HÁ VOLUNTÁRIOS A TRABALHAR PARA APOIAR QUEM DÁ DE CARAS COM O CANCRO DA MAMA

O cancro da mama ainda é um dos que mais assusta os portugueses, mas os avanços na medicina são animadores. O Hospital de Guimarães regista 200 novos casos por ano.

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Voluntários como Isabel Ferraz acabam por dar apoio importante a quem foi diagnosticado com a doença. O cancro da mama ainda é um dos que mais assusta os portugueses, mas os avanços na medicina são animadores. O Hospital de Guimarães regista 200 novos casos por ano. Serviço de oncologia destaca a importância do diagnóstico precoce.

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Isabel Ferraz foi diagnosticada com cancro da mama há 22 anos. A ajuda que recebeu de serviços de voluntariado no Porto levou-a a querer fazer o mesmo em Guimarães. E assim foi. A voluntária da Cruz Vermelha trouxe para Guimarães o Movimento Vencer e Viver. “Achei que era o que tinha que fazer. Tive um grande apoio no Porto de mulheres mastetomizadas e entendi que devia colaborar”, conta a voluntária.

O movimento tem um dos polos no Porto e está em Guimarães. Ao longo dos anos passou muita gente por Isabel. Segundo dados da Liga Portuguesa contra o Cancro surgem atualmente em Portugal “seis mil novos casos de cancro da mama por ano”. “Nós, como voluntárias, ajudamos naquilo que podemos, através da partilha da nossa experiência, há pessoas que acabam por ficar nossas conhecidas e amigas. Trabalhamos com muitas pessoas de Guimarães e da sua área de influência.”, indica a voluntária Isabel.

Voluntárias como Isabel são “bastante importantes” já que “acabam por fazer uma abordagem direta ao doente diagnosticado com cancro da mama”, informa a diretora do serviço de oncologia do Hospital Senhora de Oliveira, Camila Coutinho. “As senhoras estão ligadas à Liga Portuguesa contra o Cancro, já tiveram cancro e dão o seu testemunho”, acrescenta.

“Muitas vezes as pessoas falam connosco, desabafam. Não só acerca da doença, mas também sobre os problemas familiares que estão a atravessar. E nós aí também ajudamos, dentro da nossa competência”, assinala Isabel Ferraz, que tenta aplicar em Guimarães o que aprendeu no Porto. Recorda o ano de 2003 como o primeiro em que começou oficialmente a trabalhar com o Hospital.

O Vencer e Viver é um movimento de entreajuda da Liga Portuguesa contra o Cancro (LPCC), que visa dar apoio às mulheres a quem foi diagnosticado cancro da mama. Sendo que o contacto pessoal entre a mulher que se encontra a viver uma situação vulnerável e uma voluntária que vivencia uma situação semelhante.

“Nem parece que já passou por isto”

Um dos contactos mais determinantes e em que o apoio dos voluntários é mais decisivo acontece após a mastectomia. “Vamos à enfermaria dar o apoio à pessoa, apoio psicológico. Damos um livrinho com indicações da Liga Portuguesa contra o Cancro e uma “fofinha”” – uma bolsa com algodão feita pelos voluntários para a paciente colocar no soutien. Para a voluntária, é importante ir ter com o doente à cama, “numa altura difícil e falar do problema”. “Ouvimos questões: ‘A senhora já tirou? Como é?’ E até dizem: ‘Nem parece que já passou por isto’”. No entender de Camila Coutinho, esta ajuda psicológica e partilha de experiências é “relevante”. “Às vezes pequenas dicas, práticas, que fazem diferença no dia-a-dia fazem a diferença”, comenta.

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O cancro da mama afeta pessoas de todas as idades, mas Camila Coutinho nota que a postura com que o paciente mais jovem enfrenta a doença é diferente. O acesso à informação através dos meios digitais permitem expandir o que se sabe sobre a doença. Os pacientes mais novos “inteiram-se dos tratamentos e dos prognósticos.” Isabel Ferraz considera que a doença “não escolhe idades” e repara que têm passado pelas suas mãos vários tipos de casos: “Tal como eu tive há 22 anos.” No entanto, a voluntária realça que o tempo também trouxe mais sensibilização e a propagação de movimentos como o Vencer e Viver ajudam muitas pessoas que dão de caras com o cancro.

