D. Afonso Henriques: Um homem admirável, e um homem contraditório
Artigo publicado na edição de junho da revista Mais Guimarães.

Dez anos depois, “O Primeiro”, livro de Paulo César Gonçalves viu a luz do dia. No livro, de poesia, e composto por 33 textos, o escritor vimaranense, apresenta uma “visão alternativa do D. Afonso Henriques”, o primeiro Pei de Portugal, contendo uma base histórica mas abordando aspetos de que não se fala tanto, apresentado a vertente mais “espiritual do Afonso Henriques”.

Para o escritor, o primeiro Rei “seria um homem extraordinário em qualquer época. D. Afonso Henriques foi um homem com uma missão, que deu o corpo pelo país, que mortificou o seu corpo pelo país. Ele fez o que foi preciso, foi manhoso, ladino, magnânimo ou elegante quando teve de o ser”, diz Paulo César Gonçalves.
D. Afonso Henriques foi como uma fortaleza, mas com brechas, profundamente humanas, cheias de contradições.
“Um homem admirável” diz Paulo César Gonçalves, e um “homem contraditório, que fez muito bem ao povo”, acrescenta. “Aliás, a herança dele é toda para o povo, para as ordens hospitalares e para os pobres”, lembra o autor.
Para Paulo César Gonçalves, a imagem que passa do primeiro rei é uma imagem “muito primária”, devendo haver maiores cuidados, porque ele encerra em si uma “dimensão humana extraordinária”.
Defende o autor que, como exemplo, D. Afonso Henriques “não foi um intrépido mata-mouros”, como se diz. “Os mouros tinham medo dele, de facto, mas no campo de batalha. Fora, ele respeitou-os como poucos o fizeram, dando-lhes terras, criando bairros e fazendo pactos com eles. Nomeou também mulheres para cargos políticos, o que, há 900 anos era uma coisa admirável, tinha um médico mouro ou um homem que lhe tratava das finanças que era judeu. Era um rei congregador, tendo chegado a ameaçar abandonar o cerco de Lisboa quando os cruzados normandos, e anglo-saxões, queriam matar toda a gente. Essa humanidade naquele tempo era, de facto, admirável”, assinala Paulo César Gonçalves.
“Acho que o D. Afonso Henriques tem em Guimarães um tratamento muito futeboleiro.”
Paulo César Gonçalves
“O Primeiro” demorou 10 anos a ficar concluído, resultando de “cerca de 500 páginas entre rascunhos e pesquisas”. Foi um livro, “amadurecido”. Se tivesse sido lançado em 2012 ou 2013 “não teria a força que tem agora”, refere o escritor.
Várias vezes pensou em editá-lo, mas foi durante o primeiro confinamento provocado pela pandemia da covid-19, em 2020, que decide que é a hora de o fazer. Diz Paulo César Gonçalves que, ao mostrar o livro a várias pessoas, Ana Maria Machado, que assina o prefácio, afirmou que “O Primeiro” não poderia ficar mais na gaveta, tendo sido uma das impulsionadoras do seu lançamento.

André Marques, jovem pintor vimaranense, com uma “maturidade estética admirável, uma coisa impressionante”, segundo Paulo César Gonçalves, assina a ilustração. Para o autor, o artista conseguiu captar muito bem a “essência do livro”. As ilustrações, “aguarelas e pinturas” como diz, são muito importantes na obra, não sendo uma extensão do livro. “Funcionam como um todo, os textos e as imagens, sendo indissociáveis”, acrescenta.
Episódios como a batalha de S. Mamede de 1128; De quando Egas Moniz se desloca à corte de Afonso VII para se entregar, com a família, com o baraço ao pescoço; A conquista de Santarém; o avanço do Rei para Lisboa e a conversão de um líder muçulmano ao cristianismo; De Martim Moniz a abrir as portas para que se desse a entrada em Lisboa; A fundação da ordem de Évora, que se transformou na ordem de Aviz, ou a ligação do Rei à Ordem dos Templários, são alguns dos momentos retratados no livro “O Primeiro”.
Sobre a obra, no seu prefácio, diz Ana Maria Machado que “recorrendo a uma meticulosa pesquisa histórica e através de uma poesia criativa e simbólica”, Paulo César Gonçalves “transporta o leitor para o século XII e envolve-o com as figuras, as culturas e as paisagens dessa época distante”. Através da sua “visão pessoal da História”, o autor “saboreou os primórdios da nacionalidade com um espírito de renovada conquista, para melhor encontrar o rumo de se ser e de se sentir Português”.
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