O ELÁSTICO DOS CORREIOS EM GUIMARÃES
O Mais Guimarães foi perceber o que mudou nos postos do CTT do concelho e as alterações introduzidas pela empresa portuguesa. Mais perto ou mais longe uma coisa é certa: enviar uma carta está mais caro.

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O Mais Guimarães foi perceber o que mudou nos postos do CTT do concelho e as alterações introduzidas pela empresa portuguesa. Mais perto ou mais longe uma coisa é certa: enviar uma carta está mais caro.Desde que foram privatizados, os CTT encerraram e abriram diversos postos de correio. Sindicato mantém protestos e entrega na Assembleia da República petição com nove mil assinaturas a exigir o regresso da empresa à esfera pública.
Em Guimarães, a primeira grande alteração aconteceu bem no centro da cidade, em 2016. Depois de 40 anos localizado na rua S. António, o principal posto de Correios transferiu-se para a rua Teixeira Pascoais (Quintã).
Os serviços centrais de distribuição postal e de encomendas de Guimarães passaram para as novas infraestruturas. As novas instalações receberam críticas dos utentes devido ao tempo de espera e à falta de lugares sentados para quem aguarda pela sua vez no atendimento. Situações que foram normalizadas com o tempo.
Quanto ao prédio dos antigos CTT, com cinco pisos e que começou a operar nos anos 70 do século passado, pode ainda receber um balcão dos CTT caso a Câmara Municipal de Guimarães mantenha o desejo de instalar uma Loja do Cidadão na cidade. A intenção foi divulgada por Domingos Bragança, presidente do município, a 10 de novembro de 2016. O edil assumiu que ainda não há local escolhido, mas gostaria que o edifício ficasse instalado num local que “seja central à cidade”, permitindo a revitalização de “zonas excecionais” que “não têm o movimento que deveriam ter”. A rua de Santo António “poderia ser uma possibilidade”, disse.
Questionado sobre a hipótese de a loja ficar instalada no edifício dos CTT, o autarca relembrou que a decisão final é do governo, até porque a autarquia não tem nenhum edifício, mas gostaria que o imóvel tivesse “uma função” e por isso quer “encontrar parcerias para que aquilo funcione melhor”.
Junta ajuda na cidade
Já em outubro de 2017, a Junta da União de Freguesias de Oliveira, S. Paio e S. Sebastião inaugurou um novo posto dos CTT. Na cerimónia, Rui Porfírio, presidente da Junta da UF da Cidade, mostrou-se muito satisfeito pela abertura de um posto que vem resolver vários problemas, especialmente para os idosos, que desde o encerramento do posto na rua de Santo António, tinham que se deslocar para a Quintã.
Prédio dos antigos CTT, com cinco pisos e que começou a operar nos anos 70 do século passado, pode ainda receber um balcão dos CTT caso a Câmara Municipal de Guimarães mantenha o desejo de instalar uma Loja do Cidadão na cidade.
Por sua vez, Ricardo Costa, vereador do Partido Socialista na Câmara Municipal de Guimarães, afirmou que os vimaranenses querem “mais e melhores serviços CTT, porque são um povo exigente”, mostrando-se convencido de que este posto “vai aproximar os cidadãos deste serviço público”.
Ricardo Costa lançou na altura ainda alguns desafios aos CTT: “estou convencido que os CTT podiam dar um passo maior, ou seja, fazer com que todos os Espaços de Cidadão nas Juntas de Freguesia acolhessem um posto. Seria bom a nível de coesão territorial e de mobilidade”.
Desde de que foi inaugurado, o posto de CTT recebeu cerca de 12.000 pessoas, com uma média de 100 pessoas por dia, em serviço “completo”. “Por vezes há um fluxo enorme e por vezes temos vagas. Vamos conseguindo gerir, pois temos uma funcionária dos CTT e o apoio da nossa funcionária”, conta Rui Porfírio. O presidente
da Junta frisa que está a correr bem, apesar das queixas dos utentes nos serviços dos CTT. “Há pequenos conflitos que existem mais por causa dos CTT do que por nossa causa, que têm sido resolvidos, mas os CTT não são uma máquina afinada”, explica.
Rui Porfírio adianta que está a renegociar com a empresa portuguesa o contrato que até agora “só paga os serviços”. “Não temos prejuízo com eles, mas entendo que a nossa relação é com uma empresa privada e deveremos de ter verbas para horas extras ou para rentabilizar o espaço. Penso que a partir de junho a tabela vai ser diferente e vamos ter um bocado de folga em termos de verbas”, diz.
Várias alterações na vila das Taipas
Em dezembro último, a vila das Taipas também teve que se ajustar a algumas alterações nos postos de CTT. Findo os seis meses do primeiro contrato celebrado pela Junta de Freguesia de Caldelas com os CTT, as duas instituições acordaram não renovar contrato de prestação de serviços para manter posto dos CTT na Sede Junta de Freguesia.
