Recordar… o Vitória #45

Por Vasco André Rodrigues.

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Por Vasco André Rodrigues, Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’O treinador que terá vivido um dos momentos mais difíceis da história do Vitória.

Falamos de um homem que, no seu primeiro treino em Guimarães, proveniente do Paços de Ferreira, viu-se a logo a braços com uma inusitada situação: uma invasão ao treino, com alguns adeptos a quererem agredir alguns jogadores, principalmente o marroquino Faouzi.

Logo aí, Rui Vitória viu que o ambiente efervescente, apaixonado dos vitorianos seria uma das maiores vantagens que teria, mas, também, um dos seus principais inimigos.

Além disso, aquela temporada 2011/12 teve sabor a fel. Apesar de nomes como João Pedro, Pedro Mendes, Nuno Assis ou Marcelo Toscano, o Vitória não conseguiria qualificar-se para as competições europeias. Aliás, viveria uma temporada plena de instabilidade directiva, com Emílio Macedo da Silva a ter de resignar em Fevereiro ao seu mandato, abrindo caminho à vitória eleitoral de Júlio Mendes.

O sexto lugar final seria o retrato dos momentos negativos vividos, das aflições financeiras vividas, aliadas à instabilidade de um balneário em chamas.

A época seguinte começaria, ainda, pior. Minado pelas dificuldades financeiras, dizia-se que tinham chegado as “vacas magras” a Guimarães.
Na verdade, foi a altura dos jogadores com contratos mais onerosos partirem, procedendo-se, assim, a um emagrecimento de gorduras salariais.

Assim ao invés de Nilson, Pedro Mendes, Bruno Teles, Nuno Assis, João Paulo, Urreta, Edgar, os vitorianos depararam-se com um plantel composto por homens como Douglas, Tiago Rodrigues, David Addy, Ricardo Pereira, André André, Baldé, Paulo Oliveira, Josué ou Kanu. Atendendo à remodelação, temia-se o pior. Uma temporada negra.

Pelo contrário…seria uma das épocas mais belas da história vitoriana. O treinador, homem consensual no balneário, conseguiu formar um conjunto de soldados capazes de aliar a qualidade, em muitos casos forjada na Academia da Unidade, ao espírito inquebrantável de união. Assim, numa temporada que se previa negra… o Vitória lutou pelas competições europeias até à última jornada e marcou encontro com a eternidade, naquele inolvidável tarde de 26 de Maio, quando fez o Benfica de Jorge Jesus ficar de mãos a abanar, enquanto a Taça de Portugal viajava para Guimarães.

Desse dia, alguns pormenores do treinador e homem Rui Vitória. A preparação do jogo, com uma palestra a prever que o Vitória estaria em desvantagem, numa demonstração de um homem que estava atento a todos os pormenores. A superstição do autocarro jamais poder fazer marcha-atrás, o que quase causava um acidente em pleno Estádio Nacional. Aliás, Rui, apesar da excelência do seu trabalho, é homem de crenças, como quando se vira de costas para o campo quando a sua equipa dispões de uma grande penalidade. Por fim, a fé, quando com a Taça a repousar em seus braços, olhou para o céu e dedicou o troféu aos seus pais, tragicamente falecidos num acidente de viação.

Rui Vitória, na época mais difícil da história do clube, fazia história… era dono de um naco da mesma.

A temporada seguinte não teria as mesmas cores. Aliás, seria pintada a branco e a negro. O branco da primeira metade da temporada, até Janeiro, em que o Vitória andou nos lugares cimeiros e o negro que existiu a partir desse mês. Inexplicavelmente, após uma derrota frente ao eterno rival, em casa deste, os Conquistadores desmoronaram-se. O futebol bem articulado de jovens como Marco Matias, Tomané ou Maazou diluiu-se, completamente, depois de terem feito sonhar os vitorianos. Ainda assim, a equipa na fase de grupos da Liga Europa conseguiu golear o Rijeka, empatar em Lyon, perdendo o apuramento para a fase seguinte da competição graças a uma inenarrável arbitragem em Sevilha.

Aliás terá sido nesse período que os vitorianos mais contestaram o técnico. A série de maus resultados poderia tê-lo afastado do comando da equipa, algo que o, então, presidente Júlio Mendes evitou.
Terá feito bem, pois apesar do nono lugar final, na temporada seguinte, e a última em que Rui Vitória esteve ao leme da nau dos Conquistadores, o Vitória conseguiu fascinar o país.

Mais uma vez o dedo do treinador, apesar de ter perdido homens como Paulo Oliveira ou Maazou fez-se notar. Fruto da sua coragem em apostar nos jovens apareceram nomes como Cafú, Hernâni, Bernard ou Alex, sendo que não teve qualquer pejo em lançar jogadores, na altura, desconhecidos como Bruno Gaspar, João Afonso, Traoré ou Jonathan Alvez.

O Vitória arrancou em grande… jogava, encantava, ganhava! Bernard pegava na batuta e comandava as tropas. João Afonso, proveniente do B. Castelo Branco liderava a defesa. Hernâni fintava e voltava a fintar, para dar golos a marcar. Todos os sonhos eram possíveis e, depois daquela vitória por duas bolas a uma frente ao Moreirense, na véspera do Pinheiro um chavão ecoou, entre o rufar das caixas e dos bombos: que belo é o Pinheiro com o Vitória em primeiro!

Havíamos de chegar a Janeiro com os Branquinhos nos lugares cimeiros. Porém, aí tudo ruiria. Com as vendas de Traoré para o Basileia e de Hernâni para o Porto, a harmonia da equipa fraquejaria. Apesar de terem chegado Otávio, Sami e Ivo Rodrigues, os Conquistadores perderiam o élan. Os sonhos milionários ruiriam! Ainda assim, a Liga Europa seria uma realidade com a conquista do quinto posto final.

Rui Vitória partiria rumo ao Benfica para substituir Jorge Jesus. Porém, para a história ficará como um homem que, sempre com um sorriso nos lábios, conseguiu ajudar a vencer a fase mais difícil da história do nosso clube. Aliás, a simbiose ainda é tanta que, carinhosamente, trata o nosso clube pelo “meu Vitória”. O Vitória de Vitória, diremos nós!

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