por Rui Armindo Freitas
Economista e Gestor de Empresas

O desfecho do acto eleitoral que vivemos no passado fim de semana, parecia, a uma semana do mesmo, altamente improvável. Vendia-se na comunicação social uma luta histórica, um “taco a taco”, um “empatão”. O povo falou, o povo escolheu, e escolheu de forma inequívoca, prefere Costa, com uma governação moderada, e semear novas avenidas de crescimento à direita do PSD.

Tudo isto soa a estranho a muitos que acreditaram que era possível uma vitória, confesso que também eu acreditei, apesar de não ser um apoiante de Rui Rio no partido em que milito há mais de 20 anos. Preferia Rio a Costa, mas algo falhou. Desde logo a mensagem, mas mais do que isso a estratégia. Prova-se que fugiu dos braços do PSD um eleitorado que o PSD elegeu como seu, o centro esquerda. Rio sempre disse que as eleições se ganhariam ao centro, mas acaba a noite eleitoral culpando a ausência do voto útil à direita, curioso, precisamente da direita que desprezou. Ou seja, não só deixou a direita “à solta” nos últimos anos, permitindo terreno fértil para a criação de novos partidos, como não conseguiu captar ao centro, esse eleitorado de centro mostrou que não estava disposto a trocar Costa pela mensagem simplista de uma mudança que nunca foi explicada.

Mas para lá de toda esta estratégia e táctica…há o povo. Sim, e esse, é composto por todos aqueles com quem todos os dias nos cruzamos nas ruas…E quem são esses? Os partidos sabem para quem falam? Ou estão alheados daqueles que neles votam? O PSD parece que sim. O PSD falou para um país de aspirações, com preocupações de uma classe média que infelizmente é reduzida…O PSD não falou para um país que é o país das necessidades básicas. O PSD não falou para os idosos que vão paras as superfícies comerciais para se aquecerem porque as suas casas são frias…O PSD não falou para os operários que não vêm esperança para os seus filhos, num país com o elevador social avariado…onde os seus filhos nunca terão a oportunidade de outros com melhor sorte no berço. Este país existe, é fruto da política socialista, mas a oposição que dormitou nos últimos quatro anos à espera que o poder lhe caísse no colo, parece ter esquecido, que antes de complexas promessas de IRC mais baixo, o país está noutra…noutra miséria semeada pelo socialismo… No entanto todos estes, e apesar de criticarem um estado gordo e clientelizado, é esse estado no fim do dia a coisa que têm de mais certo para entregar a migalha que parece, de forma ilusória, garantir a dignidade. Por isso, e depois de ter visto uma vice-presidente do PSD a queixar-se do povo, percebamos porque o povo vota assim. O povo é composto por todos nós que só queremos o melhor para os nossos mais queridos.

Quanto a Rui Rio, como sempre disse, deverá cumprir o seu mandato até ao fim, sempre fez bandeira do facto de os cumprir, não só pode, como deve e tem essa oportunidade.

Já o PS tem maioria absoluta, não tem desculpas…Espero que seja um PS moderado e de matriz europeia como há 6 anos não vemos em Portugal. Costa tem a sua oportunidade de marcar o país, que não falhe a bem de todos nós.