Não deixam nada!
Por Mariana Silva.
Por Mariana Silva “Atualmente, existem cerca de 1,3 mil milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza e 700 milhões vivem em pobreza extrema” a nível mundial, podemos ler no comunicado das Nações Unidas (ONU) sobre a erradicação da pobreza.
Em Portugal as condições de vida tornam-se cada vez mais precárias a todos os níveis: o direito à habitação é uma miragem, com a especulação imobiliária a ganhar terreno, a conta do supermercado aumenta todas a semanas para os bens essenciais, e há produtos com subidas superiores a 70%, o combustível está nos 2 euros por litro e o emprego continua para grande parte dos portugueses no patamar do salário mínimo o que apenas permite que os trabalhadores sobrevivam.
Vota-se o Orçamento de Estado 2023 na generalidade na Assembleia da República, mas neste orçamento os apoios para quem precisa são poucos enquanto o aumento do salário mínimo é chutado para 2026 para não dizerem que não sofrerá aumento.
O Governo anunciou um apoio social para 150 mil crianças e jovens que vivem em pobreza extrema em Portugal, um número assustador se pararmos para pensar que a pobreza não se mede só na falta de rendimentos, falta de alimentação nutritiva, mas também na falta de acesso aos serviços básicos, acesso a saneamento, a habitação condigna e segura, acesso a cuidados de saúde, igualdade de oportunidades e garantia de condições de trabalho.
Estão sinalizadas no nosso país 150 mil crianças e jovens em condições indignas de sobrevivência e que lutam todos os dias para que a isso não lhes seja apresentado como uma fatalidade, mas sim como uma realidade que pode e deve ser alterada. É urgente lutar pela dignidade das pessoas, dos trabalhadores que mesmo trabalhando não conseguem sair da pobreza e muitos caminham para a pobreza porque não conseguem fazer frente ao custo de vida.
É essencial recordar, as vezes que forem necessárias, que a pobreza aumenta à mesma velocidade com que cresce a riqueza de apenas alguns. No mesmo comunicado, pode-se ler que “com a pandemia, a falta de condições e as desigualdades aumentaram, acentuando o fosso entre ricos e pobres: enquanto milhões lutavam pelos seus direitos e condições laborais, outros – a minoria bilionária – registou aumentos de riqueza sem precedentes.” Talvez assim alguns fiquem mais convencidos, sobretudo aqueles que votam contra as propostas do aumento do salário mínimo para os 800 euros ou os que também votam contra as propostas para se regularizar o mercado da habitação e da energia.
Várias condicionantes se conjugam para que o número de pessoas a viver na pobreza aumente no Mundo, das consequências das alterações climáticas chuvas intensas que destroem culturas e casas, ao prolongamento dos períodos de seca que torna os solos incultiváveis, e ainda à gestão das consequências económicas de uma pandemia e agora de uma guerra na Europa.
No entanto, precisamos de continuar a exigir que as opções políticas não persistam em engordar as grandes empresas e os bancos, que só este ano viram os seus lucros aumentarem mais de 70%, mas mesmo assim continuam a ser apoiados, e que se combata a especulação.
A luta pela dignidade, pela igualdade e pela conquista de direitos tem que sair cada vez mais reforçada, para não permitirmos que “eles comam tudo e não deixem nada”.
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