LIONS CLUBE GUIMARÃES: “O NOSSO TRABALHO É SILENCIOSO”

João Vicente Ribeiro Salgado, 54 anos, entrou “há pouco tempo” na associação internacional. Em dezembro, assinalam-se os 50 anos da Lions em Guimarães; cada mandato na presidência tem a duração de um ano.

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João Vicente Ribeiro Salgado, 54 anos, entrou “há pouco tempo” na associação internacional. Em dezembro, assinalam-se os 50 anos do Lions em Guimarães; cada mandato na presidência tem a duração de um ano. Coincidência? O diretor sucursal acredita que sim. O presidente do Lions na cidade acredita que nasceu “para servir” e, por isso, sente-se em casa naquela associação.

© João Bastos/ Mais Guimarães

Como resumiria o Lions a quem não conhece esta associação?

Estou cá por iniciativa própria. Mas, nos Lions, a entrada é um pouco por convite. O nosso trabalho é silencioso e a maior parte das pessoas que está cá não quer aparecer, por assim dizer. Mas estamos presentes. Somos cerca de 80 associados. Normalmente temos um padrinho, que é alguém de dentro dos Lions que entra em contacto com alguém que tenha capacidades e que pareça beber do nosso código de ética. É assim com toda a gente. Os Lions começaram há 102 anos, foi a primeira ONG com assento na ONU. Somos cerca de 1 milhão e 400 mil pelo mundo, distribuídos por 47 mil clubes em 200 países. O Lions Clube de Guimarães é um dos mais antigos em Portugal. Vamos fazer 50 anos em dezembro.

Disse que está cá por iniciativa própria, mas também por convite. Por que motivo aceitou o convite?

Eu pertenço a várias instituições de Guimarães, sempre para servir e não para me servir. É o meu lema. Acho que nasci para servir. Entrei há pouco tempo e neste momento sou o presidente. Não aspirava sê-lo, mas deram-me essa honra. Viram em mim alguma capacidade para desenvolver este projeto. Tenho por trás de mim uma longa história, um legado para respeitar. O mandato dura um ano e temos de fazer ao máximo no espaço de 365 dias.


Sente uma responsabilidade acrescida pelo facto de o seu mandato coincidir com os 50 anos do Lions Clube de Guimarães?

Sim, sinto. É uma responsabilidade enorme, mas honra-me, mais uma vez. São coincidências. Não podemos esquecer há mais pessoas no clube que também estão prontas para o cargo. Nunca me passou pela cabeça ser presidente no 50.º aniversário desta instituição. Penso que vou cumprir um bom ano, mas não sozinho. Trabalhamos juntos e sem equipa não há resultados.

E o que é, então, ser um lionista?

Cumprimos rigorosamente o código de ética. Posso resumi-lo em algumas palavras: honrar, lutar, decidir, cultivar, ser e servir. Este ano, o objetivo é dar seguimento ao que se tem vindo a fazer. Tentamos sempre crescer o número sócios. Somos 81 e queremos que, este ano, sejam mais 12. Depois, andamos sempre à imagem do Lions internacional: onde há uma catástrofe, temos de ajudar. Felizmente, em Guimarães, não acontece. Por cá, fazemos campanhas de combate à diabetes e aos problemas de visão. Recolhemos óculos que depois são reciclados e enviados para países com dificuldades. Apoiamos ainda a juventude nas áreas que nos são solicitadas, ajudamos no combate à fome em famílias que precisem. No meio ambiente, foi criada uma parceria com a Câmara Municipal de Guimarães, que está sempre do nosso lado, para além dos mecenas, a floresta Lion. Fica ao lado do cemitério de Monchique e já lá plantamos cerca de uma centena de árvores. Temos o peditório da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Na recolha que fazemos pelo concelho, temos cerca de 500 pessoas envolvidas. A média de recolha é de 50 mil euros e parte da verba é sempre entregue ao serviço de oncologia do Hospital Nossa Senhora da Oliveira. Temos sempre campanha de próteses mamárias, uma situação para a qual o hospital tem dificuldade em dar resposta. No ano passado demos apoio a nove famílias carenciadas, doando a cada uma 750 euros provenientes da boa vontade de seis benfeitores. São bolsas de estudo. Qualquer pessoa que queira contribuir, pode. Já ajudamos refugiados, também.

© João Bastos/ Mais Guimarães

Não é preciso fazer parte do Lions Clube para colaborar convosco nas vossas ações?

Não. E esta casa não é uma casa rica. Tudo o que consegue angariar vem de várias frentes, entre subsídios camarários, de mecenas ou de benfeitores, e, principalmente, dos sócios. A nossa cota anual é bastante superior a qualquer instituição. Todo o dinheiro que entra é para sair.

