Um país à beira do colapso

Por Rui Armindo Freitas.

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por Rui Armindo Freitas
Economista e Gestor de EmpresasNas últimas semanas temos sido sistematicamente confrontados com notícias que nos dão nota de uma falência da administração pública cada vez mais iminente. Ora nos é apresentado o caos à chegada ao aeroporto de Lisboa, ora são as Urgências dos hospitais em rutura. Ora são dezenas de milhares de alunos que chegaram a Abril sem professor a pelo menos uma disciplina, ora são as greves nos transportes, das quais a CP assume um lugar de destaque. Quem me conhece sabe que apesar de não ser o maior entusiasta da gestão pública em sectores que podem, a meu ver, ficar entregues à gestão privada ou em complementaridade, outros sectores deverão, pela sua relevância ter sempre uma presença do Estado, para garantir a sua universalidade, nos casos em que se justifique. Assim, o estado a que o Estado chegou hoje, não é de espantar, é fruto de opções políticas e de formas de gerir sem estratégia, com foco eleitoralista e sem as devidas reformas estruturais. Bem vistas as coisas, ou temos os piores profissionais do mundo em todos estes sectores, seja na tarefa mais simples que executam à mais complexa, ou a gestão política tem empurrado a administração pública para o estado actual. Sabemos bem do valor dos nossos médicos, enfermeiros e todo o pessoal auxiliar, sabemos bem como se superam para garantir um dia a dia relativamente normal para quem recorre ao SNS. Imaginamos que os funcionários dos aeroportos não serão todos incompetentes, assim como sabemos do valor dos nossos professores aos quais estamos gratos pela dedicação ao futuro do nosso país. Quem frequenta repartições de finanças, registos e outros serviços públicos, muitas vezes espanta-se como em condições de quase decomposição do material que é colocado à disposição dos seus funcionários, grande parte deles, ainda assim, consegue ter um sorriso na cara para atender o próximo cliente, que antes de ser atendido já vem a reclamar com a espera por que passou. De facto, ou toda esta gente é incompetente, o que está longe de ser verdade, ou atentemos à única coisa que têm em comum…o patrão. Um patrão socialista, pouco preocupado com o investimento público, que andou anos a alimentar uma geringonça gerando ainda mais despesa, que paga retirando competitividade a uma sociedade, quer sobre a forma da asfixia fiscal, quer sobre a forma acima descrita de um Estado em ruptura. Todos percebemos, no sector privado, que temos alturas de pico, mas não é exigível viver em pico, sob pena do pico ser a normalidade, e quando o novo pico chega, é sob a forma de caos. Mas o Governo de Costa vai-nos gerindo, de caos em caos, com mais ou menos habilidade mediática, até ao momento em que tudo isto ruirá. Sem reformas estruturais no sector público, será impossível ter uma sociedade livre e dinâmica, que permita aos jovens sonhar. Sem reformas estruturais na administração pública será impossível ter uma economia vibrante e competitiva. Não podemos esquecer, que por trás dos números estão pessoas, que por trás de uma espera de um utente nas finanças está um trabalhador que perdeu uma manhã. Por trás de uma ruptura num hospital, está um pai que perdeu uma noite sem saber onde nasce o seu filho. Por trás de um aluno sem professor atribuído está um adolescente com a sua formação futura posta em risco. Por trás de mais um comboio que não faz o seu percurso está um empreendedor que viu o sonho por concretizar. É esta entropia, que se estende a toda a sociedade, onde um estado tentacular abdica de complementaridade pública/privada, por estar mais preocupado na natureza da propriedade do serviço, do que com a qualidade do serviço ao cliente. E a culpa é nossa. Sim, porque o Estado somos todos, porque o Estado é nosso, porque o Estado é a forma como nos organizamos para sermos uma melhor sociedade… Ora se quem nele manda o está a lançar a um abismo, ou muda de vida, ou seremos todos nós a mudá-los de vida a eles.

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