Sobram vacinas da gripe nos centros de saúde

Os utentes estão a ser convidados a tomar a vacina, mesmo os que não pertencem aos grupos que têm acesso gratuito, para evitar o desperdício das vacinas.

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Os Centros de Saúde e as Unidades de Saúde Familiar (USF) do ACES do Alto Ave têm ainda muitas vacinas da gripe disponíveis. Os utentes estão a ser convidados a tomar a vacina, mesmo os que não pertencem aos grupos que têm acesso gratuito, para evitar o desperdício das vacinas.

No princípio de novembro os Centros de Saúde estavam não tinham vacinas da gripe em stock. As pessoas que, tendo direito à vacina gratuita, procuravam os serviços, voltavam para casa sem ela. A ARS Norte enviou uma comunicação oficial para os centros de saúde explicando que “as 112.386 doses de vacina da gripe que falta entregar, só serão entregues, nos armazéns centrais da ARS Norte, a partir do próximo dia 30 de novembro”.

Nesta altura, os Centros de Saúde começaram a remarcar os utentes que já estavam agendados por falta de vacinas disponíveis para cumprir o plano nas datas previstas. Os médicos deixaram de fazer a “vacina oportunista”, ou seja, vacinar os doentes de risco – como diabéticos ou hipertensos – quando eles comparecem nas unidades de saúde por outras razões.

Por esta altura havia muitas reclamações relativamente aos profissionais dos cuidados de saúde primários, principalmente dos enfermeiros, o grupo mais ligado à vacinação. “Os utentes ficam a pensar que nós estamos a privilegiar certas pessoas, porque o Governo disse que ia haver vacinas para toda a gente e depois faltaram”, queixa-se uma enfermeira de uma Unidade de Saúde Familiar de Guimarães. A relação com os utentes degradou-se com esta situação, comenta outra enfermeira.

A campanha de vacinação do SNS arrancou em 28 de setembro, com uma primeira fase que incluía apenas as faixas da população consideradas prioritárias, como residentes em lares de idosos, grávidas e profissionais de saúde e do setor social que prestam cuidados.

Na segunda fase, que começou a 19 de outubro, a vacina passou a ser também administrada a pessoas com 65 ou mais anos e pessoas com doenças crónicas.

Nesta campanha, foram envolvidas também as farmácias que, além das 500 mil doses que encomendaram, tiveram direito a 150 mil doses fornecidas pelo Serviço Nacional de Saúde. A chegada destas doses às farmácias, porém, ficou dependente da adesão das Câmaras Municipais ao programa “Vacinação SNS Local”, que responsabilizava as autarquias pelo pagamento às farmácias de 2,5 euros por cada inoculação. A Câmara Municipal de Guimarães foi uma das que aderiu a este programa, pelo que foi possível aos vimaranenses ter acesso à vacina nas farmácias aderentes, enquanto as houve.

Para ser vacinado nas farmácias não era necessária receita médica, logo que o utente que solicitasse a vacina cumprisse os requisitos emanados pela DGS para a campanha.

As farmácias tinham, tudo a ganhar em vacinar o maior número de pessoas possível, uma vez que estavam a ser pagas para o fazer. Para o Estado, contudo, era diferente, uma vez que o serviço prestado nas farmácias tinha um custo acrescido. Embora as farmácias também se tenham queixado da falta de disponibilidade de vacinas para satisfazerem a procura, houve pessoas que estavam agendadas nos Centros de Saúde e que acabaram por ser vacinadas nas farmácias. Esta situação criou uma confusão no SNS, de tal forma que agora sobram vacinas nos frigoríficos das unidades de cuidados de saúde primários.

O que aconteceu, no princípio de novembro, quando as vacinas faltaram nos Centros de Saúde, em Guimarães e um pouco por todo o país, é que as pessoas correram às farmácias. Do ponto de vista do utente era indiferente se a era vacinado no SNS ou na farmácia, para os que pertenciam aos grupos determinados, ela era grátis em qualquer dos casos.

Quando os profissionais do SNS começaram a remarcar os utentes para quem tinham faltado vacinas, verificaram que muitos desses utentes já tinham sido vacinados nas farmácias. “É natural, as pessoas querem vacinar-se o quanto antes. Não querem ser vacinadas só em dezembro”, comenta um médico que não quer ser identificado.

Em janeiro, há USF, em Guimarães, com centenas de vacinas paradas nos frigoríficos, sem que haja procura. No princípio de dezembro, em algumas USF a vacina já estava a ser oferecida de forma gratuita a toda a população (mesmo a quem não pertencesse aos grupos determinados pela DGS), como forma de escoar as vacinas. O prazo das vacinas termina em junho de 2021 e, de qualquer forma, as vacinas de um ano são diferentes das do seguinte, pelo que as que sobrarem vão para o lixo.

A 9 de dezembro, já o ACES do Alto Ave enviava uma mensagem de correio eletrónico às unidades e “sensibilizar” para evitar o desperdício de vacinas da gripe. Neste documento, era pedido aos profissionais para “aproveitarem todas as oportunidades para vacinar, sem prejuízo da possibilidade de alargamento da vacinação gratuita a outros grupos de risco clínico e a população em geral”.

“É verdade, os portugueses foram enganados. Já reconheci isso”, afirmou o Presidente da República, em entrevista à TVI, a 21 de dezembro, falando sobre a falta de vacinas da gripe. Na mesma altura, havia portugueses a serem vacinados no SNS gratuitamente, sem fazerem parte dos grupos determinados pela DGS, apenas porque sobravam vacinas

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