O PASSADO JÁ É PASSADO, VAMOS PASSAR AO FUTURO
A opinião de César Machado
por César Machado
Advogado
A candidatura de Ricardo Costa à liderança da Federação Distrital de Braga do Partido Socialista é uma notícia que se saúda, por muitas e boas razões. As decisões tomadas nestes órgãos partidários estão muito longe de resumir os seus efeitos à esfera estritamente partidária, como é mais que evidente. Fazem-se aqui escolhas e criam-se oportunidades que o futuro revela decisivas para as populações de cada concelho. Ora, o problema é que “quem não aparece, desaparece”, como dizia inspirado autor. Quem não está não é lembrado, diz o povo. Guimarães, valha a verdade, tem andado muito desaparecido deste lugar. E, talvez por isso, é esquecido em algumas escolhas. Saber a razão pela qual, até ao momento, a concelhia de Guimarães do Partido Socialista teve sempre uma tradução partidária distrital assaz escassa, muito abaixo da sua real importância, com um relevo Incompatível com o peso eleitoral do concelho e com a sua dimensão social e económica, é assunto que levaria muito longe. Questões pessoais à parte -que é coisa que não tem aqui qualquer cabimento- o certo é que, evitar que Guimarães ocupasse a liderança distrital de Braga do Partido Socialista e representantes seus fossem nomeados para certos cargos, foi o motivo determinante, uma espécie de ” agenda oculta”, que uniu várias concelhias, em vários momentos. Não é normal que depois do 25 de Abril não tenha havido um único governador civil indicado pelo PS de Guimarães, quando, tantas vezes ou quase sempre, o seu peso eleitoral era o maior do distrito. Valha a verdade que o mesmo não sucedeu com o PPD ou PSD, que teve três governadores civis de Guimarães — Eurico de Melo, Fernando Alberto Ribeiro da Silva e Luís Cirilo. Com isto não perdeu apenas Guimarães; perdeu o distrito, directamente pela via da sua Federação do PS e indirectamente por tudo aquilo em que esta tem influência, e pode dizer-se, até, que terá perdido o país. Guimarães, e os socialistas de Guimarães, já deram provas que há aqui massa crítica suficiente para ter representantes nos lugares de maior relevo dos vários sectores da vida regional e nacional. E não tem. Ora, o que é preciso é perceber que isto é passado. E, como dizia o poeta, “o passado é já passado, vamos passar ao futuro”. O nosso património político genético é claro. Há um lado ideológico e um posicionamento no campo democrático que nos interpelam a saber para onde vamos e para onde queremos ir, tendo presente –sempre- o caminho feito, de onde viemos, o traçado que percorremos. A questão é agora a de saber lidar com as ferramentas do presente, saber ler os nossos dias, perceber o que queremos da região, do espaço que foi o distrito, de cada um dos seus concelhos, e de, com isso, construir o dia de amanhã. Não se trata de um pronunciamento contra ninguém – é antes uma necessidade a favor do futuro. Que deixemos de lado pequenas querelas internas em prol dos interesses mais globais, é o que se espera. Ou, numa palavra, juízo. É isto que se pede, desde logo, a uma concelhia que pode ter uma representação como antes não teve, mas também aos socialistas do distrito, que poderão ter uma liderança que saiba levar a região para os caminhos do futuro. O passado passou, o tempo não é de disputas estéreis, que o muito que está por vir e que é o caminho do futuro, está aqui já. O futuro é o foco. Ou, o foco é o futuro, como quiserem.PUBLICIDADE
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