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DIA INTERNACIONAL DA MULHER

ÂNGELA OLIVEIRA Advogada

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por ÂNGELA OLIVEIRA
Advogada

É inevitável que se fale em Dia internacional da Mulher. É até obrigatório que, pelo menos um dia no ano se pense em direitos das mulheres.

E é tão simples o que se pretende com o Dia da Mulher que escrevê-lo, à primeira vista, parece até uma redundância. Não assumimos todos a ideia que mulheres e homens são seres com dignidade equivalente e merecem direitos, oportunidades e liberdades equivalentes? Não podemos passar para a próxima luta?

Não. Não é uma redundância. Não, não está assumido.

Em Portugal e no Mundo, as mulheres continuam a ganhar menos do que os homens em funções similares, continuam a ter que trabalhar mais e abdicar de mais coisas para atingirem as mesmas posições nas suas carreiras, e no final ainda são julgadas pelos sacrifícios a que se sujeitaram para vingarem no mundo do trabalho.

Há mulheres que ainda não são donas do seu destino, da sua infância e juventude, que não vestem a roupa que querem, que não dizem o que pensam, que não mandam no seu corpo…que são brutalizadas e assassinadas. E porquê? Por uma questão de género…

Esta questão de género, mantém muitas mulheres reféns de uma luta ingrata contra a violência doméstica. E se felizmente a sociedade já acordou para este flagelo, a verdade é que a luta no silêncio, na vergonha, no medo é das suas vítimas, mulheres como todas nós, como as nossas mães, como as nossas filhas, que tiveram o azar de se cruzarem com um cobarde. E estas vítimas merecem ser protegidas pela sociedade, merecem que a sociedade lhes devolva a paz e a segurança. Não precisam de ser eternamente vitimizadas, uma e outra vez.

E se alguns partidos políticos querem fazer campanhas populistas na luta contra a violência domestica, tudo bem, mesmo não concordando com o estilo… quantos mais melhor, mas sejam justos, se querem pessoalizar a campanha, não tragam as vítimas para arena, pelo menos sem lhes pedirem. Se querem assim tanto fazer um número, não leiam o nome das vítimas, leiam o nome dos agressores. Porque continuam a vitimizar as vítimas e a proteger quem as agride?

O Dia Internacional da Mulher celebra a memória da luta das mulheres que não se conformaram. A estas mulheres agradecemos o direito de votar, o direito aos nossos filhos, o direito de estudar, o direito de termos e gerirmos o nosso dinheiro, de podermos viajar, o direito de escolher o marido, de nos divorciarmos, o direito de nos queixarmos, de sermos vítimas… Mas acima de tudo, o que se impõe neste dia é lembrar que a lista das conquistas não está completa, e que se somos herdeiras destes direitos conquistados, devemos ás nossas herdeiras a conquista efetiva da dignidade equivalente e não apenas da ideia vazia mas bonita de dizer e de escrever.

Não me parece nada justo, que algumas pessoas, homens e mulheres, assumam este dia como um sinal de fraqueza por parte das mulheres. Este não é o dia do sexo mais fraco, é o dia do sexo mais forte, aquele que lutou e luta, e por isso merece ser celebrado, seja em casa, seja nos auditórios, nos jornais…ou nos jantares com as amigas!

Após escrever este artigo, vi a notícia de que na Turquia, centenas de mulheres, numa manifestação pelo Dia Internacional da Mulher, foram “recordadas do seu lugar” com tiros de balas de borracha. Estas mulheres não estavam a brincar ao feminismo. Faz-nos pensar, não faz?

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