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VESPAS ASIÁTICAS OBRIGAM A FECHAR JANELAS EM PONTE

Na Rua Monte do Ínsua, na freguesia de Ponte, há quem não possa abrir as janelas de casa devido à presença de vespas asiáticas.

VESPAS
©  Mafalda Oliveira / Mais Guimarães

Na Rua Monte do Ínsua, na freguesia de Ponte, há quem não possa abrir as janelas de casa devido à presença de vespas asiáticas. A espécie tem vindo a propagar-se por todo o país e Guimarães não é exceção. Até ao momento, foram identificados 947 ninhos. Desses, 279 estão por erradicar. Na mesma rua, os moradores batem-se há anos com o “transtorno” causado pela presença de árvores com cerca de 20 metros.

Designada cientificamente como “vespa velutina”, a espécie foi identificada em Portugal em 2011 e a sua presença tem vindo a aumentar no território nacional ao longo dos últimos anos. Recorde-se que a vespa velutina afeta diversos setores, em particular o da apicultura, mas também o agrícola e o florestal, nomeadamente pela diminuição da quantidade de insetos polinizadores o os efeitos que podem vir a causar na sustentabilidade dos ecossistemas.

Guimarães é exemplo desse mesmo aumento: só em 2019 já foram identificados 947 ninhos de vespas velutinas no concelho. Desses, foram erradicados 668. A propagação da vespa asiática é igualmente evidente quando se olha para os números do concelho em 2018: 756 ninhos de vespas velutinas identificados, dos quais 742 foram erradicados. Em Guimarães, a erradicação de vespas velutinas teve início em 2014 e está a cargo do município. Existe, aliás, uma equipa específica para este fim, com cinco elementos, viatura, e equipamento específico para a cremação dos ninhos.

Na Rua Monte da Ínsua, na freguesia de Ponte, a presença das vespas asiáticas obriga a cuidados redobrados. “Ainda há poucos dias tivemos que matar duas vespas asiáticas dentro de casa”, revelou uma moradora da freguesia ao Mais Guimarães. A vimaranense sinalizou ao município o avistamento de um ninho, contudo, a resposta dada terá sido de que havia mais de 50 pedidos à sua frente.

Na referida rua, que dá acesso ao Centro Escolar de Ponte e à Escola EB 2/3, foram avistadas vespas velutinas também por José Marques, outro dos moradores. “Vejo-as com muita frequência. Não podemos abrir as janelas e, ainda por cima, aqui também passam muitas crianças a caminho da escola”, avisou.

O caso não é isolado e, de acordo com o presidente da Junta de Freguesia de Ponte, Sérgio Castro Rocha, só no último mês foram detetados “mais de uma dúzia de ninhos” na freguesia e os casos foram imediatamente remetidos para a Câmara, “porque é a autarquia que, posteriormente, tem essa competência de diligenciar a sua remoção”, explica. Sérgio Castro Rocha acrescenta ainda que, no ano passado, quando era feita alguma denúncia, “passado dois ou três dias o ninho era removido”. “Dizem-me que têm chegado dezenas e dezenas de denúncias à Câmara Municipal, os serviços não têm mãos a medir e tentam intervir pelo grau de perigosidade. Estão a fazer uma remoção freguesia por freguesia”, conta.

Moradores apelam ao corte de árvores com cerca de 20 metros

É precisamente na Rua Monte da Ínsua que se encontra, frente a frente com os moradores que avistam as vespas asiáticas, um muro de vedação, com cerca de dois metros, propriedade da Quinta da Ribeira. Atrás do muro encontram-se árvores, da espécie cedros, cuja altura varia entre os 15 e os 20 metros e, segundo os moradores, causam “um grande transtorno” e perigo.

O caso remonta a 2012, altura em que os vimaranenses fizeram chegar as suas reivindicações junto da Câmara Municipal, da Junta de Freguesia de Ponte e , posteriormente, da Proteção Civil. “A altura das árvores causa-nos um grande transtorno. Quando está chuva e vento, todas sementes que as árvores largam vêm parar aos nossos telhados. Esse lixo entope as caleiras de escoamento de águas, assim como janelas, portas e espaços privados”, lamenta José Marques.

©  Mafalda Oliveira/Mais Guimarães

Os moradores, que já entregaram um abaixo-assinado na autarquia, alertam igualmente para o perigo de queda de ramos de árvores, o que já terá sucedido por duas vezes.  A viver na mesma rua há quase 40 anos, José Marques destaca que a artéria “é o principal acesso à escola e que, para além disso, passa muita gente a pé. É um perigo público”, lamenta.

A resposta por parte do presidente da Junta de Freguesia de Ponte é que “há determinadas competências que são da Junta e outras são do município. Informamos sempre a Câmara Municipal e sei que esta tem sido diligente, tem notificado o proprietário”, conta. O próprio autarca admite ter receio de uma possível queda de árvores. “Caiu uma árvore no ano passado que, felizmente, não caiu em cima de ninguém, porém, pode cair em cima de uma pessoa, em cima de um carro, provocar danos… Eu já não sei o que hei de fazer mais. O que disse aos moradores é que têm a possibilidade de se insurgirem com uma ação”, avisa.

Sérgio Castro Rocha garante compreender “a angústia” dos moradores e assegura que já tentou resolver o caso, reunindo com os moradores, com a autarquia e com o proprietário da Quinta da Ribeira. “O problema é que basta chover ou estar vento que aquelas árvores, que têm umas sementes que se espalham, acabam por ser perigosas para o transito automóvel e pedonal”, frisa.

Por sua vez, a autarquia vimaranense esclareceu, ao Mais Guimarães, que a última notificação dos serviços, a propósito dos moradores na Rua do Monte da Ínsua, ocorreu no ano transato, solicitando o corte de árvores no terreno da Quinta da Ribeira.  A Câmara assegura ainda ter notificado o proprietário. “A Casa da Ribeira e a respetiva propriedade estão classificadas como unidade de Agro-turismo, tal como a mancha florestal envolvente. Assim, não se aplica a legislação sobre incêndios florestais”, explica. A autarquia esclarece que solicitou o corte dos ramos “que preponderam para o espaço público sobre o arruamento e que tem sido executado”.  O Mais Guimarães tentou contactar o proprietário da Quinta da Ribeira, sem sucesso até à publicação da edição publicada esta quarta-feira, 9 de outubro.

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