CIDADÃOS VERDES…DE RAIVA

RUI ARMINDO FREITAS Economista

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por RUI ARMINDO FREITAS
Economista

A candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia 2020 fez desencadear um grande número de acções, com vista a tornar a cidade mais verde e transformar-nos a todos em “eco-cidadãos”, isto é, cidadãos mais verdes. Desde há muito que afirmo que os prémios não devem ser um fim em si mesmo, pelo contrário, devem ser o corolário de um percurso natural que leva a atingir um determinado grau de excelência que é premiado. Mas como em muitas matérias, em Guimarães, o governo do concelho decidiu começar a casa pelo telhado, foi ao cardápio das capitais disponíveis e logo escolheu a Capital Verde. Isto foi em 2013 há 5 anos, portanto. Só depois de decidir que queria ganhar o prémio, é que a Câmara se lembrou que estávamos muito longe da verdura a ser atingida. Sim, para ganhar o prémio teria de ter planos para a mobilidade, inexistentes, rotas de biodiversidade, inexistentes, e um sem fim de outros requisitos inexistentes, onde se incluíam quilómetros de ecovias e ciclovias, também residuais no nosso concelho. Recordo que, ainda há bem pouco tempo, Guimarães estava longe de figurar entre os concelhos com mais quilómetros de ecovia. Então passamos todos a assistir à urgência da construção da ecovia. Se a construção de uma ecovia, costuma ser uma obra planeada e gradual, com pouco impacto na vida dos cidadãos, em Guimarães não podia ser assim. Assim assistimos desde a última primavera à construção desenfreada da 1ª fase da Ecovia. Coloca-se em “suspenso” a fluidez do trânsito de uma ponta à outra da cidade, porque temos a urgência de um prémio para ganhar e como tal, custe o que custar, os quilómetros de eco e ciclovia têm de ser completados. Pois bem, se nenhum de nós, com certeza, será contra ter ecovias, já de certeza que se juntam a mim, no facto de sermos, na generalidade, contra uma obra mal planeada que semeia o caos no trânsito, não só automóvel, mas também pedonal, e que o único mérito que tem é ser democrática, uma vez que causa constrangimentos aos munícipes não só de uma parte da cidade, mas de toda ela. Ninguém se pode gabar de não ter já perdido tempo por causa da ecovia, e ter enfiado uma roda do seu carro num buraco por causa da ecovia, ou ter ficado encharcado porque um automóvel menos atento o molhou da cabeça aos pés, enquanto lutava para fazer um trajecto abruptamente cortado pelas obras da sofrida via ecológica. É de facto impressionante o impacto que esta obra está a ter para nos tornar mais verdes, e eu tenho que admitir que está a conseguir, são raros os dias em que não vejo um automobilista, motociclista ou peão, verde de raiva pela forma caótica como está a ser construída a ecovia. Entretanto acumulam-se engarrafamentos que nos tornam numa das cidades com piores números de trânsito em Portugal, e com isto mais combustível desperdiçado e mais emissões de CO2 por esta via, mas não esquecer que logo a seguir anunciamos um autocarro 100% eléctrico…caricato! Já para não falar, que ainda antes das eleições o Partido Socialista colocou um outdoor na rotunda de Silvares que dizia “Projecto em Execução”,no que se referia a um desnivelamento daquele nó. Como se brinca com os munícipes…já passou meio ano e tudo continua na mesma. Todos os dias as filas continuam, mas de facto, o outdoor dizia projecto em execução caro leitor, obras, essas nem vê-las. Com a paciência a esgotar-se, somos todos cidadãos cada vez mais verdes…de raiva. Haja eco-paciência!

 

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