Braga de TGV, Guimarães de trotinete…
Por Rui Armindo Freitas.
por Rui Armindo Freitas
Economista e Gestor de EmpresasFoi anunciada a semana passada a linha de alta velocidade que ligará Lisboa ao Porto e Porto a Vigo. Ficou claro também que esta linha de alta velocidade ficará mais encostada a litoral, penalizando naturalmente Guimarães, que mais uma vez vê um investimento infraestrutural de relevância nacional a ser-lhe vedado. O facto de Guimarães não ser central neste investimento, reflecte perda de relevância regional que o nosso concelho vem sentindo, mas uma irrelevância que é corolário de políticas públicas que, desde 2006, há 16 anos, com o anúncio da Capital Europeia da Cultura 2012, levou a um “adormecer à sombra da bananeira” que parece não acabar, vivendo hoje Guimarães das vitórias de outrora. Domingos Bragança é presidente de Câmara desde 2013, e desde 2013 que se vive em Guimarães uma “gestãozinha” diária de sensibilidades concelhias sem qualquer capacidade crítica e estratégica para projectar Guimarães para lá de si mesmo e do seu tempo. É um modo de estar na política, de gestão eleitoral, que vai fazendo escola em Portugal, sendo cada vez mais uma marca das maiorias socialistas, seja no poder central ou local, ir gerindo de acordo com a espuma dos dias, para garantir a próxima eleição.
Há muito que escrevo nestas páginas sobre a letargia que por cá se vive, e ainda nesta última sessão da Assembleia Municipal intervim sobre um tema que é o reflexo do que descrevo acima: a Loja do Cidadão. É bom que, para memória futura, este processo fique sistematizado. Em 2016, ainda no seu primeiro mandato, Domingos Bragança anunciava uma loja do cidadão para Guimarães, mais concretamente na rua de Santo António. Afirmava também que essa deveria ser uma realidade já em 2017 ou, o mais tardar, em 2018. Todos ficamos a aguardar. Pois bem estamos em 2022 e nem vê-la. Mas mais, em Janeiro deste ano, foi anunciada a compra de um edifício na rua de Santo António para instalar a tal Loja do Cidadão, sim ainda a anunciada em 2016, mas o edifício era de privados. Ou seja, Domingos Bragança fez um anúncio que visava um edifício que pertencia a terceiros. Conclusão, os proprietários não chegaram a acordo com a Câmara e o anúncio foi revisto já em Setembro. Concluiu o executivo que o melhor é então instalar a tal Loja do Cidadão num edifício municipal que fica mesmo em frente à sede do município, rigorosamente em frente à janela do gabinete de Domingos Bragança…ou seja, 6 longos anos se passaram desde o anúncio da dita loja, até ao novo anúncio da mesma loja, e entre hoje e 2016, a realidade é a mesma, Guimarães continua sem loja do cidadão. Entretanto em Braga comemorou-se no ano passado, o 20º aniversário da abertura da Loja do Cidadão, Famalicão tem a sua, e até Santo Tirso. Se não fosse triste este episódio, poderia dizer que a piada se faz por si, Braga recebe o TGV, nós ficamos pelas trotinetes, numa analogia perfeita dos respectivos poderes municipais.
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