Camila Coutinho aponta para a existência de 200 novos casos/ano em Guimarães e alerta para a importância de um diagnóstico precoce: “A deteção precoce é importante porque diagnostica numa fase inicial, numa altura em que os tratamentos têm uma maior probabilidade de serem bem-sucedidos. A taxa de cura está completamente relacionada com a fase em que diagnosticamos a doença”. Acresce o facto que se a doença for detetada cedo, “os tratamentos tendem a ser menos mutilantes”. Ao invés de seguir o caminho da mastectomia, opta-se pela cirurgia conservadora.

Acrescentar ao que já foi feito

Dados revelados à Lusa pela Clínica da Mama do IPO – Porto apontam para uma “taxa de cura de 98% aos cinco anos” nos 1600 casos de cancro da mama tratados, sendo que 50% foram detetados em fase inicial. O coordenador da Clínica da Mama e diretor do Serviço de Cirurgia do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, Joaquim Abreu de Sousa sublinha, à mesma fonte, que “65% das doentes foram tratadas sem necessidade de mastectomia total.”

Os dados são corroborados por quem está no terreno. Isabel tem “verificado que o recurso à mastectomia tem diminuído” e há mais cirurgias conservadores: “Dessa forma, a mulher não se sente amputada.”Um estudo, realizado pela consultora GFK, destaca o cancro como doença que mais preocupa os portugueses, sendo que os tumores de mama e pulmão figuram no topo da lista.

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A médica Camila Coutinho sublinha que o cancro da mama “tem grande expressão” e “com mais incidência nas mulheres”, mas também destaca os desenvolvimentos da medicina, que permite mais “personalização nas técnicas de diagnóstico e de cirurgia”. “A oncologia que nós fazemos no presente não tem nada a ver com a oncologia de há dez anos. Houve uma grande inovação no tratamento do cancro”, assinala. A diretora do serviço de oncologia acrescenta: “Não curamos como gostaríamos de curar, mas acrescentamos muito àquilo que fazíamos.” Isabel também deixa elogios ao trabalho feito pelo serviço de oncologia. O polo do movimento Vencer e Viver é no Porto, mas a voluntária considera que, no que concerne às mulheres mastetomizadas, o “serviço está a trabalhar muito bem.”

A comunidade na luta contra o cancro

Na luta contra o cancro, entra também a comunidade vimaranense. No mês de outubro, a LPCC assinala duas efemérides – a 15 de outubro o Dia Mundial da Saúde da Mama e hoje, 30 de outubro, o Dia Nacional de Luta Contra o Cancro da Mama. A organização visa promover a consciencialização sobre a doença e incentivar o diagnostico precoce deste cancro.

“O Hospital está em articulação com a comunidade. Agora temos o ‘Outubro Rosa’. Neste âmbito, acabamos por participar em atividades com associações de doentes com os quais temos uma articulação muito próxima. Essas associações de doentes fazem ações para angariar fundos, e para alertar para a prevenção e diagnóstico precoce da doença. As associações ajudam os doentes na aquisição de medicamentos, próteses capilares, cadeiras de rodas”, afirma a médica oncológica. O Lions Clube contribui para a aquisição da primeira prótese mamária e faz um peditório em novembro para angariar dinheiro para a Liga Portuguesa contra o cancro e “entregam uma percentagem à oncologia do hospital de Guimarães”, assinala.

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As associações no terreno dão um apoio contínuo a doentes mais carenciados. A Associação Vencedores do cancro Unidos pela vida presta um apoio a doentes oncológicos referenciados pelo hospital de Guimarães. “A assistente social do Hospital de Guimarães identifica os casos mais necessitadas e direciona-nos as informações”, indica a presidente da associação Conceição Clavel. Neste momento, a associação ajuda 64 doentes com suplementos, transportes e medicamentos.

A cidade também assinalou o “Outubro Rosa” com uma ação simbólica. Quem saísse à rua no último sábado veria o castelo com uma cor diferente. A associação “Um Pensamento, uma Ação, uma atitude” colocou de focos cor rosa ao longo de uma das fachadas do Castelo de Guimarães.

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