CASOS “NÃO URGENTES” ENCHEM AS URGÊNCIAS HOSPITALARES

Guimarães é o único concelho do Agrupamento de Centros de Saúde do Alto Ave que não tem USF a funcionar depois das 20h00 e ao fim-de-semana.

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Com a descida das temperaturas aumenta a procura dos serviços de saúde por problemas relacionados com infeções respiratórias. Os serviços de saúde colocam em marcha planos de contingência para as temperaturas extremas, mas os utentes continuam a acumular-se nas urgências hospitalares.O ACES do Alto Ave colocou desde hoje a funcionar um Serviço Excecional de Atendimento à Gripe. O serviço funciona no Centro de Saúde Prof. Arnaldo Sampaio/Amorosa, nos dias úteis entre as 17h00 e as 22h00 e aos fins de semana das 09h00 às 17h00. No concelho de Guimarães, em período normal não há nenhuma unidade de saúde familiar a funcionar aos fins de semana, nem para lá das 22h00. O caso de Guimarães é único em todos o ACES do Alto Ave, os concelhos vizinhos de Vizela e Fafe, têm unidades a funcionar ao fim de semana e em horários mais alargados, e mesmo Cabeceiras de Basto e Mondim de Basto têm horários mais que incluem os fins de semana.

Numa semana de novembro, de acordo com dados estatísticos recolhidos pelo Hospital de Guimarães, houve 382 utentes triados na urgência como “não urgentes” ou “pouco urgentes”, provenientes da área de influência dos centros de saúde do concelho. Destes 120 deram entrada, em dias, ou em horários, em que não tinham nenhuma unidade de cuidados de saúde primários em funcionamento em todo o concelho de Guimarães. Se estes casos não tinham alternativa, os outros 262, poderiam e deveriam ter passado primeiro pelo médico de família.Novais de Carvalho, diretor clínico do ACES do Alto Ave explica que “o frio cria condições no organismo, principalmente nas pessoas mais frágeis, que facilitam o desenvolvimento de infeções respiratórias e que são favoráveis ao vírus da gripe”. Este responsável aconselha as pessoas a “quando têm febre, começarem por ligar para a linha SNS 24, depois, se não melhorarem, devem procurar o médico de família e só devem ir ao hospital com indicação deste profissional”.

Em comunicado o Hospital da Senhora da Oliveira (HSOG) faz saber que 40% dos acessos aos serviços de urgência hospitalares não se justificam e que o Serviço de Urgência do Hospital de Guimarães deve ser utilizado para casos urgentes, tendo em conta a sua diferenciação técnica.

A directora clínica do HSOG, Maria José Costeira, afirma que “não é compreensível que haja um aumento sensível da procura das urgências hospitalares à segunda-feira, em horário diurno, quando há oferta de cuidados de saúde primários nesse horário”. Novais de Carvalho afirma que “o problema é que no nosso país temos uma cultura hospitalar, as pessoas têm a ideia errada de que é no hospital que existem os meios para serem tratadas” e acrescenta que é um erro “porque muitas das vezes ao irem ao hospital por casos menores acabam por entrar em contacto com pessoas que estão realmente infetadas”.

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