GUIMARÃES E DIJON: LIGADAS PELA HISTÓRIA E PELO VOLUNTARIADO
Guimarães e Dijon estão separadas, geograficamente, por 1,500 quilómetros. Por outro lado, as duas cidades estão ligadas pela história há quase mil anos.
Guimarães e Dijon estão separadas, geograficamente, por 1,500 quilómetros. Por outro lado, as duas cidades estão ligadas pela história há quase mil anos. O pai de D. Afonso Henriques, Henrique de Borgonha, nasceu na cidade francesa, capital da histórica região que se inscreve no seu nome. Pelos seus feitos na reconquista da Península Ibérica, recebeu o Condado Portucalense.
Movendo a linha cronológica até aos dias de hoje, encontramos Stephane Angbe, 23 anos, nas ruas de Guimarães. Também ele é de Dijon e também ele se encontra por Guimarães, calcorreando as artérias da cidade, movido pela curiosidade de quem explora um local pela primeira vez. Não chegou à cidade onde Portugal nasceu com títulos de nobreza, mas o intuito é nobre: Stephane é voluntário e ficará por cá durante dez meses.
“Faz duas semanas que cá estou. Estou a gostar, sim, só não gosto muito da temperatura. Está chovendo quase todos os dias”, diz, num português quase perfeito com sotaque brasileiro e francês. É que Stephane passou sete anos no Brasil e isso facilitou a sua vinda para Guimarães. De Guimarães também seguiu um voluntário para Dijon, num intercâmbio entre as duas cidades que, desde 2016, são formalmente unidas pela geminação.
Por cá, a semana de Stephane divide-se entre várias tarefas diárias. “À segunda, ajudo crianças com deficiência. Interajo e falo com elas e praticamos judo”, começa por explicar. No dia seguinte, o dia é passado num lar. “Às quartas faço o que mais me identifico: estou fazendo a elaboração de um plano de comunicação para o plano da juventude”, continua. O jovem é licenciado em Comunicação e um dos maiores motivos para ingressar neste projeto de voluntariado foi a possibilidade de colocar em prática os conhecimentos académicos, estando a criar “páginas de redes sociais”. Às quintas e sextas-feiras, as crianças voltam a ocupar o seu dia: faz “animação escolar no tempo livre” dos mais novos, através “de jogos ou do desporto”.
Entre as tarefas, vai conhecendo a cidade, que, apesar de “pequena”, “tem bastantes coisas para fazer”. Entre os “muitos edifícios para visitar”, Stephane já conheceu os “obrigatórios”: o Castelo de Guimarães, o Paço dos Duques, a Muralha e a Torre da Alfândega. Para além desses pontos, já passeou pela Plataforma das Artes, onde assistiu a uma conferência, mas também já teve a oportunidade de conhecer o estádio. Considera que a cidade “tem um lado cultural muito interessante”, algo que se enquadra nas similaridades que encontra com Dijon. “Dijon é uma cidade que está no Património Cultural da UNESCO. É quase a mesma coisa, mas é maior”, diz.
Contudo, as semelhanças não se encerram no espetro cultural. Para além da temperatura, a gastronomia também lhe parece relativamente familiar, se bem que “comer fora é mais barato” por Guimarães. “Se eu comesse como comia na França, seria bem mais caro. Comparando as duas cidades, é mais barato cá, até pelo alojamento”, aponta. “E são duas cidades e países que gostam de futebol, as pessoas vivem muito.” Já teve a oportunidade de fazer a análise comparativa, assistindo a um jogo “num bar”.
Para Stephane, “compartilhar” a sua cultura e absorver uma outra também se assume como um dos maiores motivos para se ter lançado nesta aventura. “Gosto de me sentir útil para a sociedade, principalmente quando ajudo pessoas e, enfim, ter um pouquinho de experiência no meu curso”, diz, acrescentando a importância de “ter acesso à cultura, como elevador social, que pode mudar a vida de famílias inteiras”. E o papel de Stephane, por cá, passa por tudo isso. A aventura está só no início.
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