Entender o graffiti: “É tudo uma questão de mentalidade”
Artigo publicado na edição de maio da revista Mais Guimarães.
O graffiti é cada vez mais comum e, para isto acontecer, o artista não precisa de reconhecimento ou espaço, apenas spray e criatividade. Esta arte surge como forma dos artistas se expressarem, transmitirem uma mensagem a quem vê a sua peça. Mas será que quem a observa pensa nesse significado, ou apenas a encara como algo ilegal e inútil?
A Mais Guimarães conversou com uma artista de rua vimaranense que desde cedo ingressou no mundo do graffiti. “Desde criança que achava piada às cores nas paredes e comecei a entrar nesse mundo há cerca de cinco anos, com a companhia de um amigo, que já fazia graffiti”, contou.
Atualmente com 22 anos, a graffiter admite que a arte está presente na sua vida desde muito cedo e, apesar, de ter projetos futuros que a envolvem, a vertente do graffiti continuará como um hobby, uma vez que não procura tornar-se em street artist.
Na sua visão, o graffiti mantém “a essência de uma forma de revelia contra um sistema e uma forma de comunicação com outros graffiti writers”. Sendo este o maior significado daquilo que se faz dentro do graffiti, considera que qualquer significado adicional “é estritamente pessoal e, maioritariamente, uma espécie de jogo ou brincadeira consigo própria”.
A nível nacional, já esteve um pouco por todo o norte e Lisboa, mas a sua arte já ultrapassou fronteiras e já viajou para pintar na Suíça e Alemanha. Em Guimarães estão localizadas algumas das suas primeiras intervenções, nomeadamente no skatepark ou debaixo de algumas pontes. Tendo em conta que se dedica mais ao graffiti em comboios, podemos encontrar o que faz dependendo dos comboios que chegam à estação vimaranense.
Como o que faz é da ordem do ilegal – e essa é precisamente uma das razões pela qual prefere não se identificar -, o feedback que recebe é sobretudo de outros writers. De um modo geral, a artista considera que existe uma boa recetividade àquilo que desenha.
E por ser considerada uma arte ilegal importa, por isso, distinguir a arte urbana do graffiti, pois são fundamentalmente diferentes. “A arte urbana é agora uma prática bastante difundida no panorama português e geralmente bem aceite. O graffiti, por sua vez, começa a ter mais adeptos, mas não apresenta as mesmas características e, por isso, não pode ser entendido da mesma forma”, explica. Este segundo é, por si só, a interação com o meio urbano, mesmo sendo de forma não autorizada.
A seu ver, tanto o graffiti como a street art têm “o potencial de renovar os espaços da cidade, tornando-os mais dinâmicos e, de algum modo, refrescados para os que habitam neles”.
O papel do graffiti no meio urbano
Entende-se como delinquência o ato de resistir ou infringir as regras morais ou normas convencionadas numa sociedade. Para a artista, esta ideia é justificada pelo “papel do graffiti no meio urbano”.
Entende que é uma prática ilegal e, portanto, faz sentido que existam consequências. Porém, considera que existem algumas disparidades em relação àquilo que é apagado ou não pelas autoridades. Em alguns casos, acredita que as repercussões “sejam exageradas e exista uma violência injustificada”.
Apesar do meio artístico português ser repleto de artistas urbanos de renome, lamenta que não sejam “reconhecidos pela sociedade”, apesar de o serem “noutros contextos e noutros países”.
Em Guimarães, não só pensa que “não existem muitos exemplos”, como também que “as poucas oportunidades que surgem são entregues a artistas de outras localidades”.
O graffiti vai, assim, “continuar a evoluir como tem evoluído, ultrapassando e transgredindo as normas e procurando espaços de inadaptação, opondo-se à arte urbana comissionada”.
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