Taipas Turitermas: Temporada 3 Episódio 1

Por Tiago LaranjeiroOs vereadores do Partido Socialista aprovaram esta semana […]

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Por Tiago LaranjeiroOs vereadores do Partido Socialista aprovaram esta semana a aquisição, por parte da Câmara Municipal, do polidesportivo e do parque de campismo que pertencem à régie-cooperativa Taipas Turitermas, por 2 milhões de euros. Esta aquisição é justificada pelo “serviço de dívida avultado” da Taipas Turitermas, desde que procedeu à requalificação do edifício dos Banhos Novos.

Há aqui algo que soa estranho, não há?

Comecemos pelo princípio: o que é a Taipas Turitermas? É uma régie-cooperativa (como a Oficina e a Tempo Livre), criada para promover o termalismo na vila de Caldas das Taipas.

A Taipas Turitermas “renasceu” em 2015, com a inauguração do requalificado edifício dos Banhos Novos. Esse edifício permitiu-lhe melhorar a sua oferta de serviços de saúde (tem hoje uma grande clínica privada), que viu desde esse ano as suas vendas e prestações de serviços mais do que duplicarem até próximo de 1,4 milhões de euros em 2019.

Em 2017 a Taipas Turitermas constrói um belo mas disfuncional polidesportivo e novas instalações de apoio ao parque de campismo, dinamizando por essa via uma nova vertente da sua atividade: a promoção desportiva. Ao mesmo tempo, a régie-cooperativa tem uma programação cultural regular, com concertos e outras atividades.

Tornou-se, assim, uma espécie de “empresa multifunções”, com respostas em todas as áreas, muitas delas em concorrência com privados (nomeadamente na área da saúde) e públicos (na área do desporto com a Tempo Livre e da cultura com a Oficina), mas circunscrita na sua atividade à vila de Caldas das Taipas. Mas com graves problemas internos, como foram sendo relatados nos últimos anos pelo seu diretor executivo, Hélder Pereira, demitido depois de expor publicamente os problemas que via na instituição.

Para financiar toda esta expansão, a Taipas Turitermas recorreu a financiamentos externos, um misto de financiamentos comunitários e empréstimos bancários. Só que nem a sua atividade crescente era suficiente para suportar a expansão. A partir de 2018, o Município começou a dar uma mão, com o lançamento de contratos-programa para financiar a atividade desta régie-cooperativa. Na prática, para ajudar a suportar financeiramente a expansão da atividade que acima se relata.

Pelo que agora se sabe, nem esse financiamento (que ascendeu a qualquer coisa como 1,5 milhões de euros entre 2018 e 2021) foi suficiente para resolver os problemas, pelo que a Taipas Turitermas se vê agora obrigada a vender ao seu principal “acionista” dois equipamentos, para assim sobreviver.

Agora, Caro Leitor, peço-lhe o favor de reler os parágrafos anteriores atendendo ao calendário político autárquico. Até 2017, a Junta de Freguesia de Caldas das Taipas era presidida por Constantino Veiga, eleito pela coligação Juntos por Guimarães. A Junta de Freguesia vivia “estrangulada” financeiramente pela Câmara Municipal, que não concedia à Junta mais que os financiamentos obrigatórios por lei. E à frente da Taipas Turitermas estava o então vereador Ricardo Costa.

E dá-se a oportuna coincidência de as obras e benfeitorias que a Taipas Turitermas fez à vila das Taipas terem sido concluídas entre 2015 e 2017, os últimos três anos de mandato de Constantino Veiga, impedido de se recandidatar por limitação de mandatos. Ficava assim “subliminarmente evidente” que, com outros protagonistas, seria possível à vila das Taipas ter o investimento de que carecia…

E assim foi: o PS conquistou a Junta de Freguesia mudou de cor em 2017.

Mas… Parece haver algo mais… O momento escolhido para executar esta operação de compra pelo Município dos equipamentos à Taipas Turitermas também não parece inocente…

Porque, dentro de sensivelmente três meses, o PS terá eleições internas. Ricardo Costa, que construiu ao longo dos anos uma imagem de gestor público visionário e reformista é agora o “outsider”, que desafia no partido o poder que governa a Câmara, representado na candidatura da vereadora Sofia Ferreira. E outra mensagem “subliminarmente evidente”: no fim de contas, é o poder de Santa Clara que precisa de vir a terreiro “pagar a fatura” da gestão de Ricardo Costa.

Um “jogo político” que, somando as partes, já custa ao Município 3,5 milhões de euros… Já dava para produzir uma grande série televisiva! E tudo isto junto lembra-me aquela frase que encerrava os episódios de Dragon Ball na minha infância: “não percam o próximo episódio porque nós… também não”!

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