Tiago Castro foi alvo de burla: Paga um crédito de 500 euros por um carro que não tem
Tiago Castro calou a mágoa e a revolta durante cinco anos. Na verdade, tentou não alimentar um assunto que o mói, que o incomoda, e que o vai acompanhar ao longo da vida.
Corria o ano 2019, tinha 23 anos e com uma carreira sólida no futebol. Fez formação no Vitória e no Sporting, passou também pelo Vitória de Setúbal, e foi aqui, nesta fase, que tudo se deu. Resolveu trocar de carro e iniciou o processo, num stand automóvel, em Sande S. Martinho, Guimarães.
Foi aí que surgiu alguém que tinha para vender um Mercedes, viatura que acabou por agradar a Tiago que, com intermediação do dono do stand, avançou para o negócio. Deu à troca o seu BMW, com valor comercial de 8 mil euros, e contraiu um crédito para cobrir os restantes 27 mil que teria de pagar pela nova viatura.
Disse ao Mais Guimarães que o contrato de compra e venda foi assinado, sendo que, como é normal nestes negócios, algumas semanas depois, o registo de propriedade transitou do nome do antigo dono, para o de Tiago Castro.
Até aqui, tudo certo. O pesadelo veio depois. No final de 2020, mais de um ano após a compra do novo automóvel, a polícia bateu-lhe à porta, com um mandado de apreensão da viatura. “Tinha muitas dúvidas, muitas perguntas na minha cabeça sobre o que se tinha passado e porquê a mim”? Tiago estava certo de que o negócio que tinha feito, era limpo, até porque foi-lhe apresentado pelo dono do Mercedes, “um Documento Único Automóvel sem qualquer reserva de propriedade”. Numa primeira instância e logo após o sucedido, conta Tiago Castro que o antigo dono do Mercedes se prontificou a limpar a situação, mas o tempo foi passando, e nada aconteceu.
Ou melhor, aconteceu. Recebeu uma encomenda de uma empresa de recuperação de ativos a devolver as matrículas do carro e a informar que o Mercedes havia sido repatriado para França, país que mandou apreender a viatura num processo judicial interposto pela Mercedes.
Na prática, a viatura havia sido adquirida naquele país, através de um crédito à marca, por uma empresa designada de “Sunrise Productions”, de Paris, da qual era gerente o vendedor do Mercedes.
O jovem ficou sem o carro antigo e sem o Mercedes que adquiriu. Mais 500 euros de prestações mensais, um crédito que acaba de pagar apenas em julho de 2026, que contraiu para conseguir um bem, mas não o tem.
“Tentei durante muito tempo procurar respostas e acordar deste pesadelo, porque só queria que não fosse verdade”
Um tema difícil de digerir. Principalmente por parte da mãe, que ficou abalada com a situação e resolveu divulgar o caso à TVI. Se por um lado, há a missão de alertar, por outro há a vontade de Tiago Castro esquecer o assunto. “Estava a lidar melhor até ser entrevistado, porque tudo aquilo que vivi, voltou a assolar-me, parece que foi ontem”, disse ao Mais Guimarães.
“Tentei durante muito tempo procurar respostas e acordar deste pesadelo, porque só queria que não fosse verdade, até que me mentalizei que só me restava pagar. Quis desligar-me, sabendo que todos os meses me iam sair 500 euros da conta”, disse ainda.
Tomou a atitude de apelar para que, em casa, com a família, o tema não fosse assunto: “A minha mãe, principalmente, estava a entrar numa espiral muito negativa ao ver-me assim. Estava a ser muito difícil para mim, mas tentava sempre suavizar, eu estava bem, só tinha de pagar um crédito. Mas por dentro, tinha de gerir a frustração”.
Atualmente, Tiago Castro alinha no Lusitanos, clube fundado por portugueses, nos subúrbios de Paris, em França. Decidiu emigrar depois de rescindir contrato com o Vitória de Setúbal, e de uma breve passagem de quatro meses pela União de Leiria. “Entrou a pandemia, depois estive sete meses sem clube e consegui ativar moratórias do crédito. E decidi emigrar, estou aqui há três anos, e estou a pagar 500 euros por algo que me esforcei e trabalhei para ter, mas que não tenho. Tirar-me o carro das mãos foi quase como tirar um brinquedo a uma criança”.
“Há cinco anos que está o processo em investigação, não percebo, andam os bandidos na rua tanto tempo a burlar pessoas”
E o stand? Questionámos. “O stand mal fiquei sem o carro fechou, apresentei uma queixa crime contra o stand, porque deixei o meu carro antigo ali. [Tanto o vendedor do automóvel, como o responsável do stand] podem estar ligados, mas ninguém tem nada nos próprios nomes. E depois de andar com o processo, percebemos que [o proprietário do stand] tem mais ações em tribunal”. “Não falei com ele, o meu pai chegou a falar, mas, claro, ele jurou que não sabia de nada, depois mais tarde já dizia que dava informações sobre os culpados, depois já disse que conhecia o vendedor do Mercedes”, afirmou Tiago ao Mais Guimarães.
Em tribunal, os alegados envolvidos “optaram pelo silêncio”. “Há cinco anos que está o processo em investigação, não percebo, andam os bandidos na rua tanto tempo a burlar pessoas”. Até agora, a justiça não decretou culpados, o caso está em fase de processo.
Tiago Castro aceitou falar ao Mais Guimarães, em esforço, porque está longe de ultrapassar o trauma, para alertar as pessoas. “É importante que as pessoas saibam que isto pode acontecer. Aconteceu a mim, não tenho vergonha de assumir. Estou longe, tento desligar um pouco da realidade e foco-me no trabalho para conseguir cumprir com as minhas responsabilidades”.
Tiago está com 28 anos, tem a vida marcada por este episódio. Sabe que, o maior conforto que pode ter não é recuperar o dinheiro porque “o mais certo, é que isso não venha a acontecer”, mas sim a condenação dos culpados.
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