“NÃO POSSO, NEM DEVO GOVERNAR UMA FREGUESIA SEM SER DE FORMA SUSTENTÁVEL”

É das poucas mulheres na presidência de uma Junta vimaranense, mas sente-se orgulhosa de representar um povo que é o seu.

fátima saldanha

É das poucas mulheres na presidência de uma Junta vimaranense, mas sente-se orgulhosa de representar um povo que é o seu. Fátima Saldanha considera que a vila de Brito está bem desenvolvida a nível cultural, tendo mais carência no que ao associativismo diz respeito. No entanto, revelou, há novidades a surgir em breve. A proximidade com a população é um dos destaques do seu mandato.

Este é já o seu 2.o mandato aqui na Junta. Que balanço faz deste período?

Aqui no caso de Brito, a herança foi pesada. E por ter sido pesada, criou-me alguns constrangimentos para eu fazer o que gostaria de fazer. Mas é um balanço muito positivo e ainda mais gratificante é este segundo mandato, porque podemos dar continuidade a algumas ideias que surgiram no primeiro e que não foram concretizadas. O segundo mandato dá-nos essa oportunidade, de haver uma continuidade. Até porque já conhecemos também melhor o território, se já o conhecia anteriormente, trabalhar aqui na junta desde 2005 deu-me a possibilidade de ainda conhecer melhor as pessoas e perceber melhores as necessidades da freguesia.

Referiu uma “herança pesada”. O que encontrou quando cá chegou?

A herança pesada vem no sentido de: foi feita muita coisa cá em Brito mas não houve o retorno financeiro, isto é, ficou tudo em aberto e tive de resolver. Obviamente que quando se paga coisas que estão para trás, não conseguimos fazer nada. É muito difícil. Podemos ter ideias para concretizar, mas não temos como concretizar.

E foi fácil fazer a população entender?

Há um misto. Há que não queira entender e depois há aqueles a quem, se falarmos e explicarmos com calma, entendem. Os resultados desta segunda candidatura acabaram por responder um pouco a isso, porque se as pessoas não confiassem não tinham votado. Pode haver 100 pessoas muito ruidosas, que parece que representam a freguesia, mas depois há o dia-a-dia, o contacto com as pessoas, em que sinto um carinho enorme. Se há esse tipo de ligação é porque as pessoas sabem que iremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para proporcionar o melhor à população.

A principal diferença do primeiro para este mandato é então essa capacidade de poder trabalhar mais as suas ideias?

Sim, já conheço melhor ainda as necessidades que não consegui resolver anteriormente e que agora queremos resolver e já estamos a trabalhar de forma diferente. Uma série de coisas já ficaram resolvidas, sendo certo que não está tudo resolvido. Temos um valor que nos está a ser retirado do fundo de financiamento, e que será por um período bastante longo, que nos inibe de trabalharmos de forma como gostaríamos. É um constrangimento, cria-nos dificuldades, mas não será um entrave e havemos de honrar tudo e fazer o que estiver ao nosso alcance para melhorar as condições de vida da população.

O que considera que tem mesmo de ser feito até final deste mandato?

A freguesia tem tantas, tantas necessidades… mas claro que temos de ter algumas prioridades. Eu não posso, nem devo, governar uma freguesia sem ser de uma forma sustentável e com equilíbrio. Desta forma, estamos a trabalhar com o Município de Guimarães, que obviamente é uma mais-valia, e o mais prioritário são pavimentações em ruas. Depois, se há uma rua que tenha espaço para ter passeio, temos de ter o cuidado de fazer pavimentação e passeio. Mas também temos de ter o cuidado de perceber se já têm as infraestruturas, como o saneamento ou água, para não corrermos o risco de estar ali a fazer uma pavimentação para depois tirar tudo. Claro que isto acaba por atrasar um pouco os processos. E temos que dar continuidade, apesar de não ser connosco, às redes de saneamento, porque dizia-se que teríamos 90% de saneamento na freguesia, mas a verdade é que não temos. E é a isso que estou a dar prioridade, sendo certo que há muitas outras coisas. Para além destas obras há o trabalho social, que aqui é muito importante. Os serviços que temos aqui são importantes e, devido à falta de verbas, para conseguir segurar, é uma luta diária. Temos os CTT, temos o Espaço do Cidadão, temos a secretaria da Junta, temos o aconselhamento jurídico, em que há um técnico uma vez por semana, temos a enfermaria, que funciona todas as manhãs fruto de um protocolo com uma entidade trata de tudo e nós apenas cedemos o espaço e temos também uma psicóloga.

Como carateriza esta vila e a sua população?

Nesta vila, e como em qualquer outra, temos aquelas pessoas de raiz, que estão cá desde sempre, e temos aquelas que vieram para cá residir. Cada pessoa desta freguesia diz-me muito e sei quase o nome de todas as pessoas, sobretudo as de mais idade, porque são aqueles rostos que eu sempre vi, aos quais sempre houve uma ligação. É um povo forte, com garra, que gosta de lutar pelas suas coisas e que tem orgulho na sua vila.

Nota que Brito, por ser perto da cidade, acaba por chamar mais gente de fora?

Sim, e teríamos muita mais gente, mas é uma das faltas que temos. Temos pouca habitação, nem para alugar nem terra para construir. Mas sentimos que sim, que há muita gente que quer vir para cá. A verdade é que aqui na vila temos um pouco de tudo. Estamos perto da cidade, temos piscina, temos ginásio, temos a igreja, temos os supermercados e para quem tem crianças temos as ofertas todas também. Ao ter todas estas ofertas é um chamariz. Nem é muito calmo nem muito movimentado, tem um parque de lazer que foi um dos primeiros.

A proximidade com a população é um dos fatores chave do seu mandato?

Acho que ninguém o pode negar. O lema da minha campanha foi “A Presidente de Todos”. Se queremos ser coerentes e verdadeiros, não vamos estar sempre a dizer aquilo que do outro lado querem ouvir e quando isso acontece, o que eu noto, é que as pessoas tentam fazer perceber que não sou assim tão próxima ou que não tenho assim tanto interesse em querer resolver as situações. Mas não é verdade, de todo. Pelo facto de dizer uma coisa que a outra pessoa não vai gostar, não quer dizer que não tenho uma postura correta. Nunca fechei a porta ou nunca disse que não, quando consigo. Obviamente há coisas que não consigo mesmo e não sou de género de “estar a empatar”, de dizer que sim e que vamos tratar, quando sei que não é possível. Mais vale ser aberta. O carinho que sinto na rua é o que me motiva.

 

Leia a entrevista na íntegra, na edição desta semana do Mais Guimarães.

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