A decisão de não renovação do contrato de prestação de serviços que instalou um posto dos CTT na Junta de Freguesia de Caldelas, a cerca de 100 metros da Estação de Correios, foi tomada depois de reunião de avaliação entre os representantes das instituições, findos os seis meses do primeiro contrato. No documento que sustenta a deliberação da Junta de Freguesia de denunciar o contrato de prestação de serviços pode-se ler que as principais razões para a não continuação do serviço são: “o baixo número de vale de reformas pagos e que tinha motivado a instalação do posto; o serviço dar prejuízo à Junta de Freguesia, que financiou com o dinheiro dos contribuintes a manutenção daquele posto; a perspetiva futura dos CTT de deixar de retribuir os parceiros com a comissão fixa, mantendo apenas a comissão variável, como já acontece nos novos contratos a celebrar, o que significaria mais prejuízo; a incapacidade da Junta de Freguesia de cumprir com as suas obrigações contratuais, por falta de recursos humanos, e falta de condições de segurança, designadamente, garantir que os serviços contratados estivessem todos disponíveis e garantir o cumprimento do horário de funcionamento por falta de recursos humanos; garantir condições de segurança”.
No mesmo documento também se dá como garantido, pela voz do representante dos CTT’s, o não encerramento da estação de Correios em Caldas das Taipas, e a continuação dos serviços postais e dos restantes serviços disponíveis aos taipenses.
Barco continua a “batalha”
A Freguesia de Barco viu encerrar o posto dos CTT no verão de 2017, deixando a população “indignada” e cerca de 600 idosos sem saberem como levantar a reforma. O serviço até funcionava num café e os CTT não pagavam salário a qualquer trabalhador, porque era Isabel Correia, a dona do estabelecimento, que tratava dos pagamentos de reformas e recebimentos de cartas. Só que “a falta de procura dos serviços” alegada pelos CTT ditou mesmo o fim do posto. O mais próximo fica agora a três quilómetros.
Sérgio Silva, presidente da Junta de Freguesia de Barco, assume que o encerramento do posto continua a ser um grande entrave para as pessoas daquela freguesia e para as freguesias vizinhas. “Acabou-se com um serviço de proximidade, que quase não tinha custos. Estamos a falar de quase 50 euros por mês”, explica.
O autarca refere que as pessoas continuam “revoltadas” e que a Junta continua a tentar reverter a extinção de um posto com mais de 20 anos. “Há dificuldade de mobilidade e existem pessoas com fracas condições económicas”. Contra esta medida foi lançada uma petição contra encerramento, com dezenas de assinaturas, que os CTT, segundo o autarca, “nem se limitaram a responder”. Sérgio Silva tomou conhecimento que um mandatário dos CTT passou pelas instalações onde estava localizado o serviço e que comunicou que a situação ia ser discutida internamente. “Oficialmente ainda não fui notificado de nada”, sublinha.
Famalicão resolve problema
Em Riba de Ave a situação ficou resolvida. Depois do anúncio de encerramento, a Junta de Freguesia da Vila de Riba de Ave inaugurou dia 12 de março um conjunto de serviços de atendimento ao público, principalmente o novo posto dos CTT, além do Espaço Cidadão e do Gabinete de Atendimento da Junta.
As pessoas de Guardizela utilizam o posto de Riba de Ave já que a população daquela freguesia tem o código Postal de Famalicão. O presidente da Junta de Freguesia de Guardizela, Paulo Silva, mostra-se satisfeito com a solução encontrada. “Parece que está a correr bem. A população não se queixou”, afirma.
Preços do serviço postal universal dos CTT sobem em média 4,5%
O novo tarifário dos CTT para o serviço postal universal já está em vigor, representando um aumento médio anual dos preços de 4,5% para envios de correspondências, encomendas, livros, jornais, publicações periódicas e correio editorial.
Por decisão de 23 de março, a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) considerou que a proposta dos serviços que integram o serviço universal, apresentada pelos CTT — Correios de Portugal, por carta de 15 de fevereiro, “cumpre os princípios e critérios de formação dos preços aplicáveis”, definidos pelo regulador em 21 de novembro de 2014.
A partir desse dia entrou em vigor o novo tarifário, que representa um “aumento médio anual dos preços de 4,5% para o cabaz de serviços constituído pelos envios de correspondências, encomendas, livros, jornais, publicações periódicas e correio editorial”.
Além disso, inclui também uma “redução média anual dos preços de 0,5% para os serviços reservados (serviços de citações e notificações postais)”, refere a Anacom.
A título de exemplo, uma carta até 20 gramas enviada em correio normal custava 0,50 euros e passará a custar 0,53 euros. Já nas notificações/citações, por exemplo, uma carta até 20 gramas tinha um custo de 2,31 euros e desce para 2,30 euros.
Opinião do funcionamento dos CTT na Quintã
“As filas são normais. Há mais gente quando se vai buscar a reforma. Quando era na rua S. António ficava a caminho da praça e tinha a paragem de autocarro ali ao lado. Com uma certa idade é mais difícil andar de um lado para o outro.”
Alzira Ribeiro, Reformada, 83 anos
“É normal esperam um bocado. Em termos de estacionamento é melhor que o antigo posto e está mais fácil de chegar aqui. No entanto, o outro posto parecia que ficava sempre a caminho. Quanto ao aumento dos preços digo que é tudo cada.” vez mais caro.
António Cunha, Empresário, 43 anos
“Não vejo grande diferença. Existem vários postos espalhados pela cidade e temos ainda um posto no Shopping. [Aumento dos preços] Quem paga são sempre os mesmos. Acho que era um serviço que não se devia ter privatizado.”
Francisco Costa, Estudante, 27 anos