Guimarães somos todos nós!
Por Rui Armindo Freitas.
por Rui Armindo Freitas
Economista e Gestor de EmpresasGuimarães, é ensinado a todos, desde tenra idade, mais do que um concelho e a sua cidade, é um sentimento de pertença, é o orgulho numa história que inspira todos os que aqui nascem, ou adoptam Guimarães como a sua terra. Este sentimento sempre se traduziu na forma dinâmica, aguerrida, alguns dirão bairrista até, como todos vivemos o nosso concelho e as suas instituições. Uma terra de convicções fortes e que foi sempre liderante nos movimentos que foram moldando a história do nosso país, realidade que teve sempre espelho na política, no associativismo, no desporto ou na economia. Contudo, Guimarães do século XXI, precisa de um alerta, uma necessidade de assinalar que este sentimento tem que ser mantido vivo e que tem que se traduzir nas várias dimensões que acima referi. Assim é importante relembrar que este orgulho, sempre foi feito de materialização e da consubstanciação dos grandes sonhos colectivos de todos os vimaranenses, fosse a Exposição Industrial de 1884, ou a Universidade, o Hospital ou a Capital Europeia da Cultura, a pujança do nosso tecido industrial ou a dimensão do nosso Vitória. Mas ao contrário disso, Guimarães hoje parece viver numa gestão corrente de um passado grandioso, sem abrir as “avenidas” de um grande futuro. As associações em grande medida vivem do apoio municipal, a economia depende em 75% de um só sector, perdemos população de forma sistemática e olhamos para o que era a nossa grande concorrência regional e vemos aproximarem-se os que estavam atrás e a fugirem os que estavam ao nosso lado. É indisfarçável o facto de não identificarmos grandes objectivos de longo prazo para o nosso concelho, não vemos planeado o futuro da nossa economia, para um paradigma menos dependente de uma só indústria, apesar de serem repetidos à exaustão em sede própria os riscos desta dependência. Ao contrário do que vemos ao nosso lado, nada de novo parece surgir e para lá das coisinhas do dia a dia, nada vemos de inspirador que seja proposto por uma classe política amorfa, escondida atrás de pareceres técnicos, abdicando da visão estratégica que deveria nortear o nosso futuro. Mas esta minha reflexão, não é para criticar o poder que se perpetua em Guimarães, nem tão pouco criticar a sua oposição, que vai tentando com as parcas condições que tem, cumprir um papel cívico desinteressado e que mais não é movido que pelo amor à terra, tão pouca é a perspetiva de mudança. Esta reflexão é para todos nós vimaranenses, sim, nós que temos menos poder de compra do que os nossos vizinhos, nós que temos menos perspectivas de progressão que não nos sectores tradicionais, mas nós que temos mais paixão do que todos os demais algum dia sonharão ter pelas suas terras! Esta reflexão é um desafio à classe política, empresarial, associativa, artística e a cada um individualmente para que acordemos e renovemos sonhos para que quem vier depois de nós tenha orgulho não só porque nós lhes incutimos, mas porque a nossa obra como membros desta comunidade os inspirará tanto como nos inspiraram os nossos antepassados.
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