculos nem sempre precisam de ser fortalecidos. Existem cada vez mais casos onde o tratamento passa pelo relaxamento e não pelo fortalecimento desta musculatura. Por este motivo é ainda mais importante que faça uma avaliação do Pavimento Pélvico com um Fisioterapeuta qualificado para tal, para que assim seja possível perceber o tratamento adequado.
Cada caso é um caso, cada mulher é diferente e por isso cada tratamento é diferente também.
Existe algum comportamento que possa adotar para prevenir disfunções do Pavimento Pélvico? Sim, deixo aqui alguns exemplos:
- Ter uma dieta correta e equilibrada
- Evitar “prender” a urina por longos períodos de tempo, assim como inibir o reflexo de defecação
- Manter-se ativa e realizar exercício físico de forma regular (é importante procurar ajuda na existência de sintomas no Pavimento Pélvico, pois nem todos os tipos de exercício são adequados)
- Evitar obstipação
- Evitar excesso de peso e obesidade
O seu Pavimento Pélvico merece toda a atenção e todo o cuidado. Esteja atenta aos sinais que ele lhe dá.