Porque morrem os bons?
Por Carlos Guimarães.
por Carlos Guimarães
Médico urologistaEsta coisa da idade que cresce na parte da curva que desce não traz nada de bom. Envelhecer é uma chatice, vejo-o mais do que sinto, mas já o sinto. Os sonhos rareiam e a alcateia fica cada vez mais pequena. Quando o telefone toca e o ecrã se ilumina com o nome de alguém que não nos fala há muito tempo, hesito em atender com o mau pressagio de uma morte que se anuncia. Tantas vezes bate certo nesta parte da curva que desce e a idade cresce. A morte é sempre inesperada e parece que os bons morrem primeiro. Este desalinho cava uma sensação de injustiça maior. Porque morrem os bons?
É bom estar ao lado de pessoas felizes. Contudo a felicidade não é eterna, é um mito volátil e é nas águas mansas da nostalgia que nos damos a conhecer melhor. Por vezes os maus momentos trazem boas revelações.
É bom ter amigos que são gente grande, que não procuram o tapete vermelho, mas que estão entre os melhores, que não se exibem e são considerados, que ajudam e sorriem. Que salvam. Amigos que partem e jamais serão substituídos pelos que chegam. Porque morrem os bons?
Não há dias iguais, alguns, não sendo luminosos mostram a escuridão que existe além da luz, outros trazem dores no corpo e muitos fazem doer a mente. Há dias de lágrimas, de risos incontidos, dias de água e dias de vinho, dias de ódio e dias de amor. Todos os dias são diferentes, mas uns são mais diferentes e outros de tão diferentes que são, são mesmo dias de merda. “O dr. Abreu morreu”, porque morrem os bons?
Há um mundo misterioso e fechado em cada um de nós, por vezes escondemo-lo tanto que até a nós próprios parece secreto. Todos construímos esse recanto que só a nós pertence, aquela parte restrita onde só entra quem tem um código especial, a maior parte das vezes não entra ninguém.
O abraço não é apertar nos braços outra pessoa é sentir essa pessoa. Morrem os bons, mas não morrem os abraços.
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