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AQUELE QUE É O INVENTO

Por César Machado.

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Por César Machado.“Muito Boa Noite, acabou de terminar o debate entre Catarina Martins e André Silva…” assim remata o “moderador” da SIC, ali, em directo…-“. “Acabou de terminar…”. Dir-se-ia, na mesma onda, que, agora que “principiou o início” da campanha eleitoral vem por aí um clima fértil para um certo politiquês, com calinadas de um jargão próprio que nestas épocas são às dúzias.

“Começar por dizer que é um prazer estar aqui para apresentar aquelas que são as nossas ideias….”, coisas destas aparecem em quantidades inauditas, muitas vezes em intervenções escritas, de caso pensado e prosado, mas sobretudo em debates, comícios, intervenções “espontâneas” ou, como agora se diz, em momentos “de proximidade”. E a coisa não dá sinais de melhorar, pelo contrário. Onde foram estes camaradas buscar a mania de iniciar as frase com o verbo no infinito? “Dizer-vos que o que nos move…” E o que andam ali a fazer aquele apêndices “Neste que é o calor desta época estival…? “Vamos dar início a esta que é a grande concentração….”. Esta que é uma coisa sem pés nem cabeça terá iniciado o seu caminho no discurso político, tanto quanto se percebe. Rapidamente foi “conquistada” pelos jornalistas em geral, e quando se trata de falar em directo a acompanhar um acontecimento prolongado, com a necessidade de estar a “encher chouriços” para a câmara, repetindo, repetindo, então aí é um fartote. “Estamos aqui junto daquele que é um incêndio já controlado graças àquilo que foi o esforço dos bombeiros…”. “É com imenso prazer que me encontro nesta que é a freguesia de Selho, São Cristóvão..” Valha-nos São Cristóvão, padroeiro dos motoristas! São Cristóvão, por favor, começar por levar para longe estes vícios funestos que assim maltratam a língua portuguesa, de preferência conduzidos por gente habilitada a transportar matérias perigosas, que isto é um mesmo um perigo para a nossa sanidade mental, como é bom de ver. Onde terão aprendido isto? As pessoas da vida real, normais, não falam assim. Não se vê numa pastelaria um sujeito a dizer à menina “Gosto muito daquelas que são as suas bolas de Berlim…e, já agora, traga-me uma e aquilo que é um galão”. O que está “aquilo” a fazer ali? “Traga-me um galão, sff”, gaita!

Isto anda cheio de inventos. Sim, aqui são mesmo inventos. Os outros, os eventos, esses há muito desapareceram. O “Invento” que temos o gosto de apresentar…bem, esse vai ser difícil de vencer, tal a colossal magnitude da moda. Não faltam inventores. É certo que, como dizia o infindável Fernando Pessoa, “A linguagem fez-se para que nos sirvamos dela, não para que a sirvamos a ela”. Mas, por amor à santa, uma coisa é usar, outra coisa é “delapidar” a sucessivos golpes de cinzel, a ver até onde aguenta a língua e a gramática, tão fustigadas andam.

Há excepções. Se há político que tem introduzido um discurso escorreito, falando como as pessoas, é o líder do PSD, faça-se justiça. Fala sem truques, diz o que lhe vai na alma e o que lhe vem à cabeça. É “autêntico”, diz-se. Respondendo a um jornalista, diz Rui Rio- “Não é, digo-lhe já, função que me entusiasme, ser deputado. Lá estarei, mas…”. Bom, se lá estará a deputado, é porque assume que não vai formar governo, vai perder as eleições. Assim é que é falar, com frontalidade, sem rodeios. Não é muito comum, mas é um estilo que se aprecia.

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