O que fazer com 765€?

Por Mariana Silva.

Mariana Silva

Por Mariana Silva Quem recebe o salário mínimo nacional, que neste momento tem o valor de 760€, leva para casa cerca de 676€.

O custo de vida aumenta a cada dia que passa e o valor dos salários diminui a uma velocidade assustadora. A oferta de habitação é escassa, e a que existe está a preços incomportáveis, não é possível aos jovens saírem da casa dos pais e muitos casais voltam para a casa dos progenitores por não conseguirem cumprir com as suas obrigações.

A solução já nem sequer passa por alugar um quarto e dividir casa com os amigos ou colegas estudantes ou de trabalho, pois um quarto com casa de banho e cozinha partilhada está ao preço de uma casa.

A energia aumentou e com ela aumentaram os lucros das empresas de energia, o gás aumentou e com este aumento surgiram os subsídios do Estado para as pessoas conseguirem cozinhar e tomar banho. Quem recebe o ordenado mínimo nem se atreve a pensar em aquecer a casa, veste mais uma peça de roupa, “deita” mais um cobertor na cama.

As gripes e as constipações combatem-se com o chá de limão, os remédios são uma despesa adicional e este mês o empréstimo habitação voltou a aumentar. As crianças comem o lanche na escola, não porque é uma opção política de educar para uma alimentação saudável e igual para todos, mas porque as famílias não têm dinheiro para mais uma despesa.

O TDT não funciona no prédio, é preciso fazer contrato com uma empresa privada para ter acesso à televisão, à internet porque é necessário pagar a refeição escolar das crianças, fazer a inscrição nas actividades, responder a questionários sobre as mesmas e até sobre saúde mental, tratar da papelada do IRS, da segurança social, tudo digitalmente. Também esta conta subiu, mesmo tendo escolhido o pacote mais barato, à medida que subiram igualmente os resultados destas empresas.

A conta da água aumentou, mas não há nada a fazer, porque precisamos de água para beber, para cozinhar, para a higiene, para a limpeza da casa e das roupas. Ainda falta o seguro do carro, a inspeção, o IUC, quem sabe uma ou outra avaria.

Todas as semanas o carrinho das compras traz menos produtos e a conta é cada vez maior. Aumenta o preço dos produtos essenciais e nas notícias que ouvimos na televisão avisam que vai piorar, como se não fosse já suficiente o aumento das frutas, dos legumes, da carne, do peixe, do leite, do pão.

Já não era possível, e continua a não ser, ir jantar fora à sexta ou sábado à noite. Comprar roupa nova ou ir passear ao domingo é cada vez mais uma miragem.

Os restaurantes fecham, fecha o comércio, acumulam-se os espaços vazios e os papéis nas montras a anunciar a possibilidade de futuro. As taxas de desemprego não estão altas, mas os trabalhadores não vivem, sobrevivem com o salário baixo que auferem ao fim do mês.

Os trabalhadores saem aos milhares à rua, a pedir mais condições de trabalho, respeito pelas carreiras, aumento dos salários e qualidade de vida. Os trabalhadores saíram à rua no sábado em Lisboa, porque não se tratam só de números que se debitam nas televisões e os liberais vêm contrariar afirmando de pés juntos que ninguém está a lucrar com esta crise.

Não se enganam a si próprios, nem enganam os trabalhadores que ao fim do mês já não têm dinheiro. Apenas defendem os mesmos, os poucos que ganham tudo à custa dos que nada têm.

A única solução para fazer frente à crise e às dificuldades do dia-a-dia é aumentar os salários, é aumentar as reformas e permitir que todos tenham direito à saúde, à educação, ao pão e à habitação.

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