
Por Eliseu Sampaio.
Noticia nesta segunda-feira o Jornal Eco, na sua edição online, que o Banco Central Europeu, liderado por Christine Lagarde, já gastou 385 mil milhões de euros da “bazuca de emergência” o programa de emergência pandémica criado com 750 mil milhões de euros e destinado a comprar dívida pública e privada dos países da Zona Euro até ao fim do ano. Só nos últimos meses, entre junho e julho, foram usados 198,2 mil milhões para comprar dívida. Desses, quase 9 mil milhões foram para adquirir dívida portuguesa.
Isso, 9 Mil milhões de euros, mais de metade dos 15,3 mil milhões previstos para Portugal, resultantes do Fundo de Recuperação acordado.
É uma “uma pipa de massa, quase uma orgia financeira”, disse Durão Barroso, sobre o Programa de Emergência Europeu, numa classificação com adjetivos infelizes, se considerarmos alguns escândalos que têm manchado a utilização dos dinheiros públicos e fundos europeus no nosso país. Uma realidade que nos devia envergonhar a todos e que, por isso, merece a nossa reflexão.
Perante a crise social, económica e financeira que atravessaremos, a gestão de todo este dinheiro deve ser concretizada com um critério original no nosso país, de forma distinta da assumida nos últimos anos, nas últimas décadas até: Com rigor, transparência e visão de futuro.
Assumamos que não serão estes milhões que nos resolverão os graves problemas resultantes da pandemia. Esta “orgia financeira” servirá apenas de analgésico de curta duração, uma pomada milagrosa para aplicarmos no momento certo e nos locais certos, com critério. Se não o fizermos, e se o gastarmos de forma descontrolada, inconsciente, de pouco ou nada nos valerá.
Preocupa-me que, num momento tão delicado como este, num tempo de exceção, esteja todo um país a olhar o mar, com tamanha tempestade em terra.