NO JOGO COMO NA VIDA…

Quantos passos se podem dar em um segundo?

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O jogo é uma metáfora da vida, nos curtos minutos que dura um jogo, de qualquer desporto, trava-se uma luta com o destino. Talvez por isso o fenómeno desportivo mova tantas paixões, porque projetamos nos nossos heróis os nossos desejos e as nossas frustrações. Delegamos neles, durante o tempo que dura a partida, a responsabilidade de nos representarem nesse teatro maior, para depois exultarmos com os seus sucessos, como se fossem os nossos, ou para lamentarmos as suas derrotas, com uma dor sincera.Na vida, como no jogo, há momentos previsíveis, anos, meses aborrecidos em que não acontece nada. Há tempos feliz, em que o vento nos está de feição e tudo parece correr bem. Há outras alturas em que parece que o universo de organizou contra nós. É nessas alturas, em que tudo parece perdido, que emergem os líderes, aqueles Homens que são capazes de um gesto que anda algures entre o génio e sorte. A sorte acompanha normalmente este género de homens.

Miguel Maria Cardoso é um destes Homens, que num minuto muda uma vida, e um minuto pode mudar o mundo. A vida do Vitória mudou no último segundo deste jogo, em que chegaram a estar a perder por 12 pontos. A 22 segundos do final do jogo de basquetebol entre Vitória e Galitos, no sábado, dia 06, o resultado estava empatado (78-78), a posse de bola era do adversário, após um desconto de tempo.

A bola foi colocada em Diogo Correia e logo o base do Vitória correu a fazer a marcação. O relógio estava a contar, marcava 18 segundos. Queimou alguns segundos o jogador do Galitos. Quando o Dominic Lee trocou de posição com o colega e ficou com a bola para decidir, o cronómetro marcava 14 segundos. Um contra um com Williams, nas calmas e o relógio a contar. Antes do que seria de esperar, até porque não estava na melhor situação para o fazer, Dominic Lee lançou de longe, um falhanço, a bola ainda iria no ar quando o jogador do Galitos se arrependeu. Era tarde, os dados do destino estavam lançados. Ter-lhe-ia bastado segurar a laranjinha mais um segundo nas mãos.

No ressalto Nealy ganhou a bola, o cronómetro marcava 2 segundos, e meteu em Cardoso. Quantos passos se podem dar em um segundo? Um campo de basquetebol, de cesto a cesto, tem 28 metros. É impossível percorrer 28 metros e lançar, em um segundo. Há decisões de um momento que mudam uma vida inteira. A decisão que Miguel Maria Cardoso tomou em menos de um segundo mudou a sorte do jogo. Num segundo decidiu rodar e correr, sete, oito passos, é difícil contar com precisão, nem mais nem menos do que os que é possível dar em um segundo driblando uma bola e deixando um adversário para trás. Certo é que não conseguiu sequer percorrer metade do campo. Depois podia ter passado, tinha um colega mais adiantado, mas não o fez! Assumiu a responsabilidade de laçar na passada. O último segundo do jogo, foi o tempo que a bola levou a percorrer os 16 metros desde a posição do jogador até ao cesto.

Nestes momentos os sentidos dos jogadores fecham-se a tudo o que é externo ao jogo. Naqueles dois segundos Cardoso só via a bola e o cesto, nem se pode dizer em boa verdade que via, porque dois segundos é menos tempo do que o que precisamos para tomar consciência de qualquer alteração ao nosso meio ambiente, ele sentia a bola e o cesto. Quando a bola entrou e pavilhão explodiu, num êxtase próprio de quem depois de julgar tudo perdido recupera tudo no último momento.

A sorte acompanhou o Vitória e o gesto do Cardoso, mas nunca lhes faltou vontade de lutar e foi isso que no final ditou o resultado. O jogo imita a vida, mas a vida também pode imitar o desporto. Muita gente terá saído do Pavilhão do Vitória, no sábado, inspirada para mais uma semana de luta.

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