Desconfiar acreditando

A opinião de Carlos Guimarães

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Por Carlos Guimarães.

A vida ensina. A vida testa-nos continuamente, umas vezes somos aprovados outras vezes levamos nega. Não aprende quem é muito burro e parece que os asnos abundam por aí.
A vida ensinou-me a acreditar. Quem não acredita não vive. Aprendi muito com os erros meus e dos outros, acreditei muitas vezes e não devia, por isso hoje acredito desconfiado. Acredito que nos vamos safar, mas desconfio das vozes que anunciam o céu azul no horizonte, há sempre muita verdade escondida e por vezes oculta. Desconfio sobretudo devido à irresponsabilidade e irracionalidade que vejo, por isso continuo preocupado. Os fumadores sabem dos riscos que correm e quando o mal os ataca leva-os sozinhos, mas os irresponsáveis que quebram as regras, se forem, levam mais alguém consigo. Até prova em contrário somos todos vulneráveis e nunca um espirro teve tanto veneno como hoje. A solidariedade faz-se notar todos os dias e a falta dela também. Deixo de ser solidário quando ignoro o perigo e quebro as regras.
Recuso-me a acreditar no milagre portugês e no bom exemplo que difundimos na Europa. O mundo que pude ver à minha volta nos últimos dias afundou o meu otimismo, mas continuo a acreditar desconfiado. Todos queremos abrir a porta da gaiola e recomeçar a voar, será como experimentar o voo pela primeira vez. Acredito que os pássaros quando abandonam o ninho, primeiro sentem medo e depois liberdade, connosco será parecido. Tenho pena que o vírus não seja seletivo para idiotas.

Uma última reflexão. Vamos imaginar que o norte de Portugal é um país diferente, observemos a evolução dos números da pandemia nesse país na última semana, será que o pequeno país imaginário é um bom exemplo na Europa? Preocupa.

Vale a pena pensar nisto.

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