David e Golias: A arte de combater os mais fortes
Artigo publicado na edição de abril da revista Mais Guimarães,
O episódio bíblico que Malcolm Gladwell recorda com grande rigor no seu livro, demonstra claramente que as limitações e as desvantagens são muitas vezes aparentes e, mesmo quando reais, podem ser ultrapassadas. A resistência ucraniana é exemplo disso.
Para termos noção da diferença militar entre os países, consideremos que os gastos ucranianos com defesa em 2021 equivalem a 10% do total de investimentos russos no último ano nesta área. No entanto, no terreno, as tropas russas têm sentido algumas dificuldades.
A diferença entre os países é avassaladora também no número de militares, os russos têm cinco vezes mais do que a Ucrânia, e o mesmo acontece relativamente ao número de militares da reserva, tanques e aeronaves. Quanto aos helicópteros, a quantidade de unidades russas é 17 vezes maior e, nos submarinos, apenas a nação russa os possui.
Aparentemente, a resistência ucraniana tem estado alicerçada na mobilização da população para a defesa do território. Muitos civis ucranianos foram encorajados a defender as suas cidades mesmo com pouca ou quase nenhuma preparação militar.
Recorde-se que, no início da Invasão, o Governo ucraniano mobilizou todos os homens, entre os 18 e os 60 anos, impedindo-os de saírem do país. A comunidade internacional, Estados Unidos à cabeça, têm fornecido também diverso equipamento às forças ucranianas. Do outro lado da batalha, mesmo com a vantagem numérica, a Rússia tem-se apresentado com algum equipamento envelhecido e soldados com pouca preparação, segundo relatos que têm sido tornados públicos.
Já quanto ao poder nuclear entre as nações, a situação é completamente desproporcional. Enquanto que a Rússia possui mais de seis mil ogivas nucleares, a Ucrânia, após a queda da União Soviética em 1994, e após ter assinado o Memorando de Budapeste, aceitou desnuclearizar o país e entregar as armas de que dispunha à vizinha Rússia.
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