Vamos queimar gasóleo!
Por Eliseu Samapio.
Por Eliseu Sampaio,
Diretor do Grupo de Comunicação Mais Guimarães
Ouvi o Benjamim ao vivo no último Verão, na Adega do Ermitão, na Penha, no festival vimaranense Vai-m’à Banda, um encontro de música e comida típica, em que somos convidados a percorrer tascas num ambiente descontraído, feliz. É tão feliz que chega a ser inacreditável para o momento singular que atravessamos. O tema “Volkswagem” ficou-me na altura no ouvido. Aquele “Vamos queimar gasóleo, eu meto as mudanças e tu quebras o gelo…”.
Podem estranhar bastante eu colocar estes acordes em pleno momento de pandemia, mas este é mesmo o momento de metermos mudanças e quebrarmos o gelo, fragmentarmos o que solidificou, esfriou nestes dois meses de isolamento.
“À espera de clientes”, esta frase fez capa da edição da semana passada do Jornal Mais Guimarães. Senti, na reabertura dos espaços de restauração, a pesada preocupação dos empresários relativamente à falta de clientes. E se, a falta de turistas estava mais que justificada, pelo cancelamento do trafego aéreo e o fecho das fronteiras, já a ausência dos vimaranenses, dos clientes habituais, dos que enriqueciam o dia-a-dia, fez soar o alarme e desconsolar ainda mais os rostos, ávidos de atividade e aquela “normalidade possível” que expectavam.
Os números são-nos favoráveis. O desconfinamento não fez disparar os casos de contágio da covid-19, como temíamos. Assumindo todas as precauções, que os estabelecimentos adotaram com distinção, saiamos das nossas casas e retomemos as nossas vidas, e a alegria de estarmos em espaço público, a felicidade que tanta falta faz às ruas e praças e que dela falei também neste espaço de reflexão na passada semana.
Diria que os próximos três meses são cruciais para a definição do nosso futuro a médio prazo. Se mantivermos o confinamento e, se os que puderem não dinamizarem a economia local, estaremos a programar um desmesurado desastre mais à frente. Por isso, tenhamos a coragem de sair e de todos juntos, enfrentarmos a pandemia com os cuidados, mas também com determinação e sentimento de entreajuda. E não estaremos a cuidar exclusivamente do futuro dos outros, mas também do nosso, dos nossos, porque a fatura da nossa inação poderá tardar, mas não falhará.
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