“Trabalhamos juntos e sem equipa não há resultados”

No início desta conversa, disse-me que nasceu “para servir”. É um sentimento partilhado por todos os membros desta associação?

Acho que sim. Temos uma assembleia mensal e, como já disse, há lionistas que convidam pessoas de fora da Lions. Isso aconteceu comigo. A assembleia é um momento de convívio, fraternidade e companheirismo em que são debatidos problemas, por exemplo. E, então, fui a uma. Senti-me… Falta-me a palavra, mas diria que me senti enfeitiçado, sim. Senti-me em casa, logo desde a primeira hora. Identifiquei-me. Tal como noutras instituições das quais faço parte, atenção. E servir e não servir-se é o resumo de tudo isto. Isto não é nenhuma seita. Isto é lutar em equipa, com um líder anual, pelo mesmo objetivo. Todos para o mesmo lado, ajustamos as velas conforme as necessidades da comunidade.

Há alguma vertente religiosa no Lions?

Somos abertos a toda a gente, independentemente da religião. No fundo, somos de base cristã, não podemos negar. As sessões iniciam invocando-se o nome de Deus. Mas não é obrigatório esse Deus ser cristão. Se calhar a maioria é católica, mas não é motivo para se entrar ou se ser lionista. Não me perguntaram se era católico ou ateu quando entrei, percebe? Há uma grande diversidade de pessoas aqui, de vários quadrantes, também a nível profissional. Desde médicos a arquitetos, bancários.

“(…) sempre para servir e não para me servir. É o meu lema”

Essa diversidade também se observa no que diz respeito ao género?

Sim, claro.

Foi sempre assim?

Não, no início era só para homens. Mas, como tudo na vida, foi evoluindo. Eu sou a favor de que cada vez mais haja mulheres em todas as áreas. Estamos a incentivar para que pelo menos as esposas adiram. Somos companheiros: se a esposa vem às reuniões por que é que não é Lion?

Mas não acontece o contrário? Ser o homem o convidado porque a mulher já é lionista?

Sim, sim. Temos várias e já entraram bastantes, sim. Houve um ano em que crescemos bastante e a maior parte dos novos sócios era do sexo feminino. Acho que é essencial ter equilíbrio.

© João Bastos/ Mais Guimarães

Disse-me que há uma grande diversidade no que diz respeito, também, à ocupação profissional. Mas suponho que seja necessária alguma disponibilidade económica para ser lionista…

Sim, mas depende de cada leão. A quota mensal é mais alta do que noutras instituições. O valor é duas vezes mais do que ser sócio do Vitória, por exemplo. Aqui, como a quota é para serviços internos e externos, é natural que seja mais elevada. Mas depende da disponibilidade de cada um. Isto não é nenhuma elite.

Sente que existe essa perceção?

Sim. E eu quero que isto seja mais aberto do que o que tem sido. Foi um dos factores que me levaram a aceitar ser presidente. Entre os projetos que tenho, o prioritário é sair destas instalações, deste apartamento. Quem passa aqui não sabe que esta é a sede do Lions em Guimarães. O meu sonho é que o Lions tenha uma loja de rés-do-chão para estar mais próxima da sociedade. É difícil arranjar voluntários, também.

Qualquer pessoa pode pedir ajuda?

Sim. No ano passado, duas famílias pediram ajuda. Fizemos uma análise e fizemos atribuição de fundos ou bens. Damos sempre as bolsas de estudo. No ano passado demos nove, mas queremos mais. É só para universitários, porque é nessa fase em que há mais gastos. Tem tido uma adesão… Quem recebe, fica muito sensibilizado, e nós também. Emociono-me muito.

E quais os planos para o 50.º aniversário do Lions Clube em Guimarães?

Temos alguns. Posso dar aqui em primeira mão uma novidade: estamos a preparar, com outras instituições, o evento “Guimarães de Mãos Dadas”, marcado para janeiro. A receita reverte para os serviços de oncologia do Hospital Senhora da Oliveira. Para além disso, estamos a organizar fóruns em escolas secundárias para sensibilizar os jovens para o Alzheimer e a demência. Cada vez mais jovens veem os seus avós a sofrer com estas doenças e é necessário que saibam o que fazer. Depois, estamos a recolher material escolar para crianças de um campo de refugiados na Jordânia. Também estamos a trabalhar para que o monumento Lions seja mais visível e a tentar organizar o maior passeio de carros antigos, convidando outros clubes do nosso distrito. Outra das novidades é a criação dos Leos de Guimarães, para os mais jovens se integrarem no movimento, cuja quota anual será de cinco euros. Estamos a trabalhar para que seja um bom ano. E vai ser.

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