Por uma verdadeira educação alimentar
Por Adelina Paula Pinto.
Por Adelina Paula Pinto, Vice-presidente e vereadora da Câmara Municipal de Guimarães Diz-me o que comes, dir-te-ei o que serás
(provérbio inventado)
Vivem-se tempos difíceis! Este é um lugar comum, uma realidade que todos entendemos, embora de forma diferente!
Estes tempos difíceis estendem-se, como é natural, ao universo das nossas crianças e, sobre isso, escreveria dúzias de crónicas. Mas hoje queria escrever sobre educação alimentar.
As nossas escolas fornecem vários tipos de refeições. Desde logo o almoço, disponível em todas as escolas, desde o pré-escolar até ao ensino secundário. E, mais de 90% das nossas escolas tem confeção no próprio local, ficando apenas algumas pequenas escolas com refeições transportadas, por falta de condições da cozinha ou pelo número reduzido de refeições. Como também sabemos, as refeições das nossas escolas são escrutinadas, desenhadas segundo as orientações científicas e do Ministério da Educação, com todos os nutrientes para uma boa refeição. Temos de ter peixe variado, carne diversa, legumes em quantidade e variedade suficiente, dá-se preferência aos métodos de confeção mais equilibrados como estufados e assados com pouca gordura. Claro que as ementas, por muito bem desenhadas que estejam, precisam de boa matéria-prima (nem sempre garantida) e de bons profissionais que a executem (também nem sempre garantido). Mas mesmo garantindo a qualidade da matéria prima e a qualidade da confeção, nunca tivemos tantas crianças (e os pais) a criticarem e a recusarem a ementa apresentada: ou porque não gostam de sopa, ou porque o peixe não é bom (na maior parte das vezes não há hábitos de consumo de peixe em casa) a deixarem de lado os legumes, por muitos desconhecidos. Mas a cantina escolar foi e será sempre um espaço de educação, um espaço onde se aprende a comer, mesmo o que não se gosta, um espaço onde se aprende que se deve evitar o desperdício alimentar, um espaço onde se partilha com o colega, o amigo, o menino da outra turma. Mas o que não é normal, o sinal dos novos tempos, é a nova atitude dos pais e encarregados de educação. Não querem que o filho(a) coma sopa porque em casa também não come, questionam o peixe que é dado, questionam a quantidade de comida que é colocada no prato, mesmo sabendo que o seu educando não come sequer a que lhe é colocada no prato ou que pode repetir as vezes que entender! Uma fotografia apresentada sem o devido contexto e colocam tudo em causa! Estas atitudes colocam em causa todo o trabalho pedagógico que as cantinas sempre fizeram, mesmo que muitas vezes questionássemos a qualidade de alguns produtos ou a forma como são confecionados! E, no caso dos alunos mais velhos, resolve-se o problema deixando o seu educando sair da escola e comer no fast food da esquina!
Mas esta situação não se fica pelo almoço! No caso dos Jardins de Infância e das escolas do 1º ciclo, há oferta do leite escolar, da fruta escolar, do lanche da tarde e dos complementos alimentares da manhã e da tarde! Este é um grande investimento da Câmara Municipal de Guimarães, apostando assim na oferta duma alimentação saudável a todas as crianças ao longo do dia (e temos muitas crianças que ficam muitas horas na escola), igual para todos, evitando alguns olhares para lanches menos opulentos, e para ajudar os pais na difícil tarefa de preparar as mochilas alimentares para os seus filhos. E, mais uma vez, vivemos tempos difíceis. Muitas crianças não bebem o leite escolar ou o iogurte e tiram do saco o seu sumo preferido. Não gostam do pão (geralmente mais escuro, como deve ser), não gostam do queijo e não querem comer a fruta. De cada mochila dos alunos vão saindo bolos, produtos processados e afins! Desaparece a alimentação saudável, a igualdade para todos e continuamos com uma alimentação que vai favorecer crianças com hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes tipo 2, doença coronária, apneia do sono, alguns tipos de cancro, entre outras patologias.
O serviço de pediatria do Hospital de Guimarães e o Serviço de Obesidade já vieram alertar várias vezes para este grande problema: crianças mais paradas e dependentes dos ecrãs, com uma alimentação errada, serão crianças obesas com grandes riscos de saúde associados. E Guimarães tem vindo a assistir a um aumento assustador do número de crianças obesas ou em risco de desenvolver obesidade.
Mas nas nossas escolas continuamos a ter leite que não é bebido, fruta que não é comida, pratos de comida que vão para o lixo porque não agradam aos pequenos ditadores que vamos criando!
Com a consciência do muito que temos a melhorar em cada escola, em cada cantina, este é o caminho que continuaremos a trilhar! Com a consciência que este é o caminho, o único caminho, para termos adultos mais saudáveis!
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