Sete dias depois, “fomos recebidos com muito amor e com muita atenção”

Afeto, solidariedade, respeito, integração e muita entreajuda. Estes são apenas […]

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Afeto, solidariedade, respeito, integração e muita entreajuda. Estes são apenas alguns dos valores que os refugiados ucranianos que chegaram à cidade berço reconhecem nas famílias de acolhimento vimaranenses.

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A verdade é que a onda de solidariedade tem superado as expectativas e também as iniciativas particulares se fazem notar. É precisamente o exemplo de Adriana Castro, do Guimagym, uma das responsáveis pela chegada dos primeiros refugiados ucranianos à cidade, no passado dia 8 de março, e que abriu as portas da sua casa.

A estadia de seis anos na Ucrânia, para formação universitária, não a deixou indiferente à causa humanitária, mas foi também essencial a estrutura criada pelo Guimagym.

“Quando começou o conflito foram dias muito aflitivos para mim. Acolhi uma família de 5 pessoas e entre elas está a minha professora da faculdade, que veio com o marido, filhoeu neto”. Foram ainda acolhidas outras quatro ginastas e as suas mães, que já cá tinham estado aquando do Torneio Internacional de Ginástica Rítmica.

“É um desafio enorme porque estas pessoas vêm de cenário de guerra e chegam com expectativas de se conseguirem rapidamente estabelecer aqui, mas não por muito tempo porque a ideia deles é voltar mal o conflito termine. Queremos dar as melhores soluções e as melhores condições para que as crianças e a suas famílias consigam, durante o tempo que estiverem cá em Guimarães, sentirem-se o mais possível em casa”, referiu Adriana Castro em entrevista ao Mais Guimarães.

Apesar dos esforços, tanto para acolher cidadãos como para enviar-lhes bens essenciais, há sempre dificuldades que se atravessam no caminho e “as coisas nem sempre são tão lineares como gostávamos que fossem”. Adriana Castro destaca as “dificuldades de transporte, a burocracia e o próprio conhecimento dos procedimentos”. Ainda assim, destaca que “o importante é ajudar e com boa vontade ultrapassar as dificuldades”.

E se, à primeira vista, o idioma pode parecer um dos principais entraves, no Guimagym têm sido exatamente o contrário. O facto de Adriana Castro falar fluentemente russo permite com que o contacto com as mães e ginastas seja facilitado. Os treinos das ginastas foram retomados logo nos primeiros dias depois de chegarem à cidade, permitindo até que integrassem a atuação da Guimagym no Portugal – Suíça, jogo de apuramento para o Campeonato do Mundo, que aconteceu no passado dia 17 de março.

A onda de solidariedade criada na própria instituição tem impressionado pela grande generosidade. Na verdade, as doações dos pais do Guimagym já permitiram encher várias carrinhas de bens de primeira necessidade e houve até alguns bilhetes de avião pagos pelos próprios, permitiram a chegada de mais refugiados, bem como a disponibilização de alojamento. Mas também quem acaba de chegar precisa de apoio e, por isso mesmo, alguma parte das coisas angariadas são distribuídas pelas famílias recém-chegadas para que tenham um melhor início de vida.

Shahlo é um dos exemplos de superação que o Mais Guimarães teve oportunidade de conhecer. Natural de Kiev, chegou à cidade berço com a sua filha de 11 anos, que se sagrou campeã de ginástica no passado precisamente em Guimarães. Apesar de já conhecerem a cidade, é toda uma vida começada do zero.

Médica venerodermatologista de profissão, Shahlo trabalhava num centro de investigação de pulmonologia, num instituto onde são estudadas e tratadas doenças com complicações dos pulmões. O seu marido, médico cirurgião, continua em Kiev, a desempenhar funções no bloco operatório de um hospital local.

Em declarações ao Mais Guimarães, Shahlo explicou que saiu da cidade no segundo dia de guerra e “foi uma viagem muito longa de sete dias até chegar a Portugal”.

Enquanto cidadã ucraniana, Shahlo admite que não esperava que “a guerra fosse tão longe”. “Saímos no primeiro dia da guerra para uma aldeia a 20 quilómetros de Kiev e pensamos esperar por um tempo que tudo acabasse. Continuaram os bombardeamentos e os aviões sempre a passar e nós decidimos que não era seguro ficar. Durante a viagem passamos por várias cidades que estavam a ser bombardeadas e percebemos que tínhamos mesmo de sair o mais rapidamente possível”.

Relativamente à chegada à cidade berço, Shahlo refere que todos foram “recebidos com muito amor e com muita atenção. Recebemos muita ajuda, ao nível do alojamento, da alimentação, do transporte”, referiu agradecendo todos os que ajudaram a que “quer os adultos, quer as crianças, estejam em segurança, longe da guerra”.

Shahlo não descarta a possibilidade de ficar em Portugal mesmo depois de terminar o conflito na Ucrânia. “Tudo depende das da minha filha, se ela estiver bem e a evoluir do ponto de vista profissional e da língua, se conseguir adaptar-se à escola e estudar bem, podemos ficar cá. O vosso país e fantástico. Nós não temos planos a longo prazo, mas gostamos muito de estar cá e de como estamos a ser recebidos. Se tudo correr bem com a aprendizagem da língua, eu acho que poderá ser uma boa perspetiva”, finalizou.

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