Cheiro a esgoto faz da vida dos moradores da Rua das Levandeiras um inferno
Quem vive nesta artéria, em Abação, queixou-se inúmeras vezes à Vimágua, mas o problema persiste há anos

Os moradores da rua das Levandeiras, na freguesia de Abação, vivem, há anos, com um cheiro pestilento a esgoto que se sente na rua e lhes entra pelas casas dentro. Os vapores são de tal ordem que destroem as torneiras de aço inoxidável, obrigando a que sejam trocadas periodicamente. Os queixosos já nem sabem há quantos anos que vivem com estes cheiros, mas confirmam que começou quando a Vimágua instalou a conduta de esgotos na rua. Garantem que fizeram muitas reclamações, ao longo dos anos, mas a Vimágua só tem dois registos: um em 2021 e outro em 2023. Em ambos os casos tudo continuou na mesma. Na passada semana, depois das perguntas do jornalista, uma equipa da Vimágua deslocou-se ao local e, num único dia, detetou o problema e começou a resolvê-lo.
“Foi a partir do momento em que a Vimágua instalou o saneamento que os maus cheiros começaram”, garante Alcino Sousa, um morador, com 67 anos. “Antes, tínhamos fossas sépticas e nunca tivemos maus cheiros. Fomos obrigados a pagar os ramais de ligação à conduta de saneamento da Vimágua e ficamos piores”, refere Maria do Céu Ribeiro, de 69 anos, moradora e proprietária de uma oficina de carpintaria na rua. A Vimágua situa o arranque do sistema de saneamento na rua das Levandeiras em 2007 e será desde essa altura que o problema existe. “Temos clientes a queixarem-se e, certa vez, tínhamos aqui na oficina uma auditoria de qualidade e a engenheira responsável teve de sair porque não aguentava o cheiro”, relata Paula Lopes, filha de Maria do Céu e funcionária da carpintaria.
Queixa registada há quatro anos não serviu de nada
A empresa intermunicipal, responsável pela distribuição de água e pelo saneamento, nos concelhos de Guimarães e Vizela, diz só ter duas reclamações formais: uma em março de 2021 e outra em agosto de 2023. Todavia, quatro anos depois da primeira reclamação, o problema ainda não foi resolvido. “Podem só ter lá duas cartas, mas várias vezes falamos com eles, telefonamos para lá. Nessas alturas, mandavam um camião cisterna, abriam as caixas e diziam que estava tudo bem. A verdade é que, como o cheiro não é constante, às vezes, quando chegavam já não cheirava”, afirma Maria do Céu Ribeiro.
A Vimágua, agora, identificou a origem do problema nas casas de dois moradores que, por estarem abaixo do nível da estrada, mantiveram as fossas e usam bombas para mandar os resíduos para a conduta de saneamento.“O esgoto permanece na fossa durante dias, onde entra em decomposição, formando gases”, que se propagam quando é feita a bombagem para a rede, explica a Vimágua. A solução passa por eliminar as fossas e criar depósitos de menor dimensão, para que as bombas trabalhem mais regularmente, evitando a acumulação de esgotos. Os moradores, já suspeitavam que esta poderia ser a causa do problema e chegaram a dizê-lo aos funcionários da Vimágua, por isso, estão revoltados pelo tempo que levou a empresa a tomar medidas.
Solução tardou, mas agora está em curso
Alertados para a necessidade de fazer alterações ao sistema, os moradores em causa mostraram-se disponíveis. Um deles, residente em França, viajou de imediato para Portugal, para resolver a situação. A própria Vimágua, agora, manifestou disponibilidade para ajudar a solucionar a situação.
Para o marido de Maria do Céu Ribeiro, que morreu em 2023, vítima de um problema pulmonar que os médicos nunca conseguiram explicar, a resolução do problema vem tarde demais. “Ninguém me tira da cabeça que foi este cheiro que o matou”, lamenta. “Os médicos perguntaram-nos se ele contactava com produtos tóxicos”, refere Paula Lopes, filha do casal. “Se faz isto às torneiras, o que é que fará ao nosso corpo por dentro?” – pergunta Maria do Céu Ribeiro, exibindo uma torneira picotada pela oxidação.
Pelo jornalista Rui Dias
PUBLICIDADE
Partilhar
PUBLICIDADE
JORNAL
MAIS EM GUIMARÃES
Março 19, 2025
O semanário digital vimaranense. Sai às quartas-feiras!
Março 19, 2025
O Centro Juvenil de S. José comemora hoje, dia do Pai e dia de S. José, 110 anos de existência.
Março 19, 2025
Chat GRP, Polivalente e Criatura-dança são os nomes selecionados para uma das oito eliminatórias previstas para a 28ª edição do Festival Termómetro.