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Guimarães reabre portas do pequeno comércio “sem grandes planos” para o futuro

Lojas, cabeleireiros, livrarias e comércio automóvel voltaram a abrir portas um pouco por todo o país. Por Guimarães, o regresso faz-se com muitas medidas de precaução e, também, com muita incerteza relativamente ao futuro.

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Lojas, cabeleireiros, livrarias e comércio automóvel voltaram a abrir portas um pouco por todo o país. Por Guimarães, o regresso faz-se com muitas medidas de precaução e, também, com muita incerteza relativamente ao futuro.

© João Bastos / Mais Guimarães

“Um dia de cada vez”. Assim sai Guimarães à rua e abre algumas portas do seu comércio no centro da cidade, entre cabeleireiros sem mãos a medir e o regresso tímido dos clientes às pequenas lojas e pastelarias. Em comum há o sentimento de incerteza relativamente ao futuro: “não podemos fazer grandes planos” repetem diversos comerciantes ao Mais Guimarães.

Numa decisão aprovada pelo Governo na passada quinta-feira, as lojas com porta aberta para a rua e com áreas até 200 metros quadrados poderiam retomar atividade esta segunda-feira. Também os cabeleireiros e atividades similares, as livrarias e o comércio automóvel podem iniciar atividade.

Por Guimarães, o início foi ainda “ligeiramente atribulado”, descreve a presidente da Associação de Comércio Tradicional de Guimarães, Cristina Faria. Também proprietária da Casa Faria, uma loja de roupa interior na Rua de Santo António, Cristina conta que o regresso foi “um bocadinho atribulado” porque “algumas lojas ainda estavam a preparar o espaço”. “À última da hora falta sempre alguma coisa. Mas, de uma forma geral, acho que correu bem. Há certas lojas não estão a par das normas a 100%, mas aos bocadinhos vamos lá”, acredita. A responsável recorda que esta é uma “realidade muito nova” que trouxe muitas alterações a “muito pouco prazo” e, por isso, “vai demorar uns dias até estar tudo perfeitamente organizado”.

Também a meteorologia pode ter contribuído para este regresso tímido, defende. “Está um dia frio e desagradável. Se tivesse um dia como o de ontem, poderia ter sido melhor. Anda menos gente na rua”, frisa. Apesar disso, na sua loja, Cristina Faria garante ter atendido alguns clientes que respeitaram todas as medidas: “cumpriram o distanciamento, usaram máscara e não tocaram nos artigos”, assegura. Entre várias medidas, a loja abriu com gel desinfetante à entrada, máscaras para oferecer a possíveis clientes que não possuam máscara, tapete com desinfetante, funcionários com máscara e menos artigos expostos.

Também com precauções, a reabertura do salão de Sílvia Meira, na Avenida D. João IV, correu “muito bem”. “Tenho tido as marcações todas a horas, com as clientes a cumprirem as regras. Tenho o dia de hoje cheio até as 21h00 e a semana toda preenchida”, conta a proprietária do Maison Cabeleireiro. O espaço funciona apenas com marcações e nenhum cliente pode levar acompanhante. “Fizemos um kit para a cliente, com uma toalha descartável, pezinhos para calçar e uma capa para cadeira”, acrescenta Sílvia Meira. As clientes estão “cheias de vontade de voltar” ao salão e o kit, que custa cinco euros, é bem recebido, pois “o mais importante é a segurança”. O salão esteve dois meses encerrado, o que, para Sílvia, foi “surreal”. “Tenho quatro filhas e estive sem receber, porque sou sócia gerente. Não tive nenhum apoio do Estado para o qual contribuo todos os meses”, lamenta.

De volta ao Centro Histórico, no Largo do Toural, a Pastelaria Clarinha abriu portas para o serviço take-away. Uma das proprietárias, Rosário Ferreira, conta que este início foi ainda “muito calmo”. “Nota-se mais gente na rua e as pessoas estão a tomar as precauções”, relata. A própria pastelaria está a adotar todas as medidas de segurança, garante. “Pusemos um balcão na porta para que as pessoas não entrassem. Temos o gel e estamos de viseira e máscara”, assegura.

Ao longo dos últimos tempos, a Clarinha optou pelas entregas ao domicílio. perante encomenda prévia. “Correu mais ou menos. As pessoas foram-se entretendo em casa a fazer alguns doces e, por isso, apenas houve umas encomendas pontuais”, conta.

A incerteza e um futuro “sem grandes planos”

Para Rosário Ferreira, “só daqui a dois ou três meses é que as coisas vão melhorar”. “É um dia de cada vez. Tão cedo não vai ser como era”, lamenta. A incerteza reina também do lado do vestuário, confessa Cristina. “Não conseguimos fazer planos. Tudo irá depender dos comportamentos das pessoas e do Governo”, lembra. “O Governo portou-se mal. As pessoas ainda esperam por alguns pagamentos e, como tal, têm que se precaver. Isto não dá segurança ao comércio, pois as pessoas só compram o essencial”, explica.

Já Sílvia Meira, apesar de estar satisfeita pela elevada procura, admite que “a pressa” que as pessoas têm de voltar é também “um risco”. “Os meus clientes nesta primeira fase portaram-se muito bem, mas o telefone não para de tocar”, frisa. A cabeleireira está, ainda assim, “muito otimista” em relação ao futuro, no qual espera “trabalhar muito” e “rezar para não voltar a fechar”.

O sentimento de incerteza também não deixa Elisabete Mota, técnica administrativa da pastelaria Caneiros fazer grandes planos, numa altura em que a abertura dos espaços está prevista para 18 de maio. Até lá mantém-se o serviço take-away. “Estamos a tentar incutir aos clientes o uso de máscara. As pessoas começam já a fazer grupinhos. Já temos que chamar à atenção. Espero estar enganada, mas acho que até ao dia 18 haverá alterações. Vamos ver como as pessoas se comportam, mas acho que vamos voltar à estaca zero”, prevê.

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