DUROS DE PUNHOS

O quartel-general do boxe em Guimarães é por baixo das […]

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O quartel-general do boxe em Guimarães é por baixo das bancadas do estádio do clube da cidade. Ao fim da tarde, três vezes por semana, Alberto Costa espera ali por aqueles que quiserem aprender a arte de lutar com os punhos.

Quem quer conhecer o boxe em Guimarães entra pela porta 11 do Estádio D. Afonso Henriques às segundas, quartas e sextas, a partir das 17h30. Um espaço amplo com um pé direito enorme, a meio da sala há um ringue, o chão está quase todo preenchido por tatami, do lado esquerdo da sala duas filas de sacos pendurados, à entrada do balneário a inevitável balança. No boxe a competição divide-se por categorias de peso, os lutadores procuram estar no limite superior da categoria para terem vantagem, mas sem superar o limite. Esta luta com a balança é muitas vezes o primeiro round dos combates.

Ao fundo da sala, de frente para o espelho, três atletas repetem sequências de movimentos. Fazem, repetem e voltam a fazer. O sucesso no boxe depende de respostas automáticas a estímulos durante o combate, os automatismos adquirem-se por repetição. À primeira vista, o boxe faz-se com as mãos, e é verdade que só se pode atingir o adversário com os punhos, mas se esquecermos as mãos e nos detivermos no jogo de pernas, percebemos que ali está uma boa parte do jogo do boxe. O mestre Alberto Costa aproxima-se de um dos lutadores, coloca-lhe a mão sobre o ombro como quem diz, “toma nota no que te vou dizer”, o outro pára o que está a fazer e olha atento. De longe é impossível ouvir o que é dito, mas percebem-se os movimentos, jab, direto, uma ou duas palavras e depois novamente mais rápido. Os movimentos de Alberto Costa são de tal forma que o corpo dele parece ter sido apurado para fazer aquilo.

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A sala serve o kickboxing e o boxe, e apesar de haver horários separados para as duas modalidades, com a aproximação das competições às vezes há atletas das duas disciplinas a treinar ao mesmo tempo. A turma do Kickboxing do lado direito da sala, os atletas de boxe do lado esquerdo, junto ao saco, perto dos espelhos. Tanta gente dentro de uma sala poderia ser uma grande confusão, se não houvesse disciplina. Aqui não há mais ruido do que o necessário, os impactos das técnicas nos sacos e nos plastrons. Quem chega atrasado pede licença para entrar e explica ao mestre a razão do atraso. Alberto Costa, oito vezes campeão nacional e vencedor de oito taças de Portugal, várias vezes internacional pela selecção afirma, “o desporto é uma escola de vida”.

A secção de boxe do Vitória existe desde 2010, embora muitos atletas já viessem com o mestre desde muito antes disso. São atualmente 80 atletas, em que o mais novo tem 16 anos e o mais velho está bem para lá dos 50, todos homens. “Ao contrário do Kickboxing, em que temos já bastantes mulheres, no boxe ainda não”, diz o mestre. “As pessoas têm uma ideia errada do boxe olímpico, veem o boxe nos filmes e na televisão e pensam que é igual”, explica Alberto Costa. O boxe olímpico disputa-se em três assaltos de três minutos, com um minuto de intervalo, os atletas além das luvas usam capacetes de proteção. Bem diferente do boxe profissional que se disputa em combates com mais assaltos e sem o capacete. Além desta diferença, no boxe profissional os juízes avaliam o domínio do lutador e a quantidade de golpes contundentes, ao passo que no boxe olímpico são contabilizados todos os golpes, independentemente de serem ou não contundentes.

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A grande referência do boxe vitoriano é o lutador António Sousa. Carregado de títulos no kickboxing, Sousa não experimentou o boxe até que uma fratura da tíbia lhe limitou o trabalho de pernas. “O Sousa tinha sido um caso sério no boxe, se tivéssemos começado mais cedo”, diz o Alberto Costa. O lutador do Vitória de Guimarães ganhou todos os combates de boxe olímpico que fez por KO. Este ano o lutador vimaranense tem a possibilidade de combater nos EUA e, se o fizer, será o primeiro português a combater, em profissionais, na categoria de pesados, naquele país. A secção tem ainda outros campeões nacionais como Francisco Oliveira (-91 Kg), Victor Ribeiro (-64 Kg) e Jorge Pinto (-69 Kg), além disso, o boxe vitoriano é campeão regional de seniores consagrados por equipas.

Quem quiser ver de perto os atletas de boxe do Vitória vai no dia 12 de Março, a partir da 16h00, ao Pavilhão do Vitória, ver o Fight Day, gala que reúne combates de boxe durante a tarde e de kickboxing pela noite.

 

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